28 dezembro, 2008

A crise na educação

O que eu penso é que os professores - o paradigma do cidadão útil e consciente de uma sociedade – são gente que não protesta sem ter razões muito fortes para o fazer. Uma crise nesta área tem sempre qualquer coisa de suicidário. Não são agentes puramente patológicos de uma sociedade. São sintomas de que há uma crise do tipo de educação que temos. É verdade que tem sempre que existir um mínimo de crise, porque, senão, significa que a educação não se está a pensar a si própria. Desde Maio de 1968 que o lugar de ministro da Educação é o lugar mais horrível que existe…

Eduardo Lourenço, Visão nº 825, 25/12/2008


25 dezembro, 2008

Silent Night

Mais uma cena em sala de aula

Ao que isto chegou... ou ao que deixámos que isto chegasse?
Estamos no Natal ou já chegámos ao Carnaval?

Para ler e ver. Aqui.


17 dezembro, 2008

Prendas de Natal

Já que estamos no Natal, aí estão os presentes do Ministério da Educação.
O Governo aprovou hoje o regime transitório e simplificado do modelo de avaliação docente, o famoso Simplex.
Alguns viram o sapatinho mais recheado. Como convém.
Assim, segundo o Público, os professores que estiverem em condições de pedir a reforma nos próximos três anos serão dispensados da avaliação de desempenho, se assim o quiserem.
Além destes, também os professores contratados pelas escolas para leccionar áreas profissionais, tecnológicas e artísticas, que não estejam integrados em qualquer grupo de recrutamento, poderão igualmente pedir a dispensa da avaliação.

Eu diria que em condições de pedir a reforma estamos todos. Desde já. Bora lá!


Que saudades que eu já tinha

Isto estava a ficar demasiado calmo em termos de legislação...
Eis senão quando... aí estão eles de novo, os despachos... para aquecer as hostes.
Estes dois... e, como não há dois sem três, ainda mais este.

PSL está de volta

A Comissão Política do PSD anunciou hoje que Pedro Santana Lopes será o candidato para Lisboa.
Manuela Ferreira Leite, indicou que os candidatos às câmaras não concorrem para deputados. Ora aqui está uma boa notícia. Finalmente vamos ver-nos livres do PSL.
Marcelo Rebelo de Sousa considera Santana Lopes o melhor candidato. Esquceu-se de dizer que era o melhor candidato para perder.

16 dezembro, 2008

Falha grave de segurança no IE

De acordo com o Público de hoje, uma falha no Internet Explorer permite tomar controlo de um computador e roubar-lhe as senhas, revela a BBC Online. Especialistas aconselham os utilizadores a mudarem de navegador até o problema estar resolvido.
É uma boa oportunidade para migrar para o Firefox.

11 dezembro, 2008

Estratégia para uma vitória pírrica

Na tentativa de fazer passar a sua mensagem, o site do Ministério da Educação tem-se vindo a transformar no Minsitério da propaganda. É uma profusão de informação, ou melhor, de "clarificações", sobre a temática da avaliação dos professores que parece estarmos perante um Ministério da Avaliação e não da Educação. Porque desta já não se fala.

Leia-se o texto "10 mitos sobre a avaliação do desempenho docente" e percebe-se como facilmente se metem no mesmo saco as opiniões e os factos. Bem misturadinhos, que é para confundir ainda mais.

Há que vencer a qualquer preço! Que, pelo que já se percebeu, vai ser elevado.


Dois dedos de música

09 dezembro, 2008

A sala de aula do futuro

A evolução de uma sala de aula em: 2008, 2015, 2025 e 2035.
Simples ficção ou muito mais do que isso?

Para ver aqui.

05 dezembro, 2008

O papel social da escola

Afinal, os professores são dispensáveis.
Para ler no Blasfémias

Os animais salvam o planeta

Parece feito para os mais novos. Mas serve para todas as idades..

Aqui


Debaixo do meu guarda chuva

Revista

Acaba de ser colocado online o segundo número da revista Educação, Formação & Tecnologias.
O aceso pode ser feito a partir daqui.

Praxar a praxe

Já não era sem tempo!
Segundo o Público "O Tribunal da Relação do Porto condenou o Instituto Piaget a pagar uma indemnização de cerca de 40 mil euros a uma aluna vítima de actos de praxe, considerados degradantes e humilhantes".

04 dezembro, 2008

Manual de Ferramentas Web 2.0

Está acessível o Manual de Ferramentas da Web 2.0 para Professores, no endereço da DGIDC.


Perder a face

MLR admitiu hoje no parlamento que está disponível para alterar e até substituir o actual modelo de avaliação dos professores no próximo ano lectivo.
«Uma vez iniciada este ano uma avaliação séria dos professores, estarei totalmente aberta à discussão de alterações a este modelo e até à sua substituição, mas em anos seguintes, não neste».
Isto só prova a sua própria descrença em algo que já não tem pernas para andar.
É o descrédito total, sustentado por uma tonta teimosia.

Para ouvir na TSF

Comentário sonoro de JMF do Público (que parece que também percebeu, finalmente, alguma coisa do que se passa!).


03 dezembro, 2008

O Natal que eu quero

"O Natal que eu quero"
Daniel Sampaio
Público (revista "Pública")
30.10.2008


Ninguém me pediu opinião, eu sei. Na escola é costume não ligar muito ao que pensam os alunos. Mas eu gramo a escola, gosto dos meus amigos e há uma data de professores que até são fixes.Ando no 8.º, tenho bué de disciplinas, algumas não dá para entender. Estudo acompanhado para um gajo de 14 anos? Formação Cívica? Não percebo bem, é uma coisa de 90 minutos por semana em que o stôr, que é o director de turma (nós dizemos DT), está sempre a mandar vir, a dizer para nos portarmos bem. Da Matemática não me apetece falar, o stôr tem pouca pachorra para tirar dúvidas. História é um bocado seca e percebo mal o livro, faço confusão porque não contam a vida dos reis como o meu avô me explicava, por isso estudo para os testes e depois esqueço tudo.Não, não pensem que venho aqui criticar a escola, já disse que gosto de lá andar. O problema é que aquilo anda mesmo esquisito, podem crer. Já o ano passado os stôres andavam às turras com a ministra e apareciam nas aulas chateados, um gajo mandava uma boca e levava logo um sermão, às vezes diziam mesmo para nos queixarmos à ministra, como se chibar fosse coisa que desse jeito. Mas este ano está bem pior: falamos com os professores nos intervalos, "olá, stôr!" e eles andam mesmo tristes, a minha stôra de Inglês, que eu curto bué, diz que está "desmotivada" e que está farta de grelhas de avaliação e de pensar em objectivos. Eu de grelhas não percebo nada e, quanto aos objectivos, os meus são divertir-me uma beca e passar o ano, não quero mesmo ficar para trás porque os meus pais dão-me nas orelhas e fico sem os meus amigos, que é uma das coisas porreiras que a escola tem.Por isso peço a todos que se entendam. Ver os professores aos berros na rua é uma coisa que eu compreendo, têm todo o direito porque nós às vezes também andamos, o problema é que assim ainda há menos gente a preocupar-se connosco. Os nossos pais não têm tempo, andam sempre a trabalhar e ficam descansados porque estamos na escola a aprender e a lutar pelo nosso futuro, mas agora a coisa está preta, os nossos stôres estão cansados, o que é mau para nós: quem nos ajuda quando estamos aflitos? Eu sempre contei com um ou dois dos meus stôres, o ano passado quando me achava um monstro (cheio de borbulhas e a sentir que as miúdas não olhavam para mim) foi a stôra de Português que me chamou no fim da aula e conversou comigo, bastou ela ouvir com atenção e dizer que compreendia o que eu sentia para me sentir muito melhor. E quando o Tavares disse que se ia matar porque a rapariga com quem andava foi vista a curtir com um gajo qualquer, foi o nosso DT que falou com ele e lhe arranjou uma consulta no psicólogo.Não percebo nada da guerra dos professores, só sei que deve ser justa porque eles esforçam-se muito, já pensaram no que é aturar a malta, sobretudo alguns que só querem fazer porcaria, põem-se aos berros nas aulas e não obedecem, às vezes até palavrões dizem para os stôres? Muitos de nós querem aprender, mas o barulho é grande e há muita confusão, há lá gajos, repetentes e isso, que só lá estão porque são obrigados, depois há outros que são de fora e não percebem bem português, outros ainda têm problemas em casa e passam mal, a Vanessa que tem um pai alcoólico e que chora quase todos os dias ainda por cima foi empurrada na aula por um colega que só lá está a armar confusão... o DT disse que nós devíamos ser responsáveis e que tínhamos de acabar com isso, mas eu acho que a ministra devia era dar força aos professores para serem melhores, o meu pai diz que ela às vezes está certa mas eu não concordo, se vejo todos, mesmo todos os stôres da minha escola contra ela devem ter razão, os professores às vezes erram mas são importantes para nós, precisamos de estudar para ver se nos livramos do desemprego, isso é que é verdade!Por isso espalhem este mail, façam forward para quem quiserem. Digam aos que mandam para terminarem com as discussões que já estamos fartos e como na minha escola somos todos contra isso dos ovos (uma estupidez), digam à ministra e aos sindicatos que já chega! Façam uma escola melhor, ajudem os professores a resolver todos os problemas das aulas (ninguém pode fazer isso em vez dos stôres) e arranjem maneira de nós aprendermos mais, para ver se percebemos melhor o mundo e nos safamos, o que está a ser difícil.
Quem quiser dê opinião, o meu mail é brunovanderley@gmail.com, sou do 8.º E da Escola Básica 2/3 do Lá Vai Um.

