30 junho, 2009

PCP vai obrigar ministra a explicar no Parlamento avaliação para 2009/2010


O PCP anunciou hoje que vai utilizar um pedido de agendamento potestativo para obrigar a ministra da Educação a ir ao Parlamento prestar esclarecimentos sobre a avaliação dos professores, as alterações à carreira docente e o concurso de recrutamento.

O anúncio foi feito hoje à tarde pelo deputado Miguel Tiago durante a reunião da Comissão de Educação e Ciência da Assembleia da República, depois de a maioria socialista ter rejeitado um requerimento do próprio PCP a solicitar a presença de Maria de Lurdes Rodrigues. Toda a oposição tinha votado favoravelmente o requerimento dos comunistas.

Fenprof rompe negociações com Ministério da Educação


A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) anunciou esta terça-feira o abandono das negociações com o Ministério da Educação para revisão do Estatuto da Carreira Docente, manifestando «completo desacordo» com as posições da tutela.

Em comunicado, a Fenprof afirma que já comunicou ao Ministério que não irá à reunião prevista para quarta-feira, na qual "não vê interesse", uma vez que já disse que não concorda com a divisão da carreira docente em duas categorias (professor e professor titular).

A Fenprof acha que já disse "tudo o que pensa" sobre as propostas do governo para o estatuto da carreira dos professores e "reiterando o seu completo desacordo com a divisão da carreira docente em categorias, reafirmou que não vê interesse em estar presente nessa reunião, pelo que não comparecerá".

Ao mesmo tempo, manifesta "inteira disponibilidade" para encontrar soluções que "contribuam para a dignificação e valorização dos educadores e professores".

Para a Fenprof, a terceira versão do projecto de revisão que recebeu do Ministério "introduz soluções que chegam a ser mais negativas que as anteriores".

Luta pelo obscurantismo


Elementos da Plataforma Resistência Nacional começam hoje a distribuir cartas para que, na matrícula dos filhos, os pais não autorizem a frequência das aulas de educação sexual.

“As crianças portuguesas não podem ser cobaias de uma experiência educativa sobre aulas de educação sexual”, refere Artur Mesquita Guimarães, membro da comissão executiva da recém-criada Plataforma Resistência Nacional (PRN).

Contra as aulas de educação sexual na escola, a Plataforma inicia hoje, na Escola Júlio Brandão, em Famalicão, a entrega a pais e encarregados de educação de uma carta/matrícula. O documento, composto por um texto base onde os pais informam a escola de que não autorizam os filhos a participar “em qualquer aula, acção ou aconselhamento relativo a educação sexual”, deve ser assinado e entregue no acto da matricula ou da renovação da matricula de cada aluno.

29 junho, 2009

Bons exemplos


Vinte municípios portugueses, empresas de engenharia, software, distribuição e energia dão hoje um novo passo na construção da rede de mobilidade eléctrica no país, numa cerimónia cujo ponto alto será a apresentação dos postos de carregamento eléctrico desenvolvidos por tecnologia portuguesa e já aptos a colocar no mercado. Os novos postos de carregamento eléctrico de fabrico português são a face mais visível da actividade gerada até agora pelos compromissos assumidos pelo Governo para o desenvolvimento da infra-estrutura básica de alimentação dos veículos verdes. A instalar na via pública, em parques de estacionamento e junto a habitações, os postos foram desenvolvidos por um consórcio formado pela Efacec, pelo centro de engenharia do CEIIA, pela Novabase, Critical Software e EDP Inovação.


Maus exemplos


Organismo responsável pelo observatório que irá controlar derrapagens e concursos contratou portal por ajuste directo à Microsoft.

O Instituto da Construção e Imobiliário (InCI), organismo público que ficou responsável pela execução do Código dos Contratos Públicos, e pela criação de um portal, onde devem ser publicitados todos os ajustes directos e derrapagens, em nome da transparência e do rigor no uso dos dinheiros públicos, não está a conseguir, neste mesmo portal, dar o melhor exemplo. O portal está a ser desenvolvido pela Microsoft, num contrato para o qual não houve concurso público, e onde já há derrapagens.
Segundo o InCI, a elaboração deste portal - que funciona no endereço www.base.gov.pt - foi adjudicada à Microsoft a 27 de Junho de 2008, por "ajuste directo, considerando, à data, a urgência de implementação do portal". Nessa altura, as portarias que regulamentam o portal ainda não tinham sido publicadas e estava-se, então, a um mês e dois dias da entrada em vigor do Código da Contratação Pública.

Detidos funcionários iranianos da embaixada britânica


Oito funcionários iranianos da embaixada britânica no Irão terão ontem sido detidos, acusados de terem tido um papel na violência pós-eleitoral, em que a repressão de protestos causou pelo menos 17 mortos.
O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Miliband, reagiu logo ao que considerou ser "assédio e intimidação" dos funcionários e pediu a sua libertação imediata. A União Europeia fez a mesma exigência.
Este é o último episódio na tensão entre Teerão e Londres: o Irão tinha expulsado na semana passada dois diplomatas britânicos - e a Grã-Bretanha ripostou na mesma moeda.

Ministério admite ter dado informação errada sobre negociações do calendário escolar


O assessor do Ministério da Educação, que a Fenprof acusou sábado de ter mentido, assumiu ontem ter dado uma informação "errada" sobre as negociações do calendário escolar, mas justificou o incidente como um "equívoco".

"Houve um equívoco do gabinete de comunicação do Ministério da Educação no tratamento da informação recebida e que induziu a uma resposta errada, que naturalmente se lamenta", admitiu o assessor Rui Nunes em declarações à agência Lusa.

A Federação Nacional de Professores (Fenprof) acusou sábado o Ministério da Educação de mentir quando afirmou que tinha sido pedido à federação um parecer sobre o calendário escolar e que esta não tinha dado resposta.

28 junho, 2009

Futilidades


28.06.2009, António Barreto Retrato da Semana, no Público

Partidos e comentadores multiplicam-se em reflexões acerca das vantagens e dos inconvenientes das datas das eleições.

É extraordinária a maneira como, entre nós e desde que os partidos políticos entrem em cena, qualquer pequeno problema de menor importância assume rapidamente as dimensões de catástrofe ou de espectro ameaçador. Ou de grande divisor de razões e sentimentos. Agora, foi a vez das datas das eleições. O que já se disse deixa invejoso um escritor de ficção científica! Partidos, comentadores e analistas multiplicam-se em sofisticadas reflexões acerca das vantagens e dos inconvenientes de 27 Setembro e de 4 e 11 Outubro. O nó da questão era a simultaneidade das eleições autárquicas e legislativas. Questão fútil e sem consequências, mas que teve a capacidade de excitar o condomínio fechado em que se transformou a política nacional. A marcação da data, pelo Presidente da República, pôs termo à discussão. Mas o que foi dito, durante semanas, não desapareceu. E revela o modo como se pensa a democracia.

Um conjunto de argumentos põe em relevo as vantagens partidárias. Se os votos forem separados, ganham uns partidos, se forem no mesmo dia, ganham outros. A mesma coisa, ou parecida, se as legislativas se realizarem antes ou depois das autárquicas. Quer isto dizer que ninguém tem legitimidade para preferir uma data ou uma ordem: imediatamente lhe saltam em cima com acusações de interesses ilegítimos e de oportunismo. Quem assim faz esquece-se de que os argumentos são totalmente reversíveis.

Outro argumento é o dos custos. Nem sempre se percebe se estamos a falar de custos directos para os votantes, despesas para os partidos ou encargos públicos. De qualquer modo, quem alude aos custos está em geral a pensar nos interesses dos partidos. Com efeito, quem quer as eleições separadas garante que a democracia bem merece um punhado de euros, enquanto os que desejam actos conjuntos referem a poupança assim obtida. É, no entanto, certo que a despesa ou a poupança não parecem um argumento muito forte.

O aparentemente mais sério argumento é o da abstenção ou da participação. Também neste domínio, a consistência não é visível. Juntar eleições, para uns, significa mais participação; separá-las, para outros, teria o mesmo efeito. Não consta que haja solidez nas razões apontadas. Nem sequer estudos concludentes. A única dúvida razoável é a que alude ao cansaço: maçados com duas deslocações seguidas à distância de uma ou duas semanas, os eleitores poderiam optar por apenas uma. Mas são meras suposições. Além de que não se sabe muito bem se seria a primeira ou a segunda a sofrer dessa terrível fadiga. Como não se sabe se o cansaço é argumento mais importante do que a natureza das eleições e o que está em causa. Apesar de anónimas e limitadas aos emblemas dos partidos, as legislativas chamam mais eleitores. Mas as "grandes figuras" municipais também têm algum efeito.

Reflexão tortuosa é a que se apoia na previsão das intenções dos eleitores. Nas autárquicas, diz-se, os cidadãos querem escolher um presidente de câmara e bater no Governo. É estranho, mas é o que consta. Nas parlamentares, os mesmos eleitores esquecem tão vis desejos e designam racionalmente o Governo que preferem. As estatísticas eleitorais sugerem alguma coisa, nomeadamente o facto de poder haver diferenças na orientação de voto entre as duas eleições, assim como uma maior presença do PSD nas autarquias (o que não é uma regra absoluta). Mas não são constantes que permitam certezas.

O último dos argumentos é o mais brutal. Juntar eleições teria como efeito criar a confusão nos eleitores. Já desorientados com a existência de três boletins de voto (freguesia, assembleia municipal e vereação camarária ou presidente da câmara), ficariam completamente perdidos com a eventualidade de terem de lidar com quatro. Muitos votos ficariam assim perdidos. Brancos e nulos, possivelmente. No partido errado, com certeza.


É comovedor este desvelo dos partidos e de alguns comentadores encartados. O esforço que fazem para cuidar dos pobres cidadãos, tão vítimas de manobras, tão deficientes mentais e tão incapazes de decidir por si! A minuciosa atenção que prestam aos eleitores, tão frágeis e vulneráveis, que perdem literalmente a cabeça perante quatro boletins de voto! Se repararmos bem, quase todos os argumentos conduzem ao mesmo: a incapacidade dos eleitores, a sua falta de discernimento, o seu cansaço fácil e a rapidez com que se confundem. Na verdade, esta discussão ridícula tem um só objectivo, o de começar a arranjar explicações para os fenómenos que os incomodam: derrotas eleitorais e elevadas taxas de abstenção. Na noite (ou nas noites) das eleições de Outubro, já sabemos qual a justificação que mais vezes se vai ouvir: a data das eleições é a culpada.

