Crispação do princípio ao fim. Foi desta forma que a ministra da Educação se despediu hoje dos deputados nesta legislatura, numa audição parlamentar que serviu para fazer o balanço dos últimos quatro anos, mas em que Maria de Lurdes Rodrigues esteve sempre debaixo do fogo da oposição.
Às críticas, a ministra respondeu que a Educação está hoje melhor do que quando assumiu a pasta, com novas valências na escola, espaços requalificados e um modelo de gestão que envolve de forma mais participada outros parceiros.
O deputado do PCP Miguel Tiago acusou a ministra de responder “sempre com um chorrilho de propaganda política”, no que foi secundado pela deputada não inscrita Luísa Mesquita. A indignação de Ana Drago, do Bloco de Esquerda, levou mesmo o presidente da Comissão de Educação, António José Seguro, a fazer uma pausa nos trabalhos, após a parlamentar questionar a ministra se aceitaria de novo a pasta num futuro governo. A ministra respondeu que tinha mais respeito do que a deputada pelo sistema eleitoral e que primeiro era necessário haver eleições e contar “os votozinhos”.
O PSD também acusou a ministra de não ter respondido “a nada”, enumerando questões como o estatuto do aluno e as provas de recuperação, que classificou como um motivo “de enorme confusão nas escolas”. Para o CDS-PP, o Governo falhou na gestão das escolas. O PS considerou, por seu lado, que as reformas são irreversíveis e que escolas e autarquias têm hoje mais poder de decisão, com a “diminuição do peso do Ministério da Educação”.
A ministra anunciou, ainda, estar em preparação a introdução de um programa de formação para professores titulares, no âmbito da formação contínua dos docentes.
"Aquilo que existe é um trabalho que tem vindo a ser feito há muitos meses com o Conselho Científico (para a Avaliação dos Professores), com a equipa do gabinete do secretário de Estado e até com a equipa que prepara e acompanha as negociações no sentido de se introduzir um programa de formação de professores titulares", disse.
"É uma matéria na qual estamos a trabalhar, mas isso não significa que os professores são incompetentes. Essa conclusão não se pode retirar", declarou a ministra, frisando que a formação contínua existe porque os professores precisam de actualizar conhecimentos, informação e competências. "É por isso que existe toda uma estrutura para a formação contínua de professores, é por isso que existe uma linha de financiamento para essa área de intervenção", disse a governante, sublinhando que estão em causa os professores com mais experiência.
Perante os deputados e fortes críticas da oposição, Maria de Lurdes Rodrigues afirmou que as reformas que se fizeram na Educação correspondem a uma melhoria da escola em muitas vertentes: das refeições ao aumento da Acção Social Escolar, passando pelas actividades de enriquecimento curricular e as novas tecnologias, como o computador Magalhães.
Quase que apetece o escárnio: foi o adeus da virgem...
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