Convicções

A propósito de convicções, vale apena ler, no Memórias Soltas de Prof, este texto de Rubem Alves

Quizás quizás quizás

Quizás, como canta Nat King Cole.... hoje dia 3 de Dezembro...com os índices de adesão à greve a baterem todos os recordes, estaremos seguramente perante a mãe de todas as batalhas...


02 dezembro, 2008

Greve, pois claro!

Em momento nenhum o Ministério da Educação admitiu que o modelo de avaliação era impraticável. Em momento nenhum reconheceu que errara. Em momento nenhum admitiu que teve que recuar.
Pelo contrário, procurou sempre passar a mensagem de que são as escolas e os professores que complicam o que é simples, e que não sabem aplicar o modelo.
O mesmo sucedeu relativamente ao estatuto dos aluno. A explicação dada, para justificar uma lei mal feita, foi a de que as escolas estavam a interpretar mal.
Esta atitude sistemática de querer passar um atestado de menoridade à classe docente é absolutamente inaceitável.
Se outras razões não houvesse (e todos sabemos que há imensas!) bastaria este tipo de tratamento para justificar a minha opção de amanhã, dia 3/12/2008.
Faço greve, é claro!
E convém dizer que há já muitos anos que não fazia uma greve...

Avaliar a Educação

Maria Regina Rocha opina sobre a avaliação do desempenho dos professores de que se fala, que se tenta implementar, que se altera... e de como ela constitui, no presente, um sério problema do e no sistema educativo.

Vale a pena ler no De Rerum Natura. Aqui.

01 dezembro, 2008

Protecção

Ainda não fui contemplado, ao contrário da maior parte dos meus colegas, com dois e-mails provenientes do Ministério da Educação/DGRHE/DGIDC. Um a convidar-me a preencher os objectivos individuais online; o outro a explicar as alterações entretanto propostas sobre o modelo de avaliação.
Só posso concluir que tenho o meu computador bem protegido contra determinado tipo de Spam. Ainda bem!

A epidemia



Assinala-se hoje, pela vigésima vez em todo o mundo, o Dia Mundial da Sida. Desde então algo tem mudado no modo como as pessoas se relacionam em termos afectivos e sexuais. Mas seguramente não tanto como seria desejável, tal como demonstram os números.
Em Portugal, desde 1983, já foram atingidas mais de 33 mil pessoas.
Notícia no Público.

30 novembro, 2008

Imparável

Tocante ou chocante?

Sob o título "Estou cansada como muitos portugueses estão cansados. Não dramatizo", o Público, na sua edição de 28.11, brindou-nos com uma entrevista à Ministra da Educação, cujo desfecho não resistimos a transcrever:
Garante, contudo, que também tem tido bons momentos. "Muitos." Pede-se-lhe que partilhe um. "Uma carta que recebi de um menino que recebeu um computador para ter em casa, não sei já em que circunstância, e escreveu-me a dizer: 'Quando for grande, vou inscrever-me no PS.' É tocante."

Palavras para quê?

A brincar.... a brincar...

A oeste nada de novo

Ontem, de acordo com o Público, o PS reafirmou o apoio à ministra da Educação e à reforma da avaliação.
Por sua vez o secretário de Estado afirmou que a "esperança" do Governo é que "os sindicatos se sentem à mesa e negoceiem sem condições prévias".
Segundo o JN de hoje, o Governo admite negociar movo modelo.

28 novembro, 2008

Afinal o que é que ainda se vai avaliar?

As alterações propostas pela Ministra ao modelo de avaliação são, apesar de ela ainda não ter tido a humildade de reconhecer, a falência do seu modelo.
Cede-se um pouco em toda a linha. O que fica já nem se percebe muito bem o que é. Seguramente que avaliação do desempenho não é.
Porque, sejamos claros:
· uma coisa é avaliar a qualidade do professor (a competência do professor - teacher competency);
· uma outra é avaliar a qualidade do ensino (o desempenho do professor - teacher performance);
· e uma terceira é avaliar o professor ou o seu ensino por referência aos resultados dos alunos (a eficácia do professor - teacher effectiveness).

. A competência professor refere-se a qualquer conhecimento específico, aptidão, ou posição de valor profissional, cuja posse se crê ser relevante para uma prática de ensino com sucesso. As competências referem-se a coisas específicas que os professores sabem, fazem, ou acreditam mas não aos efeitos destes atributos nos outros. A qualidade do professor aparece sempre referenciada em relação ao reportório de competências que ele possui.

· O desempenho do professor diz respeito ao seu comportamento no trabalho. O desempenho refere-se mais ao que o professor faz do que ao que pode fazer isto é, ao quão competente é. Sendo específico à situação de trabalho, o desempenho depende da competência do docente, do contexto em que o professor trabalha e da sua habilidade para aplicar as competências em qualquer momento. Deste modo, o desempenho aparece associado à qualidade do acto de ensinar.

· A eficácia do professor refere-se ao efeito que o desempenho do professor tem nos alunos. A eficácia depende não só da competência e do desempenho, mas também das respostas dos alunos. Do mesmo modo que a competência não pode predizer o desempenho em diferentes situações, também o desempenho não pode predizer os resultados em situações distintas.

Outros autores acrescentam, a este tríplice enfoque, um outro, que denominam a produtividade do professor (teacher productivity), que distinguem da eficácia. À semelhança desta trata-se de avaliar a contribuição do professor em relação aos ganhos de aprendizagem dos alunos, mas em múltiplas áreas, em todos os cursos ministrados e num espaço de tempo mais lato (vários anos escolares).

As alterações entretanto sugeridas acabaram com a parte do modelo em que havia, de facto, avaliação do desempenho: a observação do professor em sala de aula. Não se fazendo isso, não se pode falar, com rigor, em avaliação do desempenho.

Felizmente, e em boa hora, a questão da eficácia docente ficou, para já, sem efeito (visível nos resultados dos alunos e no abandono escolar). Ainda bem porque isso não é avaliação do desempenho e as variáveis em jogo são muitas.

Depois de tudo isto é caso para perguntarmos: o que é que afinal se vai ainda avaliar?
Pelos vistos, uma mão chão de intenções.... Não havia necessidade (como diria o diácono Remédios)!

O projecto de decreto regulamentar com as alterações que aí vêm pode ser lido aqui.

25 novembro, 2008

Recauchutagem? Não obrigado!

Houve, no tempo devido, oportunidade para o Ministério da Educação sair de face lavada deste imbróglio da avaliação dos professores. Agora é demasiado tarde. Por mais que tente. A teimosia e a falta de visão política levou a um extremar de posições e à separação das águas. O Ministério conduziu este processo de modo tão desastroso que até conseguiu pôr contra ele aqueles que até determinado momento estiveram do seu lado.
A recauchutagem que agora se quer fazer vem demonstrar que o que estava não serve, que não é exequível, por mais malabarismos que se façam. E, se não serve, não vale a pena estar a remendar o que não presta.
Urge (re)construir algo de novo. Partindo do princípio que a grande maioria dos docentes são bons profissionais, e que, portanto, ainda vale a pena melhorar o que já é bom; eventualmente, dar a mão a alguns (talvez não muitos) que dela necessitam; outros (seguramente uma ínfima minoria) terão de ficar pelo caminho.
Mas a pedra de toque aqui é ao serviço de que é que a avaliação está. Ou seja, avaliar para quê? Não é possível misturar modelos de avaliação que visam objectivos tão díspares como a prestação de conta ou a promoção na carreira docente procurando conjugar isso com o desenvolvimento profissional. Não é possível. Os métodos são distintos, assim como os critérios.
Urge, dizíamos, (re)construir algo de novo. De cariz mais formativo e menos sumativo; mais espaçado no tempo; que tenha em conta a (in)experiência profissional de cada um; mais ligado ao trabalho de equipa e de pares; que não aposte em mecanismos burocráticos e de controle; mais ligado ao reconhecimento do mérito e à, eventual, despistagem da incompetência.

Pen USB chega às farmácias

De acordo com a notícia publicada na Exame Informática, o ePCI promete revolucionar a saúde em Portugal. O sistema permite juntar análises, radiografias e diagnósticos num único dispositivo.

Esta pen destina-se ao cidadão comum e é um arquivo confidencial para toda a história do paciente, com eventos clínicos, alertas, receitas médicas e problemas de saúde. A Mobilwave, que criou o dispositivo, afirma que este pode integrar imagens, ecografias, endoscopias, radiografias e outro tipo de ficheiros relacionados com a saúde.

A pen está disponível em 3500 farmácias de todo o país, com um custo de 38 euros e tem 1 GB de armazenamento, podendo ir até aos 8 GB.