A propósito das datas e seguramente em consequência da abstenção nas europeias, já começou a ladainha piedosa dos que querem o bem dos cidadãos e a nobreza da democracia. Já se ouvem propostas para "melhorar o sistema" e dar novo "tónus" à democracia. Em vez de se inquietarem com a fictícia democracia europeia e a inutilidade do Parlamento Europeu, propõem que o voto seja obrigatório! Em vez de pensarem na reformulação de alguns processos, designadamente no voto pessoal, sugerem punições para quem escolhe abster-se! Preparemo-nos, pois, para a próxima revisão da Constituição. Lá veremos dispositivos para reforçar a democracia. Sempre com um denominador comum: a cegueira perante as deficiências do nosso sistema e a vontade de resolver os problemas com normas legais e punitivas. Já agora, uma modesta contribuição: as eleições deveriam ser obrigatoriamente em dia de chuviscos. Mas não de mais, que levam as pessoas a ficar em casa, nem de menos, que deixam os eleitores ir à praia.

República das bananas


A Assembleia da Madeira pagou pareceres para iniciativas do PSD.

A Assembleia Legislativa da Madeira (ALM) tem pago pareceres jurídicos para fundamentar, ou justificar a posteriori, projectos de resolução, iniciativas legislativas ou meros caprichos eleitoralistas do PSD regional. Custam, em média, mais de 25 mil euros cada e, na generalidade, são encomendados por ajuste directo a juristas da área social-democrata, actuais ou ex-deputados.


27 junho, 2009

Quotas para classificações de mérito afinal são transitórias


O Ministério da Educação refere que a existência de quotas se destina apenas a esta primeira fase de implementação da avaliação.

A ministra da Educação admitiu ontem que as quotas para as classificações de mérito atribuídas a docentes, que a tutela sempre disse serem fundamentais para garantir a diferenciação entre professores, podem afinal deixar de existir a prazo. Maria de Lurdes Rodrigues respondia a perguntas de jornalistas a propósito de um relatório da consultora Deloitte, onde se dá conta de que as quotas, para este efeito, são quase uma particularidade portuguesa.
Também ao PÚBLICO, o Ministério da Educação (ME) precisou, através do gabinete de imprensa, que esta é uma disposição transitória: "As quotas pretendem contribuir para abalizar a atribuição das classificações de mérito, numa primeira fase em que o processo está em fase de implementação e ainda não existe uma cultura de avaliação consolidada que permita uma correcta diferenciação das classificações."


Com eleições à porta (27 de Setembro) e com a perspectiva de os resultados não serem brilhantes, a natureza das coisas muda: o que era fundamental deixou de o ser.

26 junho, 2009

Michael




Avaliação docente: Modelo português é o único em 5 países com quotas para classificações mais altas


O modelo português de avaliação dos professores é o único de entre cinco países europeus que prevê quotas para as melhores classificações, revela um estudo comparativo encomendado pelo Governo.

O relatório "Benchmark (Padrões) de Avaliação de Desempenho", datado de 2009, foi pedido à consultora Deloitte pelo Ministério da Educação, no âmbito do processo de implementação do Modelo de Avaliação de Desempenho dos Educadores e Professores, e compara as formas de avaliação dos docentes em Portugal, França, Inglaterra, Holanda e Polónia.

"Considerando as características genéricas do modelo de avaliação, deverão destacar-se três componentes relevantes: a obrigatoriedade do processo, o avaliador e o sistema de quotização. Assim, os modelos dos diferentes países são obrigatórios, os avaliadores são elementos internos à escola (com excepção da França em que o processo é externo e não obrigatório) e apenas em Portugal é contemplado um sistema de quotização/harmonização das avaliações", lê-se no documento.

A empresa indica que este estudo "não deve ser entendido como uma avaliação ao modelo de avaliação dos docentes do ensino público", uma vez que não foi assumida uma "posição crítica", mas antes uma "análise factual e objectiva" de comparação. Segundo o documento, os modelos de avaliação de desempenho de professores adoptados por estes países têm todos como princípios orientadores a qualidade do ensino, a melhoria dos resultados escolares e o desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes.

Fonte: Público

25 junho, 2009

Ministério da Educação assume que acordo com sindicatos não é possível


O secretário de Estado da Educação, Jorge Pedreira, assumiu esta tarde, em conferência de imprensa ,que não vai ser possível chegar a acordo com os sindicatos dos professores sobre a revisão do Estatuto da Carreira Docente,

Este facto não impedirá o ME de avançar com as suas propostas para aprovação em Conselho de Ministros.

Ontem, o Ministério formalizou a sua proposta de revisão estrutura da carreira docente, mas não abdicou da divisão em duas categorias. Pedreira reconheceu que esta posição torna inviável um acordo. "Para os sindicatos tudo o que não seja a abolição das duas categorias não é valorizado", disse.

Falta ainda apresentar a proposta sobre o modelo de avaliação de desempenho. A ministra da Educação anunciou na semana passada que espera um parecer do Conselho Científico para a Avaliação dos Professoers. "O processo terá de estar concluído até ao final de Julho", disse Pedreira, adiantando que avançarão depois para a sua aprovação em Conselho de Ministros.


Tendências?



Um tribunal alemão decidiu ontem que os alunos podem avaliar os professores na Internet, rejeitando o caso de uma mulher que considerou que os seus direitos foram infringidos por alunos que lhe atribuíram más classificações num popular website

Fonte: Sol

Querida Neda, não tenhas medo...


24.06.2009, Teresa de Sousa, no Público

Neda é o símbolo universal de um movimento imenso e forte de gente que hoje vemos como igual a nós


1.O que se sabe da jovem de cabelo negro e jeans azuis que morreu no sábado numa rua de Teerão, vítima de uma bala assassina, é que se chamava Neda, que tinha 26 anos, ou 27, que era estudante de Filosofia, que morreu em segundos, nos braços de alguém que lhe pedia para não ter medo. As imagens da sua morte quase irreal são um nó na garganta que não se desfaz. As autoridades quiseram silenciar o seu enterro, como se isso pudesse apagá-las. Aconteça o que acontecer daqui para a frente no Irão, seja qual for o número de vítimas da repressão do regime teocrático ou o número de dias da resistência iraniana, Neda é o símbolo universal de um movimento imenso e forte de gente que ontem talvez ainda olhássemos com a reserva do nosso olhar ocidental e que hoje vemos como igual a nós.

O que há de mais forte e de mais impressionante no levantamento popular que invadiu as ruas das principais cidades do Irão é a sua única e simples reivindicação: "Queremos o nosso voto contado". É uma reivindicação legítima até num regime como o dos mullah. Dificilmente pode ser assacada à manipulação de "forças estrangeiras" ou a um bando de conspiradores "inimigos do povo". Segue escrupulosamente as regras do jogo do regime. Os factos tornam-na cada dia mais indesmentível. É um imenso traço de união entre gente que pode ter ideias diferentes sobre o futuro mas que se acha espoliada sem razão do direito mínimo de ser contada.
É isso porventura que desespera o poder instituído - a falta de argumentos.

2.Há milhões de Nedas nas ruas de Teerão. São mulheres jovens, educadas, cuidadas, em cujos rostos o lenço elegante se harmoniza com os óculos escuros de marca, que empunham cartazes e que gritam palavras de ordem através dos megafones. São livres, seja qual for a medida dessa liberdade. Acumulam revolta mas também acumulam força. Foram uma das principais bases eleitorais, se não a principal, do antigo Presidente reformista Muhammed Khatami, eleito em 1997 e reeleito em 2001. Anne Applebaum lembrava no site da Slate que a sua luta não é de agora. São elas que mantêm a campanha "por um milhão de assinaturas" lançada em 2006 para exigir o fim das leis que discriminam as mulheres - reclamando direitos iguais no casamento, no divórcio, na herança, nos tribunais. Reviram-se na figura de Zahra Rahnavard, a mulher académica do candidato Mir Hossein Mousavi, que foi um dos seus maiores trunfos eleitorais. São uma tremenda ameaça para o regime de Teerão, porque representam a face mais insuportável (para eles) da modernidade que não podem aceitar porque é o seu verdadeiro inimigo.
Neda não ameaçava ninguém. Foi abatida a tiro. As mulheres de Teerão vão ter medo. Podem até voltar para casa. Regressarão porque Neda representa aos seus olhos a profunda imoralidade do regime. A sua força continuará a ser alimentada pela sua cegueira fanática e pela miríade de movimentos e de redes que nenhum regime conseguirá fazer parar.
Elas são uma das faces da imensa classe média iraniana que quer viver a sua vida e os seus sonhos, que quer alargar os seus horizontes e fazer os seus negócios. Que não precisa de ser revolucionária para estar farta de não poder realizar as suas aspirações individuais.
Que está a experimentar a sua força nas ruas. Que pode recuar mas voltará. Não se pode suprimir pela força a parte mais dinâmica de uma sociedade nem, no médio prazo, será possível conjugar as regras de um regime teocrático com as exigências banais da modernidade.
É esse o drama dos ayatollah. É essa a guerra que travam na cúpula do regime. Entre os que reconhecem que é preciso mudar alguma coisa para tentar que tudo fique mais ou menos na mesma e os que advogam o endurecimento do regime.