O vídeo

24 novembro, 2008

L'important c'est la rose

Gilbert Bécaud

Prémios e cotas

O Ministério da Educação premiou hoje cinco professores. Um com o
Prémio Nacional de Professores e os restantes em quatro categorias de mérito: Carreira, Inovação, Liderança e Integração.
Se estes docentes pertencessem todos à mesma escola e tivessem sido sujeitos ao modelo de avaliação que a Ministra propôs, sucedia que não poderiam ter todos a menção de Excelente, porque as cotas não davam para todos... O que nos leva à conclusão seguinte: Só podem ser professores Excelentes pelo facto de não pertencerem à mesma escola. O que é uma aberração.

23 novembro, 2008

Cavalgar a onda

Segundo o DN de hoje, os sindicatos têm uma proposta para apresentar à Ministra relacionada com a resolução do problema da avaliação para o corrente ano lectivo.
A notícia acrescenta que "o presidente da Fenprof não adianta mais pormenores, uma vez que a proposta a apresentar ainda não foi aprovada por todos os sindicatos da plataforma".
Não terão os professores uma palavra a dizer sobre essa proposta? Porque é que ela não é revelada? Afinal os sindicatos representam alguém ou só se representam a si mesmos? Há aqui um evidente jogo do gato e do rato...

A sensação que os acontecimentos mais recentes nos deixam é que anda demasiada gente a cavalgar esta onda. Servem-se dos professores e das fragilidades e incongruências do nefasto modelo de avaliação para fins muito diversos.

22 novembro, 2008

Personalizar resultados no Google

Os utilizadores do motor de busca Google podem a partir de agora personalizar os resultados das suas pesquisas, graças ao desenvolvimento de uma nova ferramenta, denominada SearchWiki.
Os utilizadores podem retirar alguns resultados e trocá-los por outros que lhe pareçam mais correctos. Sempre que é feita uma alteração os novos resultados daquela pesquisa específica aparecem no browser do utilizador que a fez.

Hillary



Hillary Clinton, a ex-rival de Barack Obama para a corrida à presidência e ex-primeira-dama dos Estados Unidos, aceitou o cargo de Secretária de Estado, dando assim a cara pelo Governo do homem que a venceu dentro do Partido Democrata.

E depois da maré vazar?


E depois da maré vazar?


22.11.2008, São José Almeida, no Público

Todas as boas intenções de Sócrates para o ensino público, se alguma vez existiram, esboroaram-se

A grande dúvida é perceber qual a real dimensão dos danos que provocará a batalha campal que se vive na sector da educação. O problema político de fundo já nem é o de saber quais os danos que esta guerra terá sobre o Governo - esses são públicos, notórios e difíceis de digerir até pelo PS -, é sim o de saber as consequências que ela irá ter sobre a sociedade portuguesa, ou melhor, sobre o ensino público em Portugal.
Desde que entrou no Ministério da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues procurou protagonizar o que foi assumido pelo primeiro-ministro, José Sócrates, como a reforma do ensino público, com o objectivo de não só melhorar, como assegurar o futuro desse mesmo ensino público. Sem tencionar questionar aqui a validade e a verdade dos propósitos dessa promessa, o que é facto é que a atitude intolerante, impositiva e autoritária que a ministra adoptou desde a primeira hora deitou a perder qualquer bondade e mérito que existissem nas intenções do Governo socialista em prol do ensino público.
Durante mais de três anos Maria de Lurdes Rodrigues, com absoluto apoio de José Sócrates, foi esticando a corda, forçando a pressão sobre os professores. Sempre com uma táctica de afronta directa. Sempre insistindo na demagogia de que o mau funcionamento da escola era responsabilidade dos professores. Sempre assumindo um tom de insulto de quem considera que os professores são pessoas mal formadas, que estão de má-fé nas escolas, que escolheram ou aceitaram leccionar apenas para fazerem uma carreira fácil (?), relativamente bem remunerada (?) e que permite estar de papo para o ar (?), gozando a vida.
Quando é sabido que o Ministério da Educação é uma mastodôntica estrutura de poder que envia directivas em cascata para as escolas. Quando é sabido que nada se passa numa escola sem que haja autorização, ordens, licença da 5 de Outubro ou da 24 de Julho. Quando é sabido que o Ministério da Educação é uma espécie de Titanic à beira de se afundar, ingovernável e cheio de pequenos poderes autoritários e de tiranetes patéticos, como já afirmei aqui (PÚBLICO 17/06/2006). Maria de Lurdes Rodrigues achou que podia atirar-se aos professores, como se eles fossem a origem de tudo o que corre mal no mundo da educação, como se fossem bandidos, que é preciso admoestar.
Ou seja, Maria de Lurdes Rodrigues elegeu os professores como bodes expiatórios de um sistema de ensino, apontando-os como uma cambada de preguiçosos e calões, aproveitadores dos dinheiros públicos e que se estão nas tintas para os alunos. E assumiu-se a si como a salvadora do sistema, que ia moralizar a classe docente, impor regras, acabar com a balda da escola pública. Ora, ao fim de três anos, a esquizóide cruzada de Maria de Lurdes Rodrigues resultou naquilo que era previsível. Os professores fartaram-se de ser insultados, fartaram-se de ser tratados como párias. E Maria de Lurdes Rodrigues bateu contra a parede.
Todas as boas intenções de Sócrates para o ensino público, se alguma vez existiram, esboroaram-se no embate da atitude suicidária de Maria de Lurdes Rodrigues contra o muro de mais de cem mil professores em luta. Nenhuma reforma se fará ou será lançada esta legislatura. E a verdade nua e crua é que, mesmo que José Sócrates insista em manter Maria de Lurdes Rodrigues no Ministério da Educação, ela já não é de facto ministra. E não é de facto ministra porque as escolas ignoram-na, os professores não aceitam a sua autoridade e não a respeitam, o país assiste incrédulo ao dilapidar da credibilidade da política por quem a devia dignificar.
É pena que Maria de Lurdes Rodrigues avance na táctica de pescar à linha escolas e interlocutores neste ou naquele sindicato, nesta ou naquela associação de pais, procurando até comprar o silêncio dos alunos com uma alteração menor no Estatuto do Aluno. É pena que Maria de Lurdes Rodrigues dê o dito por não dito e vá abastardando o seu modelo de avaliação, que garantia perfeito, com pequenas alterações tácticas, que não resolvem nada do problema de fundo, só mostram a sua incapacidade para o lugar que ocupa. É pena que o Governo não perceba que não se governa satisfazendo as reivindicações da rua, mas também não se pode governar ignorando o pulsar da rua. É pena que o PS tenha esquecido que é Governo. Como dizia António José Seguro, quando está "em causa a qualidade da escola pública", é certo que "não há lugar para posições inflexíveis".
Quanto à reforma de José Socrátes e do PS para a educação: qual era mesmo o objectivo? Melhorar a escola pública? Era?

O campo de batalha em que se transformou o ensino público trouxe à ribalta um outro protagonista: Mário Nogueira, que lidera a Fenprof e a plataforma de sindicatos de professores e que tem tentado puxar por toda a sua capacidade para se manter a surfar na crista da onda que foi formada pela revolta e indignação de professores na rua.
É importante que ninguém esqueça que não há sindicalismo em parte nenhuma do mundo que consiga o que a atitude sistemática de afronta à dignidade dos professores seguida pela ministra da Educação conseguiu em Portugal: colocar a classe docente na rua com manifestações sucessivas e um calendário de acções reivindicativas que passa pela greve nacional e pelo boicote às notas do primeiro período.
De facto, os sindicatos assinaram um acordo com a ministra e aceitaram um tipo de avaliação que foi lançada e posta a funcionar. Só que os sindicatos não são as escolas. Os sindicatos representam professores, não são os professores. E é evidente em toda esta guerra que os sindicatos foram ultrapassados pela rua. E só resta aos dirigentes sindicais engolir em seco, rasgar o acordo que assinaram e tentar navegar na crista da onda da contestação da rua, sob pena de serem afogados pela voragem da rebentação e acabarem a não representar ninguém. E, por mais que a posição de Mário Nogueira e dos outros dirigentes sindicalistas seja de pura sobrevivência política, é bom que sobrevivam e que o poder negocial não caia de todo na rua. A bem do ensino público e do que restar da escola, quando a maré vazar. Jornalista (sao.jose.almeida@publico.pt)

Estratégias para a cultura em Lisboa

Segundo a vereadora da Cultura, Rosália Vargas, o debate será transversal e abrangerá as mais variadas áreas sociais.
A ideia é olhar a cultura como um trampolim para a liberdade, povoar a cidade com ideias culturais "loucas", aproximar o conhecimento científico do cidadão e apostar no debate de ideias são passos diferentes num mesmo sentido: definir Estratégias para a Cultura de Lisboa, uma iniciativa da autarquia lisboeta, anteontem apresentada nos paços do concelho.
Um projecto onde todos podem participar...

O site do projecto

20 novembro, 2008

Avaliação: simplex ou divisex?

Ora aí estão as primeiras propostas de alteração ao modelo de avaliação. Parece evidente que a saída foi a do passo para a frente. Com alguma cosmética à mistura, pelo que já se percebe, o que aí vem é suficiente para dividir as hostes.
Nada será como dantes a partir de agora. Fechou-se um ciclo.