3.Ontem, Barack Obama subiu o tom das suas críticas a Teerão. Condenou firmemente a brutalidade do regime e juntou-se ao luto dos iranianos pelas suas vítimas. Voltou a dizer que os EUA não interferiam nos assuntos internos do Irão.
Quando Mohamed Ahmadinejad ganhou as eleições presidenciais em 2005, ele era o "candidato" da administração americana. Em Washington, prevalecia nessa altura a doutrina do quanto pior melhor. A forma mais fanática e fechada do regime dos mullah permitiria manter a ficção do "eixo do mal" e legitimava a política da ameaça do recurso à força. Nada é, pois, mais confrangedor do que assistir à indignação de algumas vozes republicanas e neocons contra a inacção do Presidente Obama perante as multidões que clamam incansavelmente pela liberdade.
Mas não é esta a questão fundamental. Nem se trata, como dizem alguns analistas, do pretenso realismo de Obama contra o idealismo de digamos... John McCain.
A política de Obama em relação ao Médio Oriente, que tem no Irão a sua chave-mestra, é muito mais do que uma política "realista". É uma nova visão das relações entre os EUA e o mundo islâmico, expressa no seu já célebre discurso do Cairo.
O que Obama disse no Cairo é que as sociedades têm de mudar por dentro e não há forma de os EUA imporem aos outros a democracia. Mas o que disse também é que há valores que não são ocidentais ou muçulmanos, porque são o património de toda a humanidade. A questão não é se as mulheres muçulmanas usam ou não o véu. A questão é elas serem privadas dos seus mais elementares direitos, como o da educação ou o da palavra. Foi o que ele disse. É o que está demonstrado nas ruas de Teerão.
É à luz desses direitos elementares e universais, que estão para além do respeito entre culturas e entre países, que Obama se tem pronunciado sobre os acontecimentos de Teerão. É à luz desses valores que a morte de Neda tem um simbolismo universal. É à luz desses valores e da forma como o Presidente americano os exprimiu quando falou no Cairo ao mundo islâmico que o regime iraniano deixou de poder contar com um dos seus mais fortes argumentos internos: a ingerência externa e a diabolização da América.
"Grandes discursos não são apenas palavras. Podem ter consequências poderosas", escreveu recentemente Joschka Fischer. "É o caso, obviamente, do discurso do Presidente Obama ao mundo islâmico no Cairo". O que disse não foi nem será indiferente ao que se está a passar no Irão.
Jornalista


Neda, o rosto que chama a revolta


Em farsi, o seu nome significa "voz" ou "chamamento". E as imagens da sua morte, durante os protestos do último fim-de-semana, transformaram-na no símbolo da revolta que varre as ruas de Teerão. Os amigos dizem que adorava viajar e não tolerava injustiças. O regime quer que seja esquecida.

Há 20 anos, milhões assistiram incrédulos às imagens de um manifestante anónimo a enfrentar sozinho os tanques na Praça de Tiananmen, em Pequim. Agora, é a morte quase em directo de uma jovem nas ruas de Teerão que está a chocar o mundo, dando à revolta que há mais de dez dias varre a capital iraniana uma mártir e um símbolo da luta contra a repressão.

Neda Agha-Soltan. Era o seu nome completo. Tinha 26 anos e era a segunda de três filhos de um funcionário público e de uma dona de casa de Teerão. Uma entre milhões de jovens iranianos nascidos depois da Revolução Islâmica de 1979, criados nos subúrbios em rápido crescimento da grande metrópole do Irão.
Era estudante de Filosofia Islâmica na Universidade Azad, em Teerão.




24 junho, 2009

Ministério e sindicatos do ensino superior assinam acordo sobre carreira docente


O Ministério do Ensino Superior e várias organizações sindicais assinam hoje a revisão dos estatutos das carreiras docentes nas universidades e politécnicos, depois de as negociações terem sido concluídas na segunda-feira passada.

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) congratulou-se com os resultados atingidos e com o "empenho de todos na construção de soluções equilibradas e adequadas aos objectivos prosseguidos" que são, entre outros, "a modernização (...), o combate à precariedade e a exigência de qualificações mais elevadas para os seus docentes".


Se isto acontece no ensino superior porque é que não sucede nos outros níveis de ensino?

Pais de Viseu negam que atraso na entrega de Magalhães se deva a erros nas inscrições


A Federação Regional das Associações de Pais (FRAP) de Viseu acusa o Ministério da Educação de ter falhado na distribuição dos computadores Magalhães, rejeitando que estes não tenham sido entregues por incorrecção nos dados de inscrição.

Em comunicado, a FRAP diz que o Ministério da Educação falhou a promessa de entregar os equipamentos aos alunos até ao final do ano lectivo e que "empurrou a culpa" para os pais. "O Ministério da Educação empurrou a culpa de ainda estarem por entregar quase 32 mil computadores para os pais", lê-se no mesmo comunicado. Os pais de Viseu consideram "falsas as afirmações do Ministério da Educação de que os computadores ainda não foram entregues por incorrecção dos dados de inscrição, designadamente o número de telefone de contacto ou ausência de pagamento".

"Os pais nunca receberam qualquer mensagem que os pusesse ao corrente da situação nem dando conta de qualquer aviso para pagamento", refere ainda a nota. No sábado, o Ministério da Educação revelou que 31.600 alunos inscritos no programa de distribuição dos computadores Magalhães não receberam o equipamento por incorrecção de dados ou falta de pagamento.


23 junho, 2009

... não é escandalosamente fácil!


A SPM considera que a prova de exame do 12.º ano de Matemática A que hoje se realizou é mais razoável que a do ano anterior. Sem ser difícil, não é escandalosamente fácil, ao contrário da prova equivalente de 2008 e da prova do 9.º ano ontem realizada.


"Democracia" bem participada





Crónica de viagem


23.06.2009, José Vítor Malheiros, no Público

Veste um vestidinho de manga curta, tem sacos na mão, está cansada e transpirada, é nova, tem uma boca dura e infeliz.

"Foda-se! Foda-se! Foda-se!" O "f" é arrastado como o bufar de um gato assanhado e a língua fica encostada aos dentes antes de explodir no "da" que acaba num "ssss" prolongado, uma explosão de consoantes. "Ffffoodddddda-sss!"
No autocarro apinhado os olhares convergem para a origem do praguejar. Não é um desabafo abafado, um discreto "dasss". É um grito de raiva e é para ser ouvido por toda a gente do autocarro e do mundo. A voz é de uma rapariga, nova, loura, magra, lá ao pé da porta de trás e que está furiosa, a explodir de raiva. "Tás-me a ver esta merda? Tás-me a ver esta ganda merda?" Olha em volta para ver se alguém partilha a sua raiva, a sua fúria, a sua frustração, talvez para ver se pode descarregar em alguém a zanga que ninguém percebe de onde vem nem ao que vai, mas os olhares que convergiram sobre ela desviam-se os centímetros necessários para evitar o contacto directo e adoptam um ar abstracto de circunstância. Será louca? É melhor não a olhar nos olhos. Ela bamboleia a cabeça, agressiva e desesperada, como uma fera encurralada, sem nada ali à mão para descarregar a sua fúria. Veste um vestidinho leve de manga curta, tem sacos na mão, está cansada e transpirada, é nova, muito nova, tem uma boca dura e infeliz, podia ser graciosa se a sua vida tivesse sido toda diferente e se esta viagem de autocarro fosse diferente, e é evidente que não sabe o que fazer à vida nem ao engarrafamento que não deixa o autocarro avançar. "Vamos perder a merda do autocarro." Então é isso. Há outro autocarro, lá à frente, a uns cem metros, que se aproxima da paragem, e ela vai perder a ligação. "Vais-me fazer perder a merda do 56!" Afinal não está louca. Está a gritar com o filho que está de pé ao seu lado, uns dois anos de idade, grande chucha na boca, cabelo penteado com risco ao lado, o olhar cravado num lugar indefinido como se não fosse nada com ele, com uma expressão neutra que deve ter aprendido que é a que mais lhe convém. De outra maneira, por que é que não olharia para a mãe, ali aos gritos ao seu lado? Lá à frente, o 56 aproxima-se da paragem. "Ó menos podia abrir a puta da porta!" O grito quase desesperado devia ser para o motorista, mas não é bem, ela sabe que, mesmo que o motorista abrisse a porta, nunca conseguiria correr aqueles cem metros com os sacos e a criança e chegar a tempo... O 56 pára lá à frente, parte. "Se eu fosse a pé tinha-o apanhado. Vais mazé passar a andar a pé, tás a ouvir? Que eu tamém ando a pé!" Os gritos agora dirigem-se directamente ao rapazinho, sempre com o olhar pregado num ponto à sua frente. Não se percebe como é que a rapariga iria apanhar o 56 se andasse a pé, mas o resto percebe-se bem.
Ela está lá ao fundo, apetece dizer para deixar de gritar com a criança, para gritar com o motorista, para partir um vidro, qualquer coisa, mas o autocarro avança, pára, ela desce com a criança com a chucha com o ódio ao mundo com o desespero. Tento segui-la com o olhar mas perco-a logo.
Cinco minutos antes a conversa tinha sido na parte da frente, um homem de uns setenta anos critica o mundo num vozeirão vibrante de barítono. A conversa começou por causa do autocarro e acaba nos males do país. "... E a Ferreira Leite, essa ladra, anda prà aí a dar casas aos estrangeiros, mas aos de cá não dá nada. Nada! Na Amadora há 20 mil a 30 mil pessoas que não pagam os impostos! São os da câmara que dizem! Mas a mim que trabalhei 52 anos, se me atraso um dia pago a multa, porque não sou lá dos deles, bandalhos. Há um que eu conheço que tem um prédio e recebe 3000 contos por mês de rendas. Tudo sem recibo! Bando de ladrões! Esse não paga impostos, mas o cidadão trabalhador se se atrasa está lixado." A voz tem vibratos de pregador e há um coro de murmúrios de assentimento que percorre o autocarro a cada frase, como améns numa igreja baptista. Os homens das sondagens não andam de autocarro. Foi por isso que se enganaram. Só olharam para os números. As pessoas estão furiosas. Infelizes e furiosas. Acho que foi por isso que, depois, ninguém disse à rapariga para não ralhar com a criança, todos percebiam a sua raiva. Onde estará a criança com a chucha?
Jornalista

Opositores de Khamenei preparam "liderança alternativa"


O reconhecimento por parte do Conselho dos Guardiões de que se registaram irregularidades nas presidenciais iranianas do dia 12 não silenciou ontem os opositores de Mahmoud Ahmadinejad, que estarão a preparar greves (Mir-Hossein Mousavi), uma "cerimónia de luto" (Mehdi Karroubi) e uma "liderança colectiva alternativa" ao Supremo Líder (Ali Akbar Hashemi Rafsanjani).
O afastamento de Khamenei e de Ahmadinejad estará a ser discutido na cidade santa de Qom, em contactos secretos que envolvem o ayatollah Ali Akbar Hashemi Rafsanjani, o ex-Presidente Mohammad Khatami e Jawad al-Shahristani, representante do ayatollah Ali al-Sistani, a mais alta autoridade xiita no Iraque. Esta revelação foi feita pelo jornal Al-Arabyia, citando "fontes que pediram o anonimato", horas depois de a filha mais velha e outros quatro familiares de Rafsanjani terem sido detidos (e logo libertados) por apoio à dissidência.