«Tenho de reconhecer que a forma como estávamos a concretizar a dimensão relativa aos resultados escolares não era confortável, nem razoável, mas excessiva, desajustada e com erros técnicos», disse Maria de Lurdes Rodrigues, em entrevista à RTP. É caso para dizer: Eureka!

As declarações da Ministra

A reacção dos sindicatos

Reunião extraordinária do conselho de ministros

Está a realizar-se esta tarde uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros sobre o processo de avaliação dos professores.
Será que finalmente o governo decidiu parar para analisar o que se está a passar?

Entretanto vai crescendo a lista de escolas que suspenderam a avaliação.
Ver site da Fenprof.

Ler devia ser proibido

19 novembro, 2008

O programinha informático

Retomo do Terrear uma explicitação sobre o e-mail que cada professor está a receber(ainda não chegou a minha vez!)relacionado com o programinha informático destinado a recolher online os objectivos individuais.
O Ministério continua a pescar à linha.

Vamos fazer-lhe um grande manguito!

Bola de neve...

Segundo o Público de hoje, o descontentamento face ao modelo de avaliação do desempenho docente alastrou aos conselhos executivos das escolas.
Em Viseu, os presidentes de 43 conselhos executivos enviaram a Maria de Lurdes Rodrigues um documento em que admitem demitir-se ou pôr o lugar à disposição, caso a ministra insista no actual modelo.

O legalista

Vital Moreira consegue ser mais papista que o papa. Há quem diga que se perfila para suceder a MLR. O seu discurso legalista é também o estertor, de quem não tem outros argumentos para além do "dura lex sed lex". No Público de hoje diz dislates deste calibre:

De resto, o saldo eleitoral desta contenda pode ser neutro ou mesmo positivo, se cada voto perdido entre os professores que não querem ser avaliados for compensado por outros tantos, ou mais, entre os eleitores que pagam a escola pública e querem ver aumentar a sua qualidade e eficiência, não aceitando que as reformas sejam sacrificadas por causa da defesa sectária de interesses profissionais.

Quem viu o passado deste homem..... a volta que ele já deu...

18 novembro, 2008

Ainda (e sempre) as faltas dos alunos

Retomo do Paulo Guinote as palavras da Ministra, em Outubro de 2007:
Acabamos com o anterior conceito de falta justificada ou injustificadas. Há faltas.

O resto da notícia no DN

Oposição exige suspensão da avaliação

Os deputados da oposição na Comissão Parlamentar de Educação e Ciência pediram hoje a suspensão “imediata” do processo de avaliação dos professores, enquanto o PS se mostrou disponível para melhorar o actual modelo.

Notícia no Público

Pesca (à linha) aos objectivos individuais

Ora aqui está, no site da DGRHE, a conversa da treta destinada a pescar os objectivos individuais, através de uma aplicação informática.
Vamos fazer-lhes um grande manguito, não é?

Com o objectivo de apoiar as escolas na implementação do processo de Avaliação do Desempenho dos docentes, a Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação disponibiliza a presente aplicação informática a qual irá sendo preenchida à medida que os agrupamentos e escolas não agrupadas vão estruturando o processo.
A implementação do novo regime de avaliação do desempenho docente tem como um dos seus pilares a definição dos objectivos individuais. Este processo, inicia-se com a apresentação de uma proposta do docente ao avaliador. Nesta aplicação informática, esta área permite a inserção dos objectivos formulados, que podem vir a ser objecto de reformulação. Os objectivos serão posteriormente validados pelo avaliador.

17 novembro, 2008

Menos burocracia?

A Ministra da Educação garantiu hoje que o modelo de avaliação não será suspenso. Mas está disposta a tornar a avaliação menos burocrática.
Quantos papéis a menos? é caso para perguntar.

O som na TSF

Faltas justificadas

Lei 3/2008 - Artigo 22º

2 — Sempre que um aluno, independentemente da natureza das faltas, atinja um número total de faltas correspondente a três semanas no 1.º ciclo do ensino básico, ou ao triplo de tempos lectivos semanais, por disciplina, nos 2.º e 3.º ciclos no ensino básico, no ensino secundário e no ensino recorrente, ou, tratando -se, exclusivamente, de faltas injustificadas, duas semanas no 1.º ciclo do ensino básico ou o dobro de tempos lectivos semanais, por disciplina, nos restantes ciclos e níveis de ensino, deve realizar, logo que avaliados os efeitos da aplicação das medidas correctivas referidas no número anterior, uma prova de recuperação, na disciplina ou disciplinas em que ultrapassou aquele limite, competindo ao conselho pedagógico fixar os termos dessa realização.”
A não aprovação na prova de recuperação pode determinar "o cumprimento de um plano de acompanhamento especial e a consequente realização de uma nova prova", "a retenção" ou "a exclusão do aluno", estabelece o número 3 do artigo 22º.

Não se venha é agora dizer, como se disse, que são as escolas que não sabem interpretar a lei (o pajem Albino Almeida referiu-se à "incapacidade das escolas").

Afinal o despacho que este fim-de-semana foi cozinhado para resolver este imbróglio, vem pôr em causa uma lei...o que por si só é estranho.
Como tal não pode ser um simples esclarecimento como foi dito, porque vem alterar, de modo substantivo, o que estava estabelecido (que era, de facto, uma monstruosidade, acrescente-se!)

Mais uma pedrada no charco

O Conselho de Escolas (CE) votou hoje, por maioria, a suspensão deste modelo de avaliação.
Com esta é que a Ministra não contava, habituada que estava a que o CE fosse a voz do dono.
A notícia no Público.

A burocracia nas escolas (por Zé Carlos)

O humor é, por vezes, e sobretudo quando ridiculariza pelo extremo, uma forma lúcida de dizer verdades.

Matemática




A Conferência internacional sobre Educação deste ano será dedicada ao Ensino da Matemática: Questões e Soluções.

Vários especialistas nacionais e estrangeiros vão estar presentes no auditório 2 da Fundação Gulbenkian, nas próximas segunda e terça-feira, para discutirem as dificuldades e as soluções que se apresentam para um ensino mais eficaz da Matemática. Como refere o Comissário da Conferência, Nuno Crato, na apresentação do tema: “São vários os estudos internacionais que mostram que em países muito desenvolvidos existem dificuldades semelhantes às que existem em Portugal e que o atraso económico ou cultural não explica todas as falhas do sistema de ensino. Mas apesar das condicionantes sociais e culturais, é possível melhorar a educação e as práticas pedagógicas".


Dúvida: Não deveria ser o Ministério da Educação a promover uma iniciativa desta natureza, já que tão preocupado anda com os bons resultados nesta disciplina?