22 junho, 2009

Portal das escolas


O "Portal das escolas" foi hoje inaugurado, oficialmente, com pompa e circunstância, em Belém, depois de o ano lectivo ter terminado. Como convém.

A impressão com que se fica é de um dejá vu.

https://www.portaldasescolas.pt/

BE quer "ponto final" na avaliação dos professores


O Governo deve "pôr um ponto final" no actual sistema de avaliação de professores, defende o Bloco de Esquerda (BE). Em conferência de imprensa, em Lisboa, Ana Drago, deputada do BE, considerou hoje que seria "um erro" insistir, nos próximos anos lectivos, no mesmo modelo de avaliação de professores já que este "não responde a nenhum dos problemas centrais do sistema educativo".

A posição do BE surge dias depois do Ministério da Educação ter pedido ao Conselho Científico para a Avaliação de Professores um parecer sobre o tema. A tutela quer saber se o conselho considera que no próximo ano deve ser adoptado o modelo de avaliação dos docentes aprovado em 2008, com as alterações necessárias, ou se deve ser mantido o regime simplificado aplicado em 2008/2009.

Em alternativa, Ana Drago defende que o Governo ponha "um ponto final" no modelo para que seja possível "regressar à estaca zero" e iniciar uma "discussão pública alargada".

O BE defende, de resto, que seja criado um "conselho representativo dos actores" do sistema de avaliação para "discutir e construir um outro modelo" que avalie "as escolas no seu contexto".

"Não podemos avaliar da mesma forma professores que estão numa escola do centro da cidade, [que dão aulas a] filhos de pais com profissões liberais e formação académica elevada e uma escola que está num contexto mais desfavorecido como acontece na periferia de Lisboa", exemplificou.

A deputada considerou ainda urgente responder de forma mais acelerada ao problema do abandono escolar, defendendo a criação de "equipas multidisciplinares nas escolas".


SPM diz que exame de Matemática do 9º ano é "demasiado elementar"


A Sociedade Portuguesa de Matemática considera que o exame a esta disciplina que foi hoje realizado pelos alunos do 9º ano do ensino básico “é de novo demasiado elementar”.

“Não há problema algum em introduzir num exame perguntas de anos anteriores ou de grau de dificuldade baixo. O que é prejudicial é que um número exagerado de perguntas corresponde a tópicos que deveriam estar sabidos anos antes e que todas ou quase todas as perguntas tenham um grau de dificuldade muito baixo". Para a SPM, “o que exames deste tipo transmitem é a ideia de que não vale a pena estudar mais do que as partes triviais". “Tanto os jovens que prosseguem os seus estudos no Secundário como os que terminam aqui a sua escolaridade não podem concluir estar bem preparados pelo facto de conseguirem um resultado satisfatório neste exame”, frisa a SPM, que alerta para o seguinte: “uma prova demasiado elementar como esta não serve o progresso do ensino. Pelo contrário, cria precedentes difíceis de contrariar”.


Assim, temos sucesso garantido!

21 junho, 2009

O aviso dos 28


21.06.2009, Vasco Pulido Valente, no Público

Um grupo de economistas resolveu fazer um aviso aos portugueses. Não é um grupo qualquer: são os grandes nomes do país. São antigos governadores do Banco de Portugal, antigos ministros das Finanças, professores, empresários, deputados. Politicamente vêm de toda a parte, excepto do PC e do Bloco, e têm, em conjunto, uma experiência que começou em Marcelo Caetano e chega até hoje. É impossível em qualquer profissão reunir tanta autoridade em tão pouca gente. E o que dizem eles? Dizem que a última década (dominada em grosso pelo PS) foi um desastre imitigado e profundo, que Portugal está numa situação precária e, além disso, perigosa e que Sócrates deve mandar rever os seus "megaprojectos" por um "painel", nacional e estrangeiro, de "reconhecida competência e independência".
Nunca nenhum governo, em véspera de eleições, sofreu um vexame parecido: uma espécie de moção de não-confiança de uma elite incontestável e prestigiada. Os 28 signatários do aviso condenam Sócrates sem apelo; e, pior ainda, não querem que seja ele a decidir - como entender e com os conselheiros que escolher - a estratégia do investimento público. Por outras palavras, pensam que Sócrates se enganou de tal maneira, que, fora o Presidente da República e o Parlamento, precisa também de um tutela externa, que ele não possa iludir, ignorar ou influenciar. Daqui em diante, qualquer medida ou declaração do primeiro-ministro sobre política económica ou financeira encontrará sempre um cepticismo geral. Por muito que se esforce, a sombra dos 28 cairá sempre entre ele e o país.

Verdade que Manuela Ferreira Leite já insistira na substância das teses dos 28 e que o prof. Cavaco, aqui e ali, insinuara numa frase o seu acordo de princípio. Mas Ferreira Leite e Cavaco pela sua própria posição inspiram inevitavelmente um certa suspeita. Os 28, pelo contrário, sem interesse directo nos resultados de Outubro (ou de Setembro) e não falando por nenhum partido ou instituição, não correm o risco de provocar automaticamente a incredulidade ou as reservas do público. Por que razão iriam Cadilhe ou Silva Lopes, Beleza ou João Salgueiro, Mira Amaral ou Daniel Bessa mentir ou exagerar? Se resolveram correr o risco de censura e maçadas, numa terra de medo e conformismo, é porque achavam o caso de força maior. Merecem o nosso crédito. Como Sócrates não tardará a verificar.

Yes, we could


21.06.2009, Miguel Paté, no Público

Se apostasse numa equipa nacional, o chefe do executivo estaria a fazer uma aposta que contribuiria para o nosso PIB.

O primeiro-ministro, José Sócrates, está quase terminar o seu primeiro mandato e, pela segunda vez, vai concorrer às eleições legislativas. Para o ajudar nesta segunda campanha eleitoral, José Sócrates contrata uma equipa com provas dadas, a equipa responsável pela bem sucedida campanha online de Barack Obama.
Esta escolha demonstra, acima de tudo, que o actual chefe do executivo tem vontade de voltar a chefiar o executivo com maioria parlamentar. Demonstra também que o líder do Partido Socialista espera conseguir na sua campanha uma maior capacidade de divulgação, interacção e mobilização dos portugueses, com a utilização de estratégias e plataformas online. E demontra ainda que Sócrates está determinado a ter as melhores condições para governar e assim conseguir ajudar Portugal a ser um país melhor em tudo.
Em tudo, menos a fazer campanhas de marketing político.
Como profissional de comunicação, interpreto esta escolha de José Sócrates como uma demonstração de alguma falta de confiança nos técnicos de comunicação e marketing político portugueses. Esta escolha não é um caso isolado: neste cantinho à beira-mar plantado, é demasiadamente frequente preferirem-se pessoas ou organizações estrangeiras em detrimento de pessoas ou organizações portuguesas com capacidades e competências equivalentes.
Muito felizmente, tanto para José Sócrates como para todos nós, que esta possibilidade de escolher um estrangeiro em vez de um português não pode ser aplicada no processo de escolha do primeiro-ministro de Portugal.
Como cidadão, interpreto esta escolha como uma medida que, à partida, não favorece a economia nacional. Não tanto por parte do financiamento dos partidos e das campanhas ser proveniente do erário público. Acima de tudo, por a escolha de uma equipa para o desenvolvimento de um determinado projecto ser também uma decisão de investimento. Acontece que, neste caso, é de investimento externo. Se apostasse numa equipa nacional, o chefe do executivo estaria a fazer uma aposta que contribuiria positivamente para o nosso PIB e, em vez disso, está a incrementar o produto interno bruto de outro país.
Faz sentido, e não só em momentos de crise como os que atravessamos, uma figura de Estado privilegiar investir no país que governa. E faz ainda mais sentido quando essa figura, neste caso o candidato José Sócrates, está a investir precisamente na campanha em que pede aos portugueses mais confiança, mais votos e mais quatro anos de governo com maioria parlamentar.
Como português, esta decisão faz-me sentir alguma falta de identificação com o actual, e possivelmente futuro, chefe do governo do meu país. As decisões que José Sócrates faz como candidato não devem ser analisadas da mesma maneira que as decisões que faz como responsável máximo do Governo português. Porém, e apesar de pertencer a um órgão executivo, um primeiro-ministro não deixa de ter um papel representativo, uma relação simbólica com o povo que o elegeu e cujos interesses defende, relação essa que assenta numa identidade comum. Por outro lado, e pondo completamente de lado ideologias nacionalistas ou práticas de proteccionismo económico, diferentes entidades nacionais têm feito, nos últimos anos, um esforço concertado no sentido de promover internamente o país, incentivando os portugueses a optar por consumir produtos portugueses, a escolher fazer turismo em Portugal, a preferir investir no capital nacional, seja este o natural, o técnico, o tecnológico, o cultural ou, claro, o capital humano.
A escolha de Sócrates em relação à equipa que o vai ajudar nas próximas eleições não está em concordância com todas as iniciativas que cada vez mais se promovem para aproximar os portugueses de Portugal. E vamos esperar para ver se essa equipa vai ser obrigada a usar o Magalhães como ferramenta de trabalho.
Yes, we can foi uma excelente campanha, uma grande operação de marketing político envolvendo múltiplos meios que funcionaram de forma complementar e em absoluta sintonia. Foi uma campanha em que milhões de cidadãos participaram activamente como militantes, contribuindo no recrutamento de simpatizantes e na mobilização dos americanos para o acto eleitoral. Foi uma campanha que recolheu milhões de dólares de donativos, efectuados quase exclusivamente por particulares. Foi uma campanha que levou o seu mote, Yes, we can, à letra, dando aos norte-americanos os meios, a autonomia e o incentivo para ajudarem a eleger o candidato em que acreditavam. Foi uma campanha que deu voz a um povo e que deu a esse povo os meios para usar essa voz, sobretudo, os meios necessários para concretizar o que essa voz dizia. Foi uma campanha que enfatizava o elemento "nós", tanto na teoria como na prática.
Sócrates pode decidir não falar em "nós" na sua próxima campanha eleitoral. E, por uma questão de coerência, até é bom que assim o seja.

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20 junho, 2009

Despesas de deputados britânicos publicadas na Net censuradas


O Parlamento britânico publicou na Internet as despesas feitas pelos deputados nos últimos cinco anos, medida que está a causar polémica devido à omissão de algumas informações.
Depois de uma série de escândalos que envolveram o reembolso dos gastos dos deputados, o Governo britânico decidiu publicar no seu site oficial as despesas contraídas pelos membros do Parlamento.
No entanto, a medida não está isenta de polémica. A omissão de algumas informações, alegadamente por motivos de segurança e protecção da vida privada, levantou suspeitas sobre os valores indicados.