Carta do Sindicato dos Inspectores da Educação

Carta Aberta do

Sindicato dos Inspectores da Educação e do Ensino ao

Senhor Secretário de Estado Adjunto e da Educação

Senhor Secretário de Estado

Não pode deixar de nos preocupar - enquanto inspectores da carreira técnica superior de inspecção da educação - a notícia inserta na página 9 do "Público" de hoje, 11 de Novembro, com o título "Governo não avança para já com processos disciplinares a quem recusar avaliação" - a serem autênticas as declarações que a agência "Lusa" lhe atribui, Senhor Secretário de Estado, e que o jornal transcreve. "O ministério da Educação não fará nada para aplicar esses processos [disciplinares] neste momento", terá dito o Senhor. Mesmo que tenha dito apenas isto, é óbvio que o Senhor Secretário de Estado já disse demais. Ao dizê-lo, faz recair sobre os docentes, ao mesmo tempo, uma ameaça e uma chantagem - e infecta com um acriterioso critério de oportunidade um eventual desencadeamento da acção disciplinar. Como se lhes dissesse: «"neste momento" ainda não vos posso apanhar, mas não esperam pela demora...». Por que é que "neste momento" o Ministério não fará nada?... Porque entende que "neste momento" a acção não é oportuna. E pode a tutela reger-se, nesta matéria, por critérios de oportunidade?... A resposta é: sim, pode. E quais são eles? Bem, as coisas aqui complicam-se, porque a resposta fica eivada de uma fortíssima carga subjectiva, uma vez que, nesta matéria, não estão taxativamente definidos limites que impeçam um elevado grau de discricionariedade. Digamos que, no essencial, mais do que por condicionantes legais, são as condicionantes éticas que devem filtrar a oportunidade do recurso a critérios de oportunidade. E é neste domínio que devem ser apreciadas as suas declarações, Senhor Secretário de Estado. Mesmo na hipótese de comportamentos de docentes poderem configurar infracção dolosa da lei - nada impede que, por critérios de oportunidade ou outros, se decida não agir disciplinarmente sobre eles, agora ou em qualquer altura. A própria lei consagra essa possibilidade. Mas para tal os critérios têm de ser transparentes e publicitáveis, sob pena de - no caso ora em apreço - a oportunidade servir de biombo ao oportunismo e a discricionariedade servir para esconder a arbitrariedade. Em rigor, não estando nós dentro da sua cabeça, não sabemos por que é que o Senhor Secretário de Estado entende que este não é "o momento", mas algo nos diz que este seu juízo de valor se relaciona com o facto de no passado dia 8 terem estado na rua 120.000 professores em protesto contra o Ministério da Educação...Por outro lado, quando e se "o momento" surgir, quem vai fazer o quê? Vão os Senhores Presidentes dos Conselhos Executivos, ou os Senhores Directores Regionais da Educação, ou a Senhora Ministra da Educação, instaurar processos disciplinares às centenas ou aos milhares?... Vamos nós, os Inspectores da Inspecção-Geral da Educação, instruir processos disciplinares às centenas ou aos milhares?... Isto é: vamos tentar resolver(!) pela via da acção disciplinar problemas que possuem a sua raiz claramente fora dela - correndo o risco de instrumentalizar e governamentalizar a Inspecção, sem honra nem glória para nenhuma das partes implicadas e, no limite, com prejuízos para todas elas? Não se pode pedir aos Inspectores da Inspecção-Geral da Educação que retirem do lume as castanhas que outros lá colocaram. Basta de alimentar fantasmas que Professores e Inspectores, e mesmo algumas tutelas, há muito lutam para que desapareçam, particularmente desde o 25 de Abril de 1974! O Senhor Secretário de Estado provavelmente desconhece - e para que o conhecesse bastava que lesse Camões - que uma lei não é justa porque é lei, mas porque é justa, e que o que há de mais permanente na lei é a sua permanente mudança, e que mesmo esta já não muda como "soía", e que, se assim não fosse, o Código do saudoso Hamurabi continuaria em vigor; o Senhor Secretário de Estado, se alguma vez o soube, esqueceu tudo o que leu do sempre presente Henry David Thoreau e da sua "desobediência civil" O que há de doloroso em tudo isto - e ainda mais num Ministério da Educação - é que, no fundo, estamos confrontados com um problema de cultura, ou de falta dela. Perante isto, os critérios de oportunidade, ou as suas declarações, Senhor Secretário de Estado, ou a potencial instrumentalização e governamentalização da Inspecção - tornam-se, a prazo, questões irrelevantes. Mas temos também a obrigação de, no imediato, sabermos lidar com a circunstância, e de compreendermos a gravidade que ela assume. Não questionando a legitimidade dos governos no quadro do Estado de direito democrático, a verdade é que, exactamente por esse quadro, as Inspecções da Educação são inspecções do Estado e não do governo, e não podem deixar de funcionar sob o registo de autonomia legalmente consagrado. Citando aquele que foi o primeiro Inspector-Geral (da então Inspecção-Geral do Ensino), "a Inspecção, isto é, cada Inspector, está condenada/o a ser a consciência crítica do sistema". Entre nós, Inspectores de todas as inspecções da educação, costumamos dizer que, não raramente, andamos "de mal com os homens por amor d'el-rei e de mal com el-rei por amor dos homens". Uma exigência, Senhor Secretário de Estado: os Inspectores da educação querem ser parte da solução, não querem ser parte do problema. O Senhor Secretário de Estado e o Ministério da Educação - o que é que querem?...

Pel'A Direcção do S.I.E.E.

José Calçada

(Presidente)


Porto, Novembro, 11, 2008

Os três poderes


Os três poderes


António Barreto no Público de 16/11/2008

Nas próximas eleições, todos os partidos, com excepção do PS, vão sugerir a revogação das actuais leis da educação.

Duas teimosias. Dois fanatismos. Nos actuais termos, a guerra das escolas não tem saída. Mesmo que esta ministra consiga, pela lei da força, uma qualquer vantagem, terá, a prazo, uma grande derrota. Os professores, de futuro, não farão o que ela hoje pretende. Aliás, muitos já o não fazem. O próximo ministro da educação, até do mesmo partido, terá necessidade de alterar muita coisa e procurar um novo pacto. Se for de outro partido, a primeira coisa que fará será alterar este quadro legal e as práticas que são hoje impostas. Nas próximas eleições, poderá ver-se na campanha e nos respectivos programas: todos, com excepção do PS, vão sugerir a revogação das actuais leis e os mais imaginativos acabarão por propor um novo sistema de avaliação. O próprio PS fará uns "ajustamentos"...
Não se trata apenas de teimosia. Muito menos da força da razão. Há muito mais do que isso. A começar pela ideia de imagem, um dos maiores venenos da política contemporânea. Não se pode perder a face. Não se desiste. Não se devem reconhecer erros maiores. Não é bem visto recuar. A insistência, mesmo no erro, é sinal de carácter. Estes são alguns dos sentimentos que passam pela cabeça dos governantes e dos dirigentes dos sindicatos. Mas há mais. O governo recorda com especial carinho o episódio de Souselas. Já ninguém se lembra, mas Sócrates não esquece. Foi essa história menor da política portuguesa que criou Sócrates e lhe ofereceu um trampolim para o lugar que hoje ocupa. Nunca ceder, ir até ao fim, são imperativos.
Mas a superfície não explica tudo. Estas batalhas não se limitam a estilos e imagens. Está em curso uma luta entre três poderes. Luta verdadeira, de cujo resultado vai depender o futuro da educação e da escola. Quais são esses poderes? Em primeiro lugar, o do ministério (ou do Governo), em tentativa de reforço e consolidação. Segundo, o dos professores, em queda. Terceiro, o da escola, largamente fictício. O Governo quer centralizar ainda mais o sistema educativo, deseja reafirmar o seu poder sobre a escola e sobre os professores e pretende uniformizar regras e critérios. Procura manter as autarquias sob a sua alçada e transformar os professores em verdadeiro regimento fabril ou militar. Entende que, obedientes, as escolas e os professores darão melhor contributo para as suas estatísticas. De passagem, tem outros objectivos, eventualmente mais nobres: poupar dinheiro e obrigar os professores a trabalhar mais.
Os professores, tanto "os movimentos" como os sindicatos, não querem ser esbulhados da enorme parcela de poder que as reformas lhes deram durante as últimas décadas. Como não querem ser obrigados a seguir as ordens regimentais e as enxurradas de directivas que o ministério lhes envia regularmente. Não querem ver as suas carreiras transformadas em função burocrática e automática. Não desejam ser avaliados. Não querem perder os privilégios que os sucessivos governos e as modas pedagógicas lhes conferiram. Não aceitam ser, além de parte interessada, juízes, fiscais e polícias em nome do ministério que abominam. E não querem ser cúmplices desta nova ordem burocrática que se anuncia.
Quanto às escolas, coitadas! Não têm porta-voz, praticamente não existem como instituição. Não cultivam espírito de corpo. Não têm meios. Não têm relações verdadeiras e genuínas com os pais, nem com as comunidades. Não são entidades autónomas, com identidade e carácter. São fortalezas dos professores ou repartições do ministério. Não têm nada a perder com esta guerra, pela simples razão de que nada têm.

A ministra tem algumas razões. Mais trabalho, por parte de alguns que folgam. Um qualquer princípio de avaliação. Poupar recursos e dinheiro. E impedir que todos os professores tenham sempre as classificações de muito bom e excelente, pragas conhecidas em toda a função pública. Mas o Inferno está no pormenor. Como sempre. Os jornais já publicaram mil pormenores sobre o sistema de avaliação, dos formulários às regras e procedimentos. O escárnio é constante. A ministra queixa-se de que o seu sábio sistema foi ridicularizado! É verdade. Mas não merece menos do que isso. Além de absurdo e inútil, este exercício parece uma punição, a fazer lembrar os castigos infligidos, por praxe sádica ou despotismo, nas forças armadas de muitos países. Não é só este sistema que está errado: é o princípio mesmo de uma avaliação centralizada, de âmbito nacional e uniforme.
A avaliação ministerial, burocrática, formal e pseudocientífica é um enorme erro. A grande tradição centralista, integrada e unificada da educação pública em Portugal é responsável pela mediocridade de resultados e pelo desperdício de enormes recursos financeiros vertidos, desde há trinta anos, por cima do sistema, sem resultados proporcionais. É essa tradição que é responsável pela ausência de espírito comunitário nas nossas escolas. Pelo desdém que as autarquias dedicam às escolas. Pela apatia e impotência dos pais. Pelo facto de tantos professores desistirem do orgulho nas suas carreiras e do brio no exercício da sua profissão. É provável que muitos não queiram trabalhar quanto devem ou que tenham outros interesses. Como em todas as profissões. Mas o seu sentimento de dignidade ferida parece genuíno. E é compreensível.

São quase misteriosas as razões pelas quais não se permite que sejam as escolas, os seus directores e os seus conselhos de direcção, ajudados pela comunidade e pelos pais, a avaliar a escola no seu conjunto. E não se deixam os responsáveis das escolas observar e avaliar o desempenho profissional dos docentes. A República, o Estado Novo, a democracia, o socialismo e o comunismo coligam-se facilmente para manter a escola sob o punho do ministério, cuja proverbial incompetência é uma das raras constantes na história do século XX. Entre o ministério e o sindicato, parece haver terra queimada, campo de batalha. Não terão percebido os professores, desta vez, que a autoridade do ministério é o pior que lhes pode acontecer? Apetece dizer que chegou a hora de sair deste impasse, de quebrar a tenaz dos dois fanatismos. Uma visão optimista levar-nos-ia a pensar que, finalmente, os professores perceberam que a autoridade da escola pode ser a solução. Dá vontade de acreditar que este é o momento de deixar de escolher entre a guerra e a peste. Mas a esperança numa solução sensata e num esforço de imaginação criativa, em vésperas de eleições, é uma doença grave. Livremo-nos, ao menos, dessa. Sociólogo

Água mole em pedra dura...