CDS-PP desafia Sócrates a apresentar o seu modelo de avaliação dos professores


O CDS-PP desafiou hoje o primeiro-ministro e secretário-geral do PS, José Sócrates, a apresentar o modelo de avaliação dos professores que defende e que vai propor aos portugueses nas eleições legislativas.

«Deixamos um desafio o engenheiro José Sócrates, secretário-geral do PS, para que apresente aquele que é o seu modelo de avaliação dos professores», declarou à agência Lusa o líder parlamentar do CDS-PP, Diogo Feio.

Por outro lado, Diogo Feio questionou «como é que é possível que não se tenha ainda avançado para um novo modelo de avaliação dos professores» e que «as duas possibilidades» colocadas pela ministra da Educação sejam «manter o sistema simplificado nos próximos dois anos ou o regresso ao sistema anterior».

«É para nós totalmente inaceitável que sequer se possa ponderar voltar a um sistema que tantos problemas deu e nós questionamos o Ministério da Educação sobre a real possibilidade de isso acontecer», declarou.

«Também não se compreende que, depois deste tempo todo, não tenha sido trabalhado um sistema alternativo», reiterou.


Parar para pensar ou prolongar as más decisões


20.06.2009, Nuno Pacheco, no Público

No mesmo dia em que três dezenas de economistas lançam um repto ao Governo para reavaliar os investimentos mais polémicos, a ministra da Educação torna mais "definitivo" um modelo que nem devia ter sido provisório.

A palavra-chave é: reavaliar. É repetida várias vezes, ao longo do manifesto que hoje vários jornais, incluindo o PÚBLICO, dão a conhecer nos seus traços essenciais e que serve de repto ao Governo e sobretudo à política de investimentos públicos. Numa acção idêntica às que, noutros momentos e gestões políticas, foram empreendidas pela Sedes, os 28 subscritores (gestores, economistas, engenheiros, ex-ministros) entendem que o seu manifesto deve fazer o Governo parar para reflectir, antes de tomar decisões que comprometam (e endividem ainda mais) o país por várias décadas. Por isso, entre os termos usados, sobressai a reavaliação. "O interesse nacional exige uma reavaliação profunda dos megaprojectos públicos no sector dos transportes, das suas prioridades e calendários." E impõe "uma reavaliação profunda das prioridades de investimento público". Por isso concluem: "Só após essa reavaliação, baseada em estudos de custo-benefício com qualidade técnica reconhecida e elaborados com hipóteses realistas, é que deverão ser tomadas as decisões definitivas sobre a sua execução." Simples como isto.
Mas o pressuposto do manifesto, o de aproveitar o "interregno político" entre eleições para lançar mãos a tal obra, vai contra aquela que parece ser a intenção principal de José Sócrates: adiar algumas decisões, como a do TGV, por exemplo, mas apenas para tentar ganhar as legislativas. Tudo o que possa amaciar não só a sua imagem como também as suas opções governamentais mais polémicas será usado com esse fim. Propósito que não inclui reavaliações, nem novos estudos, nem recurso a um painel de sumidades que possam vir a pôr em causa aquilo que delineou e quer manter, mesmo ocultando.
O manifesto ficará, no entanto, como a demonstração pública de uma vontade a contra-corrente, a de pensar - e pensar bem - para decidir. Não fala em votos, fala em factos. Põe o dedo em várias feridas e tenta chamar-nos à realidade. Só por isso, é natural que falhe. Porque os holofotes já estão, há muito, virados para o doce manto da fantasia.
No mesmo dia em que tal manifesto chegava às redacções, a ministra da Educação aproveitou para anunciar, em plena época de exames, que o regime simplificado de avaliação dos professores deverá continuar por mais dois anos. Os sindicatos, como era de se esperar, apontaram o dedo acusador à ministra: assim, ela passava um atestado de incompetência ao Governo. Melhor dizendo, a si própria. Pois até o próprio primeiro-ministro, na televisão (em entrevista à SIC), admitira que os professores tinham alguma razão nas suas queixas: "Errámos ao propor uma avaliação tão exigente, tão complexa e tão burocrática. Corrigimos logo a seguir, mas o erro ficou feito." Pois bem, é essa "correcção" que a ministra acha por bem prolongar. Do mesmo modo que, noutras épocas, se prolongavam como "provisórios" barracões escolares que ficavam muitos anos de pé até se tornarem definitivos. No anúncio da ministra pode estar o prenúncio do que fará Sócrates no resto. O problema é que Portugal já não se compadece com mais remendos.

Avaliadores não se sentiram "preparados nem à vontade"


Três em cada dez professores (28 por cento) das escolas acompanhadas pelo Conselho Científico para a Avaliação dos Professores foram avaliados por um colega de uma área disciplinar diferente da sua, sendo que os avaliadores, no geral, não se sentiram “preparados nem à vontade” para essa função.

Esta é uma das conclusões constante no relatório de acompanhamento e monitorização do CCAP, realizado através de visitas e estudos a 30 estabelecimentos de ensino e divulgado hoje pelo Ministério da Educação.

“Em média, 72 por cento dos avaliadores pertence à mesma área disciplinar do avaliado e 28 por cento, em média, será avaliado por um avaliador de outra área disciplinar. No entanto, a situação nas escolas é diferenciada, uma vez que em cinco a maioria dos avaliadores não pertence à área disciplinar do avaliado”, lê-se no relatório.

Segundo o CCAP, o não reconhecimento de legitimidade a muitos avaliadores é um aspecto que reúne a maioria da opinião dos informantes das 30 escolas associadas.

“Para essa falta de legitimidade concorre a falta de reconhecimento de competência docente (referida em dois terços das escolas), a falta de formação específica (14 escolas) e a forma como decorreu o concurso para acesso à categoria de professor titular (22 escolas)”, afirma o Conselho Científico.

Acrescenta que “em algumas escolas” são os próprios avaliadores que pôem em causa a sua competência: “A percepção recolhida nas escolas associadas foi a de que a avaliação na componente científico-pedagógica constitui um dos factores de mal-estar nas escolas”.


28 economistas querem reavaliação do TGV, auto-estradas e aeroporto de Lisboa


Vinte e oito economistas dos mais diversos quadrantes apelam ao governo que reavalie os grandes investimentos públicos e que faça um travão imediato nos projectos da área de transportes. Em causa está a construção do TGV e de novas auto-estradas, bem como o calendário para a construção do novo aeroporto de Lisboa.

Os desequilíbrios estruturais que atingem a economia portuguesa, que têm vindo a piorar na última década, e que se agravaram com a actual crise económica mundial, não são compatíveis com “a insistência em investimentos públicos de baixa ou nula rentabilidade, e com fraca criação de emprego em Portugal”. É esta a principal linha de argumentação do manifesto.


19 junho, 2009

Obviamente


A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, admite manter a versão simplificada do modelo de avaliação de desempenho docente por mais um ciclo avaliativo.
Num despacho ontem divulgado, esta é uma das duas opções para o próximo ano lectivo sobre as quais a ministra pede parecer ao Conselho Científic0 para a Avaliação dos Professores. A outra é voltar ao modelo original, regulamentado em 2008, “com as alterações eventualmente consideradas necessárias, designadamente a respeitante à duração dos ciclos de avaliação.
O despacho da ministra surge na sequência da entrega, pelo CCAP, do seu relatório sobre o acompanhamento e a monitorização da avaliação de desempenho docente.

Quando estão em causa "os votozinhos", não há alternativa, não é?