Notícia no site da TSF, no final da manhã de hoje: "Ministério da Educação admite alterar sistema de avaliação dos professores"
Todavia, a Ministra da Educação ainda hoje afirmou que o processo de avaliação está "em curso em todas as escolas". Todos sabemos que isto é mentira! Além disso, reconheceu dificuldades das escolas na aplicação do modelo, prometendo apoios...
Para ouvir na tsf

Sensibilidades

De acordo com os recortes da imprensa de hoje (Jornal Público e Jornal de Notícias) a Ministrada Educação acaba de alterar o estatuto do aluno, voltando a aceitar as faltas justificadas sem ser necessária a realização da prova de recuperação.
Pelos vistos a Ministra é mais sensível aos apelos e às pressões dos alunos e dos pais que dos professores....
Espanta (se calhar não!) também que o energúmeno Albino Almeida venha falar em "incapacidade das escolas" para interpretar a lei. Só de uma cabeça tonta como a dele é que poderia sair um dislate deste calibre.

O principal e o acessório

No Ministério da Educação não deve haver muito que fazer. Por isso, uma das ocupações que agora descobriram foi a leitura, análise e comentário das notícias vindas a público quer em jornais, quer em conferências de imprensa.
A sensação que fica é que se confunde o que é essencial com o que não o é. E quando os números passam a ser a questão prioritária.... algo vai mal no reino da educação...
Sob o título "Fenprof admite que avaliação avança normalmente nas escolas" faz-se uma leitura exaustiva dos recortes da imprensa, que nos dispensamos de comentar, tal é o tom intimidatório que é usado.
Diz-se em determinado momento: "reuniões com votações por braço no ar não suspendem a aplicação de qualquer legislação, no caso a relativa à avaliação docente". A ver vamos se suspendem ou não!
E se, em vez de se ocupar com isto, o Ministério se ocupasse a alterar o que está mal na educação? Que não é nada pouco! (Parece que descobriram agora, que há alterações a fazer no estatuto do aluno. Eureka!).

16 novembro, 2008

Petição para a demissão

Se não vai a bem....

Petição para a demissão da Ministra da Educação. Aqui.

Chantagem

De acordo com o Diário de Notícias de hoje estão na forja novas medidas para obrigar os professores a porem em prática a avaliação, nomeadamente, impedindo o acesso à categoria de professor titular a todos aqueles que se recusarem a pô-la em prática.

E se Obama fosse africano?

E se Obama fosse africano?

por Mia Couto

Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África.

Na noite de 5 de Novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos.

Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de "nosso irmão". E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo.

Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: "E se Obama fosse camaronês?". As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano? São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto.

E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana?

1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente. Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular.

2. Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia.

3. Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes.

O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente "descobriram" que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado 'ilegalmente". Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor.

4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um "não autêntico africano".

O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos "outros", dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?).

5. Se fosse africano, o nosso "irmão" teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada "pureza africana". Para estes moralistas - tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos.

6. Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos. Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos ditadores.

Inconclusivas conclusões

Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte.

Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos.

A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa.

Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes. Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público.

No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de políticos gananciosos.

Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política.

Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo.

Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente.

É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia.

Jornal "SAVANA" - 14 de Novembro de 2008

Os professores

Vasco Pulido Valente no Público (15/11/2008)

(Clicar na imagem para aumentar)


Música anti-stress

15 novembro, 2008

Escola britânica troca livros por documentos electrónicos

Está marcada, para Setembro de 2009, a abertura da escola Hackney City Academy, em Londres, que promete revolucionar os métodos de ensino no Reino Unido.
Esta escola vai dispensar a utilização de livros, que serão substituídos por documentos digitais, que poderão ser acedidos através de um portátil ou telemóvel.

Decididamente... o digital impõe-se cada vez mais.

Traição no mundo virtual acaba em divórcio real

Segundo o jornal Sol, um casal britânico está em processo de divórcio depois de a esposa ter descoberto que o marido tinha uma relação extraconjugal no universo virtual Second Life.
Pelos vistos o virtual tem mais impacto no real do que aquilo que geralmente se supõe...

Bola de neve

Ontem, em Viseu, os representantes dos conselhos executivos de mais de 30 escolas do distrito aprovaram, por unanimidade, um documento em que reclamam a suspensão do actual modelo de avaliação.

Anteontem, foi a vez dos presidentes dos conselhos executivos de 55 das 58 escolas do distrito de Coimbra reclamaram o mesmo.

A onda cresce...

14 novembro, 2008

15 de Novembro

Carta à ministra da Educação sobre a minha incredulidade

Carta à ministra da Educação sobre a minha incredulidade

13.11.2008, Maria do Rosário Queirós

O importante é avaliar a qualquer custo, para dar ao público a ideia de que os professores foram avaliados

Fiz parte dos cerca de 100.000 a 120.000 professores que, pela segunda vez este ano, se manifestaram nas ruas de Lisboa.
Ouvi e li com atenção as suas declarações, durante e após a manifestação, e a minha reacção só pode ser de incredulidade:
- pela forma como pretende fazer passar para a opinião pública a ideia de que estes tantos docentes são uns ignorantes manobrados por estranhas forças ou movidos por desígnios partidários;
- pela forma como diz que os sindicatos estão a incentivar os professores a não cumprir a lei, quando sabe (ou devia saber) que esta questão há muito ultrapassou o domínio dos sindicatos;
- pela forma como diz que a lei tem de ser cumprida, independentemente das suas consequências e efeitos, como se o fim de qualquer política não fosse sempre melhorar as condições de vida das pessoas concretas. As leis, quando são comprovadamente más leis, alteram-se, revogam-se - acontece nas democracias saudáveis;
- pela forma como diz que 20.000 professores já foram avaliados, sem explicar que o foram de um modo formal, redutor e simplista, mas que nada tem a ver com este "polvo" que pretende ver instituído;
- pela forma como transparece que o mais importante é avaliar, a qualquer custo, porque agora o que é relevante é que passe para a opinião pública que os professores foram avaliados;
- pela forma como diz que as escolas estão a trabalhar normalmente, quando sabe (deve saber) que milhares de professores de centenas de escolas suspenderam o processo de avaliação;
- pela forma como diz que os professores avaliados só têm de preencher uma ficha, quando conhece a lei que publicou e sabe que não é assim. O preenchimento dessa ficha é o início de um longo processo de rigor muito duvidoso e que obriga a um dispêndio de energias insustentável;
- pela forma paternalista como diz que compreende o descontentamento dos professores porque têm hoje muito trabalho, quando sabe ou devia saber que muito dele é desqualificado, é um trabalho de amanuense e de secretaria que desvirtua e empobrece a acção profissional;
- pela forma como diz que são as escolas e os órgãos de gestão que complicam, quando sabe que é o modelo em si que induz a essa complicação, a uma fragmentação impossível, resultando na mais completa ineficácia.
- pela forma "conveniente" como se agarra ao "memorando", pretendendo confinar mais uma vez este assunto aos sindicatos, quando agora já não restam dúvidas de que ele os ultrapassa largamente;
- pela forma como coloca como única alternativa desistir, quando sabe (espera-se) que obviamente há outras soluções, certamente melhores e metodologicamente sustentáveis.
- pela forma como tenta passar a mensagem de que os professores não querem ser avaliados, quando sabe que estes são os primeiros a exigir um modelo de avaliação sério;
- pela forma como diz que este modelo de avaliação garante ao país qualidade de ensino, quando todos sentimos que o efeito é a degradação dessa qualidade;
- pela forma como diz que este modelo de avaliação não penaliza nenhum professor, quando sabe que a questão não é essa; esgota-os e, portanto, penaliza os alunos e, portanto, penaliza também a escola pública, não trazendo nenhuma mais-valia ao ensino;
- enfim, pela estranha concepção que tem da democracia participativa e por se arrogar o direito exclusivo de ter razão, contra 120.000 que estão enganados ou não sabem pensar... 120.000 que estão nas escolas todos os dias, que tentam ensinar bem o que sabem; que lutam todos os dias por uma escola pública de qualidade; que resolvem todos os dias questões sociais que a sociedade não resolve; que trabalham aos fins-de-semana, para que os seus alunos não sejam prejudicados; que têm o espírito de missão a que esta profissão obriga; mas que não cedem a chantagens de não progressão na carreira (há quanto tempo não progridem?); que não querem ser cobaias em laboratórios; que estão convictos de que não é assim que se defende uma escola pública de qualidade.
Faço parte de um órgão de gestão. Pus a hipótese de me demitir. Mas não. Não sou eu que tenho que me demitir.