Greg Mortenson: uma escola de cada vez


19.06.2009, José Vitor Malheiros, no Público

A maneira como a CNN contava a história, numa reportagem publicada no ano passado, podia ler-se como uma versão do Principezinho. Em vez de um aviador havia um alpinista. Em vez de uma avaria do motor havia a exaustão do homem, que o tinha obrigado a uma escala imprevista e prolongada numa aldeia. Em vez do deserto, a história passava-se na região montanhosa mais inóspita e mais bela do mundo, no Paquistão, no sopé do pico K2, o segundo mais alto do planeta. Em vez de um menino havia uma menina. E em vez da pergunta "Desenhas-me uma ovelha?" havia a pergunta "Podes ajudar-me a construir uma escola?"
As coisas não terão sido exactamente assim, a acreditar na versão contada pelo próprio alpinista, o americano Greg Mortenson, no seu livro Three cups of tea, escrito em parceria com o jornalista Davis Oliver Relin e publicado em Janeiro de 2007 (Três Chávenas de Chá, publicado em Portugal em 2008 pela Casa das Letras). Mas foram parecidas. Só que não foi precisa a pergunta da menina para decidir Mortenson a investir todos os seus esforços para garantir a estas crianças do tecto do mundo o direito a uma educação básica.
O episódio aconteceu em 1993, quando Mortenson, então com 35 anos, enfermeiro de profissão e um experiente alpinista amador, já com meia dúzia de picos dos Himalaias no currículo, decidiu lançar-se àquele que muitos consideram o mais temível desafio em termos de escalada. A expedição não era uma bravata mas um gesto de homenagem. Uma homenagem à sua irmã Christa, que tinha morrido no ano anterior, no dia do seu 23.º aniversário, na sequência de um ataque epiléptico, depois de uma vida em constante luta contra uma doença profundamente incapacitante, sequela de uma grave meningite infantil. A escalada tinha como objectivo deixar no topo da montanha um colar de contas de âmbar que tinha pertencido à sua irmã e que levava enrolado num xaile de orações tibetano. Mortenson não tinha bem a certeza da razão do seu gesto, que imaginava que pudesse ser, vagamente, uma oferenda para a divindade que pudesse viver lá em cima, mas o que sabia era que o esforço que iria fazer para o colocar no topo do mundo não era nada comparado com os anos de sofrimento físico da sua irmã, cuja determinação e coragem para enfrentar os desafios do dia-a-dia e para manter um mínimo de autonomia constituíam para si um exemplo.
A escalada não correu bem. Mortenson partiu com um grupo, sem grande coesão e com objectivos diferentes, que se foi desagregando à medida que a expedição ia prosseguindo. Alguns chegaram ao topo, mas cinco acabariam por morrer. Passou mais de 70 dias na montanha e, a certa altura, depois de alguns dias particularmente penosos, passados a transportar equipamento para uma das bases, teve de participar no resgate de um dos seus companheiros, que se tinha separado do grupo e que ficou às portas da morte, exausto e gelado, e que teve de ser transportado em peso para lugar seguro. O resgate foi feito com êxito - o seu companheiro perderia os dedos dos pés -, mas custou-lhe três dias de esforços sobre-humanos que comprometeram definitivamente a missão. A seiscentos metros do cume, Mortenson teve de admitir que continuar a subir representaria a morte certa e começou a descida. Quase sem forças, gelado, num estado de apenas semiconsciência, a certa altura perdeu de vista o seu guia e seguiu um caminho errado. Por pura sorte, numa região onde um passo em falso pode representar a morte, Mortenson foi dar a uma aldeia que não aparecia em nenhum dos mapas que tinha estudado. Ao entrar na aldeia foi recebido por um grupo de crianças, que o levaram à casa do chefe, onde foi recebido de acordo com as regras de hospitalidade tribais do povo Balti, lhe foi servido chá e onde mergulhou num sono profundo de vários dias, apenas interrompido para comer. Era o primeiro estrangeiro a visitar a aldeia de Korphe.
Um dia, Mortenson pediu ao chefe da aldeia, Haji Ali, para lhe mostrar a escola. Ali pareceu um pouco constrangido mas levou-o ao sítio onde os 78 rapazes e as 4 raparigas da aldeia estavam a estudar. Não havia escola porque não tinham dinheiro para a construir e as crianças estudavam ao ar livre. E o professor não vinha todos os dias porque a aldeia não tinha dinheiro para lhe pagar o salário completo. Pagava-lhe metade e ele ia três dias por semana. O dia em que Mortenson visitou a "escola" era um dos dias sem professor. O que impressionou o americano foi ver, nessa escola sem professor, a seriedade com que as crianças, entregues a si mesmas, repetiam as lições, escrevendo com um pauzinho na terra ou usando lama como tinta para escrever em tabuinhas.
E aí, ainda com o colar de âmbar da sua irmã no bolso, Mortenson percebeu que a melhor homenagem que poderia fazer a Christa seria ajudar em seu nome estas crianças, que mostravam a mesma determinação que ela tinha mostrado na sua vida. E fez uma promessa a Haji Ali e às crianças: "Vou construir-vos uma escola!"
Foi o princípio de uma nova vida. De regresso aos Estados Unidos, Mortenson tentou angariar donativos para cumprir a sua promessa, mas constatou que não era fácil financiar um programa para instruir crianças xiitas. Das 580 pessoas a quem mandou cartas só uma mandou um cheque - o antigo pivot da NBC Tom Brokaw. O grande salto aconteceu quando Mortenson conheceu Jean Hoerni, um suíço radicado na Califórnia que foi um dos pioneiros da indústria electrónica. Hoerni deu dinheiro para a construção da escola de Korphe e de uma ponte sobre o rio, que substituiu a corda que permitia a travessia até então. Em 1996, os donativos de Hoerni (que morreu em 1997) permitiram criar a fundação que Mortenson ainda hoje dirige, o Central Asia Institute (CAI). Até hoje, o CAI já construiu mais de 90 escolas que formaram 34.000 crianças, das quais 24.000 raparigas, no Norte do Paquistão e no Afeganistão, em plena zona de influência dos taliban, e algumas também na Mongólia e Quirguízia, sempre em zonas rurais de muito difícil acesso, onde não há outras organizações internacionais.
O livro de Mortenson, que está há mais de dois anos na lista de best sellers do New York Times e que já vendeu mais de 3 milhões de exemplares, tem sido um dos principais meios de difusão do seu trabalho, mas os media de todo o mundo têm seguido a sua actividade, que também lhe tem merecido muitas homenagens.
Mortenson começou o seu trabalho na região muito antes do 11 de Setembro e continuou a trabalhar durante a intervenção americana no Afeganistão. E, durante todo esse tempo, sempre numa região de influência taliban, de cultura xiita e onde os americanos são vistos com grande desconfiança. A sua estratégia é sempre a de deixar que sejam as populações locais a tomar as decisões. As condições são que as escolas têm de servir para ensinar - a ler, a escrever, a fazer contas, não para fazer doutrinação religiosa - e que as raparigas têm de ser incluídas. De facto, a educação das raparigas constitui o principal objectivo do CAI, pois esse é o maior contributo para o progresso das aldeias e para a paz da região. As mulheres estão mais dispostas a fazer sacrifícios para a educação dos filhos e são elas as mais empenhadas na paz e em questões como a saúde ou a alimentação. Há vários ex-taliban que hoje colaboram com o CAI e em todos os casos foram as suas mães que os convenceram a abandonar o movimento extremista.
Mortenson, que vai com frequência ao Paquistão e Afeganistão mas vive no Montana (EUA) com a sua mulher e dois filhos, já passou os seus maus bocados. Já foi raptado por taliban, foi apanhado entre guerras de bandos rivais, foi objecto de fatwas, ameaçado por americanos que o acusam de pactuar com o inimigo - mas há algo de que tem a certeza: construir escolas faz mais pela paz do que lançar bombas, pois é entre os pobres e os iletrados que os taliban arregimentam os seguidores. Como lembrava Nicholas Kristof num artigo de opinião no New York Times, um míssil Tomahawk custa meio milhão de dólares. Se derem esse dinheiro a Mortenson, ele constrói 20 escolas "e, a longo prazo, essas escolas vão provavelmente ser mais úteis para destruir os taliban".
Mortenson sabe ainda outra coisa: sabe que a sua irmã ficaria mais feliz com as escolas do que se ele tivesse deixado o seu colar no K2.


Preocupante


Quase um terço dos homens sul-africanos reconhece que já violou alguém (mulher ou homem) e muitos confessam mesmo que já atacaram mais de uma vítima, segundo um estudo do Medical Research Council (MRC) sul-africano, ontem citado pelo correspondente do jornal The Guardian em Joanesburgo.
Três quartos dos violadores começaram a ter esse comportamento ainda adolescentes e cinco por cento dos homens disseram ter violado durante o último ano um elemento do sexo oposto.


Afinal há milagres!



Nove em cada dez alunos do 4.º ano tiveram nota positiva nas provas de aferição de Língua Portuguesa e de Matemática. Os do 6.º também chegam aos 90 por cento na Língua Portuguesa, mas é a Matemática que continua a ser o seu calcanhar de Aquiles: 20 por cento dos estudantes com nota negativa.
Os resultados das provas de aferição foram ontem conhecidos e revelam alguma continuidade relativamente ao ano anterior, quando as avaliações dispararam da casa dos 80 para os 90 por cento nas notas iguais ou superiores a "Satisfaz". "São resultados positivos, na continuidade do que se tem verificado nos últimos anos.


O poder está na rua


O que está a acontecer nas ruas de Teerão é certamente um passo gigante para o início de qualquer coisa. O fim da era dos ayatollahs poderá ser uma delas?

18 junho, 2009

Estão à espera de quê?


O Presidente da República reabriu a porta à "coincidência" de datas entre legislativas e autárquicas. José Sócrates voltou a defender que quer eleições separadas.

Se as eleições legislativas e as autárquicas se realizarem no memso dia, isso permite poupar 4 milhões de euros...


Errámos!


Sócrates na SIC:
"Errámos ao propor uma avaliação tão exigente, tão complexa e tão burocrática. Corrigimos logo a seguir, mas o erro ficou feito"

O pior cego....

Azares


A firma JP Sá Couto, que produz o computador Magalhães, foi alvo de buscas por parte das autoridades judiciais por suspeitas de fraude fiscal, avançou a SIC Notícias, que obteve também uma confirmação da presença das autoridades da parte do administrador da empresa, João Paulo Sá Couto.

Agora que o negócio estava a correr tão bem...

17 junho, 2009

Tudo isto é triste... mas não é fado!


17.06.2009, Ana Benavente, no Público

A derrota do PS é consequência das políticas cada vez mais afastadas da matriz do socialismo democrático

Nas eleições europeias do dia 7 de Junho houve surpresas (a maior foi a vitória do conservador PSD), mas houve também derrotas anunciadas.
A derrota do Partido Socialista decorre, na minha opinião de socialista crítica, das políticas destes últimos quatro anos, cada vez mais afastadas da matriz do socialismo democrático, da falta de respeito que hoje se sente pelo primeiro-ministro (veja-se a última manifestação da PSP) e do estilo autoritário e altivo que o Governo insiste em repetir. Mas esta derrota tem raízes mais fundas e decorre, sobretudo, da incapacidade que o Governo e o partido que o apoia têm demonstrado em compreender a natureza da actual crise económica, social e política, limitando-se a tomar múltiplas medidas imediatas e de urgência, dentro da lógica da própria crise.
Já ouvimos afirmar, até à náusea, que estes resultados não prefiguram os das próximas eleições legislativas, mas é muito preocupante que Sócrates já tenha começado a agitar o espantalho da eventual futura "ingovernabilidade" do país - explorando medos e inseguranças dos cidadãos. São argumentos perigosos, mas muito ouviremos falar da dita "ingovernabilidade" nos próximos tempos.
Entretanto, os dias são férteis em desastres e já ouvimos o ministro da Agricultura repetir, tal como tantas vezes tem sido dito sobre os professores e os sindicatos, que os agricultores descontentes, que se manifestaram na Feira da Agricultura de Santarém, "estão a ser instrumentalizados pela CAP". Fez-me recordar que, antes de 1974, qualquer luta pela liberdade era "a soldo de Moscovo"! O pior cego é o que não quer ver e temo que o Governo fique prisioneiro da sua actual e errada teimosia. É mau para o país e é mau para o PS.
As derrotas eleitorais socialistas, com ou sem aumento de votação nas outras esquerdas, aconteceram em vários países europeus. E não foi por serem governo! Veja-se o caso da França, em que os socialistas tiveram resultados eleitorais miseráveis.
A questão é, por isso, bem mais profunda; não é táctica nem episódica nem apenas nacional; é uma questão decisiva para o futuro das sociedades em que vivemos e para a necessária "democratização das democracias".
E não se dirige só ao PS, mas às esquerdas europeias.
Há 10 anos, em Junho de 1999, Tony Blair, do Reino Unido, e Gerhard Schroeder, da Alemanha, publicaram uma declaração conjunta da social-democracia europeia que ficou conhecida como "terceira via" (que já vinham pondo em prática). A "terceira via" traduziu-se num compromisso com o neoliberalismo, numa posição acrítica do novo capitalismo globalizado, numa leitura errada das sociedades europeias. A avaliação obsessiva de tudo e de todos, os rankings e outros benchmarking, vieram substituir os valores da justiça, da equidade e da cidadania. Esta "terceira via" foi considerada moderna e atraente por muitos socialistas europeus. Suspeito que seja a "Bíblia" da direcção actual do PS português.
Mas a "terceira via" falhou e os resultados estão patentes, entre nós, nas políticas laborais e nas políticas educativas, para citar dois domínios estruturantes. E na crise económica, social e política, que não veio só de fora porque já estava cá dentro.
Deixaram assim os socialistas de constituir uma alternativa válida, lúcida e sustentada aos liberais e aos conservadores.
Já este ano, foi apresentado em Londres e em Berlim um novo documento estratégico da autoria da vice-presidente do SPD alemão Andrea Nahles e do deputado do Labour britânico Jon Crudas, com outros co-autores, intitulado A Boa Sociedade.
O objectivo é o de revitalizar as esquerdas democráticas propondo uma nova ordem económica e social, bem como outro estilo de política. Ora aqui está o cerne da questão. É tempo de reformular os projectos de sociedade, o que só será possível com amplos e urgentes debates e alguns consensos.
O "deus" mercado mais não deve ser que um instrumento ao serviço das pessoas e não o contrário. A Europa impotente face à crise e imersa em burocracia tem que dar lugar à construção da Europa social, capaz de regular a ordem económica e social e de contribuir para a sua democratização.
As propostas contidas no documento A Boa Sociedade exigem debate e reflexão e apelam à participação cívica de todos. Cito algumas numa tradução livre:
- restabelecer o primado da política e impedir a sua subordinação aos interesses económicos
- renovar a relação entre o indivíduo e o Estado enquanto parceria democrática
- reconstruir um Estado democrático que preste contas aos cidadãos e que reforce as instituições a todos os níveis
- alargar e defender os direitos individuais de cidadania
- impor de novo a prioridade do bem comum (educação, saúde, etc.) face aos interesses do mercado,
- possibilitar bom trabalho para todos
- aprender a viver em sociedades multiculturais que vieram para ficar, colocando as necessidades das pessoas e do meio ambiente acima do lucro.
Trata-se de clarificar os valores socialistas, aprendendo com a experiência e desafiando as esquerdas europeias a reforçar uma Europa fiscalizadora da "economia de casino" em que os riscos são para os trabalhadores e os lucros para o grande capital, sem rosto nem poiso certo (vejam-se os offshores).
Os portugueses estão cansados dos abusos do Estado, zangados com a falta de transparência da política (quanto mais se afirma, menos se pratica); perguntam-se "se isto tem conserto", estão assustados com o desemprego e a (nova e velha) pobreza. Precisamos de esperança. E essa não virá de nenhum "salvador" nem de um hipotético e desastroso "bloco central" e ainda menos da direita conservadora. Daí não virão bons ventos nem respostas positivas para a actual crise.
O apelo urgente é às esquerdas. Uns porque perdem (e como ficará o PS depois desta deriva?) e outros porque ganham e têm a responsabilidade de ouvir quem neles votou. Os votos não são de nenhum partido, são dos cidadãos. Por isso, as pessoas estão primeiro e é o nosso futuro colectivo que está em jogo. Assumir que a globalização faz parte das nossas vidas e apoiar o dr. Barroso porque é português, não só é provinciano como é ofensivo. Quem são então os "europeus"?

P.S. - A senhora ministra da Educação está cada vez mais zangada com o mundo (vi na TV) e orgulhosamente só. É triste... mas não é fado!

Socióloga. Militante do Partido Socialista


A crise


A British Airways, que é a maior companhia aérea do Reino Unido e terceira maior da Europa, está a pedir aos seus 30 mil funcionários para trabalharem durante um mês sem receber salário, de modo a salvar a empresa da falência.
De acordo com a BBC News, outras companhias aéreas, como a Cathay Pacific (de Hong Kong), estão a lançar iniciativas semelhantes à da BA.

Os 94 milhões do CR7 davam aqui algum jeito!

Professores portugueses perdem muito tempo a manter disciplina na aula



Os professores portugueses perdem muito tempo na sala de aula até conseguir o ambiente de aprendizagem ideal, confessam num inquérito feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), realizado no ano lectivo de 2007/2008. O estudo Criar Ambientes Eficazes de Ensino e Aprendizagem feito em 23 países através de questionários a docentes do 3.º ciclo do ensino básico foi divulgado ontem, no México.
Segundo o relatório, três em cada cinco escolas dizem que o mau comportamento dos alunos perturba o bom funcionamento da aula. Portugal não é excepção e os docentes confessam que 25 por cento do tempo lectivo é para manter a disciplina ou é gasto em questões administrativas. É o quinto valor mais baixo entre os países analisados, no entanto, a média geral é de 20 por cento. Este é um problema com que os professores, todos, se debatem.
Em Portugal, os professores são cumpridores, não chegam atrasados, faltam pouco e têm boa preparação pedagógica, declaram os 200 conselhos executivos que responderam. O problema são os alunos, dizem os professores. Quatro em cada dez admite que as interrupções dos alunos quebram o ritmo da aula.
É o comportamento dos estudantes que prejudica a aprendizagem, sublinham. Para 69,1 por cento dos professores o problema são os distúrbios na sala de aula (a média internacional é de 60,2 por cento); o absentismo e o chegar atrasado corresponde a 50,8 e a 40,8 por cento das respostas. Os profissionais preocupam-se ainda com o facto de os alunos dizerem asneiras (42,8 por cento) ou intimidarem os colegas (28,4 por cento). Os roubos (23,3), vandalismo (20,5) e agressões (19,2) também fazem parte das suas preocupações.
Faltam incentivos
A nível internacional, três em cada quatro professores sente que não têm incentivos suficientes para melhorar a qualidade do seu ensino. Os portugueses, ao lado dos espanhóis e dos húngaros, estão entre os que admitem que não conseguem ser bem sucedidos com os alunos com maiores dificuldades de aprendizagem ou pouco motivados. Ao passo que nove em cada dez italianos, noruegueses ou eslovacos declaram que, com persistência, conseguem o sucesso dos alunos.
Um ambiente positivo está associado a mais aquisições e a mais aprendizagem, reconhecem os docentes. "O êxito das políticas de educação depende fortemente da existência de professores de elevada qualidade", defende Angel Gurría, secretário-geral da OCDE. Por isso, o relatório recomenda que se aposte na formação contínua; aliás, os inquiridos admitem que quanto mais formação têm, melhor sabem gerir os problemas na aula e na escola. Nove em cada dez professores, a nível internacional, apostam na sua formação, nem que seja um dia, por ano lectivo. Contudo, a grande maioria, professores portugueses incluídos, não se sente reconhecido. Aliás, os nacionais fazem parte dos poucos profissionais que declaram que nos últimos cinco anos, anteriores ao inquérito, não foram avaliados externamente.
A OCDE defende que "a principal lição política" a retirar deste estudo é que os ministérios têm que prever incentivos "mais eficazes" para os professores, recompensando-os e reconhecendo o seu trabalho. Além disso, devem olhar menos para o controlo dos recursos e conteúdos educativos e mais para os resultados da aprendizagem. Em comunicado, o Ministério da Educação congratula-se com a avaliação do desempenho dos professores e a gestão escolar e considera que as recomendações da OCDE confirmam "a centralidade e a premência das reformas introduzidas".

Acesso à avaliação de professores vai a tribunal


O professor contratado que no início do ano pediu para consultar o processo de avaliação do desempenho de uma colega da Escola Básica com Secundário S. Martinho do Porto (Alcobaça) voltou a ver recusada a sua pretensão. Isto, apesar de a Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA) já ter considerado que estes documentos são públicos. O docente promete agora iniciar um processo na justiça para aceder à informação.
A CADA, uma entidade independente que funciona junto da Assembleia da República, já reconheceu, em Abril, que o Estatuto da Carreira Docente (ECD) determina que a avaliação tem carácter confidencial, como, aliás, alegava a escola quando recusou, pela primeira vez, o pedido ao professor. Contudo, o direito ao acesso aos documentos administrativos tem assento constitucional, sublinha a CADA no seu parecer final - parecer que, de resto, não sendo vinculativo, abriu a porta à possibilidade de estes processos passarem a poder ser consultados também por pais de alunos e estudantes.
Ainda segundo a CADA, o que é suposto é que um processo de avaliação do desempenho contenha "apreciações de natureza funcional" e não matéria que toque a esfera privada do avaliado - essa sim, reservada. Ora "apreciações" sobre as funções dos docentes em documentos administrativos devem ser públicas.
A escola, contudo, pediu um parecer jurídico à Direcção-Geral os Recursos Humanos (DGRH). E cita-o numa carta enviada ao professor. "Os documentos do processo de avaliação contêm apreciações e juízos de valor sobre a actividade profissional da titular de informação", começa por ler-se nessa exposição. "A avaliação incide não só sobre os objectivos e metas fixados, como também sobre os comportamentos profissionais do avaliado, não obstante parametrizados, designadamente as que decorrem da esfera psicológica, como seja a sua capacidade de relacionamento social e interpessoal." E esta, diz a escola, já é matéria reservada.
O professor insiste: o acesso livre aos documentos relacionados com a avaliação trará "transparência" ao processo. E servirá para perceber que muitos dos Objectivos Individuais (um dos documentos obrigatórios na avaliação) que a tutela diz terem sido entregues nas escolas pelos avaliados são "considerações genéricas" que não cumprem o que está na lei e foram feitos sob protesto. Há dias, o docente informou a escola que iria para tribunal.

Fonte: Público

16 junho, 2009

Ei-los, os exames!


A notícia: Quase 74 mil alunos fazem hoje exame de Português do 12.º ano.

Dá-se assim início ao que se supõe ser um mecanismo regulador do sistema. Mas que nem sempre o é, devidamente.

Hoje, à saída do exame de Português, só se ouvia uma plavra: fácil! É caso para nos questionarmos sobre o que é que os exames avaliam. Ou, ainda, quais são os resultados mais convenientes...