Porto, 9 de Outubro de 2008.
Professora da Escola Secundária Clara de Resende

13 novembro, 2008

Um negócio florescente

As galinhas que se cuidem! Ou começam a pôr mais ovos ou em breve o stock entra em ruptura total, tal está a ser o uso que está a ser dado aos ovos.
Depois da vez da Ministra, em Fafe, hoje foi a vez dos dois Secretários de Estado serem "corridos" à ovada, na Escola Secundária D. Dinis, em Lisboa.
Pelos vistos há aqui um negócio florescente....

A notícia no Público


12 novembro, 2008

Suspender a participação na avaliação

75 professores da Escola Secundária Vitorino Nemésio (Lisboa), decidiram hoje, em reunião geral, suspender a sua participação neste processo de avaliação.
Se outras escolas não houvesse (mas todos sabemos que há!) bastaria esta "aldeia gaulesa" para provar que há quem resista aos romanos, e que é uma enorme mentira a afirmação contida no site do Ministério da Educação de que "O processo de avaliação docente está a avançar em todas as escolas".


O texto da moção que foi aprovada.


Lista de escolas e de moções já aprovadas

MLR pede desculpa aos professores


(que grande dor de cabeça!!!)

A ministra da Educação admitiu hoje que as alterações introduzidas no quotidiano dos professores podem provocar desmotivação e insatisfação, alegando, no entanto, que essas mudanças são necessárias aos pais, às escolas e aos alunos.

"Peço desculpa, peço desculpa aos senhores professores por ter causado tanta desmotivação"

Neste momento, a Ministra é a parte principal do problema. Por isso, já deixou de fazer parte da solução.


A notícia

Quero tudo a que tenho direito

Paulo Guinote na Ops:
Eu quero as minhas aulas assistidas todas, com as checklists todas cheias de cruzinhas. Quero todas as grelhas preenchidas e discutidas, todo o papelinho que conste do portefólio visto, verificado e avaliado. Por muito que goste pessoal e profissionalmente da minha avaliadora. Não é nada de pessoal. É apenas a minha forma de resistir ao disparate. Obrigando a cumpri-lo escrupulosamente. Quero tudo a que tenho direito de acordo com o Decreto Regulamentar 2/2008, nada menos, nada mais.

O artigo todo

É preciso saber ouvir e dialogar

Manuel Alegre na OPs:
Confesso que me chocou profundamente a inflexibilidade da Ministra e o modo como se referiu à manifestação, por ela considerada como forma de intimidação ou chantagem, numa linguagem imprópria de um titular da pasta da educação e incompatível com uma cultura democrática.
(...)
Não se pode reformar a educação tapando os ouvidos aos protestos e às críticas. É preciso saber ouvir e dialogar. É preciso perceber que, mesmo que se tenha uma parte da razão, não é possível ter a razão toda contra tudo e contra todos. Tal não é possível em Democracia.

O artigo todo

A Madeira é um jardim.....

O governo regional da Madeira decidiu administrativamente, por portaria, avaliar com “bom” os professores em exercício no arquipélago.

Jornal Público

Quem semeia ventos...

Ministra da Educação recebida com ovos.
Aconteceu em Fafe. Ler notícia.

O pesadelo burocrático e a desobediência à lei

Testemunho de um professor titular de Filosofia da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, de Portimão.

Público de hoje.

11 novembro, 2008

O abismo

O Abismo, descrito por Fernando Alves. Para ouvir.

10 novembro, 2008

Objectivos individuais

Como é que deve ser tratada a questão dos objectivos individuais, já que funcionam como o referente da avaliação?
Um professor que estabelece 3 objectivos e os cumpre terá uma melhor avaliação do que aquele que estabelece 6 e não cumpre 2? E aquele que estabelece 3 e cumpre 4?
Qual é a pedra de toque nesta matéria: a quantidade, a qualidade ou o grau de cumprimento, a eficácia ou a eficiência?

08 novembro, 2008

De novo na rua para dizer não



Fomos, seguramente, mais de uma centena de milhar a marcar presença em mais uma marcha da indignação.
Para dizer, alto e bom som, um rotundo não a este conjunto de políticas educativas.

Vídeo

Fotografias I

Fotografias II

Cavalgar a onda

Na véspera do dia D, Manuela Ferreira Leite, presidente do PSD, veio defender a suspensão do actual modelo de avaliação dos professores, assim como a aprovação de um novo modelo de avaliação externa e sem quotas administrativas.
Porquê só agora? E isto é mesmo para levar a sério? É uma simples operação de cosmética? O PSD não estará a querer apanhar um comboio que já está em muito bom andamento?
A memória, por vezes, é curta: foi o PSD o autor do sistema que limitava o aceso na carreira a partir do 7º escalão? Não nos esqueçamos disso!

Por sua vez, o antigo ministro da Educação, David Justino, assessor do Presidente da República para as questões sociais, afirmou a sua preocupação em relação ao clima de tensão no sector. “Enquanto transformarmos a educação num campo de batalha, será difícil encontrarmos soluções e um rumo que possa unir as pessoas no sentido de tornar a educação uma educação de excelência".

07 novembro, 2008

Todos à manif!



"Da indignação à exigência: deixem-nos ser professores"

Dia 8 de Novembro
Concentração às 14h30 no Terreiro do Paço

05 novembro, 2008

Avaliação e escolas

No portal do Ministério da Educação pode ler-se o seguinte:
O processo de avaliação docente está a avançar em todas as escolas, de acordo com a informação da Direcção-Geral de Recursos Humanos da Educação.
Trata-se, evidentemente, de uma torpe mentira. Que urge denunciar!

CCAP com novo presidente

Na sequência da aposentação de Conceição Castro Ramos do cargo de presidente do Conselho Científico para a Avaliação de Professores, acaba de ser nomeado Alexandre Ventura, professor auxiliar da Universidade de Aveiro.
Que o cargo lhe seja leve!

Yes, we can



Discurso da vitória:
«Sabemos que nos esperam os maiores desafios de sempre. Duas guerras, um planeta em perigo e a maior crise financeira de sempre...
(...) É o trabalho de refazer a América, tijolo por tijolo, quarteirão por quarteirão."

Um dia histórico.Um novo dia. Um novo continente?

03 novembro, 2008

A turma



“A turma” (Título original: “Entre les Murs”), um filme de Laurent Cantet.
Dia 1 de Novembro de 2008 - Cinema Londres- Sessão das 19 horas.

Laurent Cantet consegue, com este filme, o que se poderia julgar impossível: inquietar toda a gente. Não é só a escola e o sistema educativo que são aqui questionados; é a sociedade no seu todo. Bendita Palma de Ouro que lhe foi atribuída!

Está tudo neste filme: a turma, os alunos, os professores, a escola, o director, a sociedade, a adolescência, o multiculturalismo, a autoridade, a disciplina, a democracia, a insolência, o stress, o vazio, o empenho, a determinação, o colapso, a segregação, o optimismo, etc., etc.

Para quem não faz ideia do que são, hoje em dia, as aulas e do que se passa numa sala de aula este filme é uma lição, pelo sufoco que provoca. Quase que não se consegue respirar, de tal modo o realizador filma “em cima”. Não há grandes ângulos, grandes perspectivas, profundidade de campo.

O papel desempenhado por François, na qualidade de professor, é, simultaneamente, autoritário, permissivo, condescendente, provocador. A tudo isto acresece o seu estilo natural de dar voz a tudo, de deixar voar: não reprime nada, não ignora nada, não excomunga. Integra tudo. Tudo é passível de ser objecto de análise, de trabalho, de discussão (veja-se a questão colocada por Souleymane, sobre a possível homossexualidade do professor). A “matéria” da aula aparece aqui como um pretexto para outras abordagens e, por vezes, é completamente posta de lado, porque há coisas mais importantes para clarificar. Nunca se sabe até onde se pode ir, quais são os limites.

Tudo isto tem um preço, é claro. O professor permite-se uma abertura e uma frontalidade tais que, em determinado momento, cremos que lhe vão custar o lugar (como seja aquela referência ao facto de as alunas representantes da turma se terem comportado “como se fossem umas galdérias”).

A energia que François investe em cada aula é incomensurável. Mas não é evidente a exaustão. Porque não? Pelo facto de lidar com uma única turma? E se fossem 4 ou 5? O que sucederia?

A escola não se alheia à sociedade. A provável expulsão de França da mãe Wei, o jovem chinês, é o momento mais tocante do filme pelas repercussões que tem no brinde da professora grávida. O individual e o social confundem-se aqui. Tudo está ligado.

A insolência dos alunos (pelo menos de alguns) é por demais evidente. Quem está no ramo, conhece bem esta situação. Manter quase 30 adolescentes concentrados, em hora e meia de trabalho, é uma obra ingente. As nossas salas de aulas estão cheias de Esmeraldas, de Khoumbas e de Souleymanes.

O comportamento das 2 alunas representantes da turma na reunião de avaliação é quixotesco. Impressiona a passividade de todos os presentes, face a tão descabidos comportamentos. É um claro sinal de demissão da escola, face a comportamentos desviantes.

A cena em que os alunos discutem a importância/utilidade de terem de aprender o imperfeito do conjuntivo é, por si só, um bom pretexto para questionar o sistema educativo e as aprendizagens que promove. Que competências devem ser promovidas, que aprendizagens devem ser ensinadas? Esta será seguramente uma discussão sempre recorrente.

As duas últimas cenas do filme são paradigmáticas. Numa, uma aluna confessa ao professor que não aprendeu nada e pretende seguir um curso profissional; a outra (a cena derradeira do filme) mostra-nos uma sala vazia, desarrumada, desalinhada. É uma imagem inquietante de um ano de trabalho e da escola. O que ficou de um ano de trabalho, é a questão que o filme deixa em aberto. Mas a imagem que fica nas nossas retinas é de um grande vazio.

Curiosamente o nome original do filme é “Entre les Murs”. São os muros de cada um (do professor, dos alunos, do director, dos vários professores) , são os muros da escola (as imagens do recreio são sempre claustrofóbicas!). Todos estão prisioneiros, encurralados.


As palavras de Fernando Savater ganham aqui todo o sentido:
"Com verdadeiro pessimismo pode-se escrever contra a educação, mas o optimismo é imprescindível para estudá-la... e para exercê-la.
Os pessimistas podem ser bons domadores, mas não bons professores."

Ensino público e privado

José Manuel Fernandes foi sempre um bom defensor da escola privada. Assim como do cheque que, na sua opinião, é devido a quem aí estuda.
No artigo que hoje saiu no Público escreveu o seguinte:
O que os rankings mostram, e muitas das respostas aos inquéritos que enviámos a dezenas de escolas confirmam, é que nas escolas privadas há uma flexibilidade de gestão que não existe nas públicas. De uma forma geral, nestas os resultados obtidos pelos estudantes são melhores não porque escolham os alunos (quem se pode dar a esse luxo?), mas porque os pais que podem tendem a preferir as escolas privadas. Porquê? Porque não confiam nas públicas, não em todas, mas em bastantes. Neste caso "poder" significa "poder pagar", e ao permitir que se estabeleça esta diferenciação entre as escolas públicas e as privadas o ministério está a negar a igualdade de oportunidades. Pior: está a agravar as desigualdades.
A argumentação é torpe e pouco séria. Escolhe as escolas privadas quem pode, isto é quem tem dinheiro para pagar o preço que elas pedem. O que não quer dizer que o ensino seja melhor numa privada que numa pública! O que se garante, à partida, é que uma boa nota está assegurada, isto é, comprada. Deixemo-nos de eufemismos! Há professores que ensinam, simultaneamente, no privado e no público e que têm resultados diferentes. Os alunos são outros, assim como as condições. E quanto a isso não há milagres. Nem preço! O DN de hoje divulga o preço das mensalidades em várias escolas/colégios privados que se situa entre os 500 e os 900 euros (variando conforma a propina, as refeições,os transportes e a inscrição).
O ensino privado não se pode dar ao luxo de ter "ovelhas negras". Corre com elas. No ensino público abundam ovelhas de todas as cores. O sistema está feito para que elas proliferem. Por isso, os resultados não são comparáveis!

02 novembro, 2008

Obama, pois claro!



Aproxima-se o dia D e a incógnita continua: quem vai vencer? Aparentemente Obama tem o triunfo assegurado. Mas, como sabemos, até ao lavar dos cestos é vindima..
Há desfechos cujo resultado parece natural e evidente, mas depois a realidade vem contrariar a evidência. Esperemos que não seja o caso, pois a América bem merece algo diferente. E não mais do mesmo.
Naquela que é considerada por muitos como a maior democracia do mundo, há 5,2 milhões de pessoas que não têm o direito de votar.
Afinal, onde está a democracia?

Milagres

António Barreto no Público de hoje:
Se antes era preciso estudar as causas dos maus resultados em Matemática, agora é urgente estudar as causas do milagre.

01 novembro, 2008

Uma outra reorganização da escola

Júlio Pedrosa, presidente da Conselho Nacional de Educação, um órgão consultivo do Governo, defendeu, uma «diferente» reorganização da escola, com vista a proporcionar uma «maior flexibilidade no uso do recurso de docentes».

Ouvir a notícia:


http://www.tsf.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1035809

Rankings

Sazonalmente, e quase sempre quando o S. Martinho se prepara para nos acalentar o espírito (e que feliz coincidência!), eis que vêm a público os já requentados rankings das escolas.
Este ano, e para não fugir à regra, a saga continua: mais escolas particulares nos primeiros lugares e menos reprovações no ensino básico.
Todos (?) sabemos como é fácil fabricar números. O que dói é como é que ainda há tanta gente a fazer fé neles. Alguns, sabemos que é por interesse próprio, mas outros, senhores... porque lhes dais tanta dor?

8 de Novembro

Pelos vistos o bom-senso imperou. A FENPROF, a APEDE, o MUP e o PROMOVA chegaram a um acordo relativamente à realização de uma única manifestação, no dia 8 de Novembro, de repúdio por este modelo de avaliação.
Lá estaremos, claro!

O DN de hoje fala "guerra à avaliação" em quase cem escolas e do contributo da blogosfera nesta cruzada.
Por sua vez o Público anuncia a suspenção da avaliação nos três maiores colégios da Casa Pia.

31 outubro, 2008

Asfixia

Retomo, do Terrear de Matias Alves,as seguintes palavras:
Sempre pensei e escrevi e disse que este modelo de avaliação de desempenho era impossível (...)
Agora, um número indeterminado de escolas e de docentes vivem na asfixia. Na maldição do tempo. Na invenção de realidades. Na fuga. Na revolta mais ou menos latente. A raiar o esgotamento e a desmotivação. Não serão todas. Mas serão, provavelmente, a maioria.(...)
Salvam-se apenas aquelas (suponho que poucas) escolas que tiveram a inteligência (e alguma ousadia) de colocar os alunos primeiro. De centrarem a acção e o tempo dos professores na tarefa de ensinar e de avaliar o resultado da sua acção profissional. De criarem dispositivos de securização. (...)
O restante texto. Aqui.
Que subscrevo. Completamente.

30 outubro, 2008

Mais contentores não!


LISBOA É DAS PESSOAS. MAIS CONTENTORES NÃO!
Assine a petição.

Online petition - LISBOA É DAS PESSOAS. MAIS CONTENTORES NÃO!

Assim não vale

Luís Sardinha, presidente do Instituto do Desporto de Portugal (IDP), assinou um protocolo no valor de 80 mil euros anuais com a Faculdade de Motricidade Humana (FMH) na área de Exercício e Saúde , Unidade Orgânica de Ensino e Investigação, da qual foi coordenador e onde continua a leccionar como único professor catedrático desse grupo.
A notícia no DN

Burlas na Internet

Segundo o DN de hoje, as burlas em contas online têm tido um aumento exponencial.
O phishing tem sido um dos meios mais utilizados.

24 outubro, 2008

Percalços

"No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra."

Carlos Drumond de Andrade

21 outubro, 2008

112

Segundo o JN, "a ministra da Educação reuniu-se com equipas de apoio à avaliação de desempenho e deu orientações para simplificar os processos".
Chegou o 112.

A pirâmide da avaliação



Como a imagem devidamente documenta, estamos perante uma ingente obra de engenharia. De um engenheiro, do calibre de Sócrates, que outra coisa seria de esperar?
Uma produção de Cecil B. de Mille Folhas.

20 outubro, 2008

Ambientes irrespiráveis

O monstro da avaliação vai, a pouco e pouco, contaminando o ambiente das escolas. Há colegas que são mestres em envenenar o clima que aí se vive. Que começa a ficar irrespirável. Estamos a deixar enredar-nos por este polvo.
Gasta-se, em má língua, uma considerável quantidade de energia que faz falta noutros meios e cruzadas. E que não leva a nada.
Esta onda já não se limita ao espaço escolar. Agora começa também a invadir-nos a casa, através da recente descoberta das virtualidades do e-mail. Limitam-se a reencaminhar e-mails, cujo conteúdo, não dominam, ou não leram, grande parte da vezes (de outro modo compreenderiam que não se pode reencaminhar em Setembro uma posição que foi tomada em Abril). Fazem-no de um modo supostamente cândido e original. Como se fossem os seus autores. Mas o que enviam é sobejamente requentado ou bolorento. Ainda não se aperceberam que se transformaram em carteiros, correias de transmissão e poluidores. Porque nunca ousaram partilhar, por exemplo, a descoberta de um recurso educativo ou a vivência de uma inolvidável experiência pedagógica.
É por tudo isto que há um certo grau de lucidez que é urgente instaurar. De um modo rápido e consistente. Sob pena de ficarmos, em breve, prisioneiros da demência.

Resistir a guerras

Há já algum tempo que em diversos meios, nomeadamente em blogs, se divulga a realização de uma manifestação de professores para o dia 15 de Novembro.
A iniciativa teve e tem um carácter muito antisindical. Isto não que dizer que eu seja adepto daquilo que os sindicatos têm feito em matéria de avaliação do desempenho docente. Bem pelo contrário.
Mas a impressão que se tem é que anda por aí muita gente à procura de protagonismo.
Os sindicatos reagiram convocando uma manifestação para o dia 8, claro.
Abriu-se assim uma guerra que não se sabem muito bem onde vai parar. Os professores serão, uma vez mais, as vítimas.
Até quando vamos continuar a deixar que nos manipulem e se sirvam de nós?