15 junho, 2009

Sócrates reconhece «desgaste do Governo»


José Sócrates admitiu, esta segunda-feira, que «existe um certo desgaste» do Governo, comprovado pelos resultados do PS nas eleições europeias, mas frisou que tem tempo para corrigir os erros até às legislativas.

Já não era sem tempo...

Fenprof quer que as notas da avaliação de desempenho não produzam efeito


A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) sugeriu hoje ao Governo que as classificações a atribuir este ano aos docentes no âmbito da avaliação de desempenho não produzam qualquer efeito, assumindo apenas carácter experimental para a revisão do modelo.

Este é um dos pontos de um ofício enviado pelo sindicato à ministra da Educação, divulgado hoje, onde constam também as "prioridades negociais" da Fenprof para o próximo mês e meio.

Correctivo



O primeiro ministro checo esbofeteia o ministro da saúde, pelos maus resultados obtidos.


Nota final


Nota Final é o nome de um blog de um grupo de estudantes sobre estes dias que antecedem e que coincidem com os exames.

14 junho, 2009

Ministério da Educação manda dar posse a director de escola cuja eleição foi suspensa pelo tribunal


14.06.2009, José Augusto Moreira, no Público

Aumentam as denúncias sobre a intromissão dos poderes autárquicos na eleição dos novos directores escolares. Celorico de Basto é o caso mais recente

O Ministério da Educação deu ordens para que seja empossado o director de um agrupamento escolar cuja eleição está judicialmente suspensa por efeito de uma providência cautelar. À suspensão judicial junta-se também uma reclamação para a Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) que não foi ainda analisada, mas os responsáveis pelo ministério entendem que a situação "é gravemente prejudicial para o interesse público" e, como tal, o novo director deve ser já empossado.
Este será o primeiro caso a chegar aos tribunais, mas as denúncias sobre a intromissão dos poderes autárquicos no processo de eleição dos novos directores escolares fazem prever que venham a multiplicar-se os processos de contestação.
No caso do Agrupamento de Escolas da Gandarela de Basto, no concelho de Celorico de Basto, às queixas sobre a manipulação do processo por parte da Câmara de Celorico de Basto junta-se ainda uma alegada falta de requisitos do candidato para preencher o cargo. A política parece, no entanto, ser o ponto mais sensível da polémica.
O processo eleitoral foi conduzido por um conselho geral transitório (que também empossa o director) presidido pelo vereador da Educação, Joaquim Mota e Silva, e o candidato eleito, Carlos Peixoto, é o actual presidente da assembleia municipal, cargo em que sucedeu a Marcelo Rebelo de Sousa. Ambos pertencem ao PSD e Mota e Silva é também o líder concelhio do partido, tendo ontem sido apresentado como o próximo candidato à presidência da câmara. Carlos Peixoto é tido como um dos nomes a indicar nos primeiros lugares na lista candidata às eleições autárquicas.
"O objectivo é atingir-me politicamente, só porque estamos em ano de eleições e sou candidato", resume Mota e Silva, desvalorizando as acusações de irregularidades e de instrumentalização do processo para a eleição do director do agrupamento escolar.
Censura pública
A eleição para o cargo decorreu a 14 de Abril, tendo Carlos Peixoto recolhido 11 votos contra dez do outro candidato. Na acta ficou registada a objecção do presidente do conselho executivo da escola, que invocou o Código do Procedimento Administrativo para concluir que Mota e Silva estaria impedido de participar na votação, dado o interesse objectivo na eleição do seu correligionário do PSD. A questão terá servido de fundamento a uma reclamação que foi então endereçada à DREN, mas que não obteve ainda qualquer resposta.
Antes da eleição, já o comportamento do vereador tinha sido alvo de censura pública. Foi acusado de ter protelado sem justificação a instalação do conselho geral da escola, de modo a que o processo eleitoral fosse condizido pelo conselho geral provisório, e também de instrumentalizar o processo com objectivos políticos, tal como ficou registado numa moção de censura votada pelo concelho pedagógico da escola no início de Março.
A matéria política não consta, no entanto, da fundamentação apresentada pelo outro candidato, António Magalhães Costa, na providência cautelar que requereu no Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga. O pedido de anulação do acto eleitoral baseia-se no facto de Carlos Peixoto não ter anteriormente completado um mandato em órgão de gestão de escola, um dos requisitos necessários para se candidatar ao cargo.
Tal mandato tem a duração de três anos, mas Peixoto apenas terá cumprido dois, uma vez que integrava a direcção do Agrupamento Horizontal de Escolas de Celorico de Basto, que foi extinto pelo ministério ao fim de dois anos.

13 junho, 2009

Contra a avaliação dos docentes enquanto mistificação


13.06.2009, Vários autores*, no Público

Os subscritores desta declaração recusam participar numa mistificação e não vão entregar a sua ficha de auto-avaliação

Esta é a declaração de uma intenção tomada em consciência e coerência com as atitudes e posições por nós assumidas num passado recente. Não é um apelo a um qualquer movimento de desobediência civil, nem o seu contrário, assim como também não é uma recusa em nos submetermos à avaliação da qualidade do nosso desempenho enquanto docentes.
É apenas a manifestação pública da impossibilidade, de acordo com princípios de coerência e responsabilidade de que nos orgulhamos, de aceitarmos seguir as directrizes de um modelo de avaliação do nosso desempenho que de forma alguma cumpre os objectivos afirmados pela tutela, em particular no regime simplificado em vigor, de constitucionalidade duvidosa e escassa qualidade técnica.
Em conformidade com posições adoptadas por todos nós em momentos anteriores, os subscritores desta declaração afirmam a sua indisponibilidade para entregar a ficha de auto-avaliação nos moldes predeterminados pelo Ministério da Educação.
Esta posição implica rejeitar a transformação do biénio 2007-09 numa pseudo-avaliação com base em objectivos definidos entre três a cinco meses do final das actividades lectivas deste período. Esta atitude significa a recusa frontal em participar de forma activa numa mistificação pública cujo objectivo é fazer passar por verdadeira uma avaliação falseada do mérito profissional dos docentes, mistificação esta que sabemos ter objectivos meramente eleitoralistas mas que terá consequências profundamente negativas para a qualidade da educação em Portugal.
Estamos conscientes das potenciais consequências da nossa tomada de posição, nomeadamente quanto à ameaça da não progressão na carreira por um período de dois anos lectivos, assim como de um eventual procedimento disciplinar que todos contestaremos em seu devido tempo. Esta é uma atitude cujas implicações apenas recaem sobre nós, estando todos preparados para continuar a lutar pela demonstração da ilegalidade do regime da chamada avaliação simplex.
Estamos ainda conscientes de algumas críticas que nos serão dirigidas de diversos quadrantes. Todas elas serão bem-vindas, venham de onde vierem, desde que se baseiem em argumentos e não em meras qualificações destituídas de conteúdo.
Aos que nos queiram apontar que não compete a cada cidadão definir a forma de cumprimento das leis que se lhe aplicam, poderíamos evocar o artigo 21º da Constituição da República Portuguesa, mas bastará sublinhar o que acima ficou explicitado sobre a forma como encaramos as consequências dos nossos actos.
A todos os que considerarem que esta é uma radicalização excessiva do nosso conflito com o Ministério da Educação reafirmamos que o fazemos em consciência e coerência com os nossos princípios éticos, sem calculismos ou outros oportunismos de circunstância.
Por último, salientamos que esta declaração não é um apelo a qualquer tomada de posição semelhante por ninguém, mas tão-só a afirmação da nossa. Não podemos, porém, deixar de constatar que a força de qualquer atitude é tão mais poderosa quanto consciente e esclarecida a convicção de quem a toma.


*Ana Mendes da Silva, Armanda Sousa, Fátima Freitas, Helena Bastos, Maria José Simas, Mário Machaqueiro, Maurício de Brito, Paulo Guinote, Paulo Prudêncio, Pedro Castro, Ricardo Silva, Rosa Medina de Sousa e Teodoro Manuel (professores).

Ministério da Educação diz que não vai mudar política


O Ministério da Educação (ME) considera que chegou o momento da "consolidação de propostas" no âmbito das negociações para a revisão do Estatuto da Carreira Docente, iniciadas em Janeiro passado, anunciou ontem, em conferência de imprensa, o secretário de Estado adjunto Jorge Pedreira. O encontro com os jornalistas, em que participou também o secretário de Estado Valter Lemos, foi convocado na véspera, dia feriado, e suscitou expectativas entre representantes dos professores. Mas tudo continua essencialmente na mesma.
Da parte do ME, Pedreira avisou: as "propostas consolidadas" que irão ser apresentadas aos sindicatos "têm na base aquelas que já fizemos".


Médicos vão ser obrigados a regime de exclusividade


O novo diploma das carreiras médicas, que resulta do acordo obtido na semana passada entre o Governo e os sindicatos, vai obrigar os médicos a trabalhar em regime de exclusividade no Serviço Nacional de Saúde.

Já não era sem tempo!

12 junho, 2009

Fenprof acusa Ministério de estar ao “seu pior nível”, mas mantém-se nas negociações


A Federação Nacional de Professores vai prosseguir as negociações com o Ministério da Educação, apesar de considerar que na ronda de hoje este se mostrou “ao seu pior nível”.

Na véspera, a Fenprof anunciara que poderia abandonar o processo negocial caso o ME não desse, durante a reunião de hoje, sinais de ter mudado de posição em relação ao Estatuto da Carreira Docente e ao modelo de avaliação de desempenho.

“A Fenprof avalia de extremamente negativa a reunião de hoje em que o secretário de Estado adjunto e da Educação, mantendo-se inflexível, reafirmou a defesa das posições mais negativas do ME em relação à carreira docente, designadamente a sua fractura e a divisão dos docentes em categorias hierarquizadas”, afirma-se numa nota da federação divulgada há pouco.

A organização vai agora esperar por dia 16, data da nova ronda negocial. A partir daí, se o ME não der “uma resposta clara sobre a sua disponibilidade para uma revisão será do Estatuo da carreira Docente”, a Fenprof “passará a avaliar, reunião a reunião, a importância de estar presente, admitindo não comparecer nos casos em que as mesmas se limitarem a simular a existência de um processo negocial”.

Fenprof ameaça abandonar negociações com o Ministério da Educação


A Federação Nacional de Professores anunciou hoje que poderá abandonar as negociações com o Ministério da Educação (ME) se na nova ronda, marcada para amanhã, este não der sinais de ter mudado de posição em relação ao Estatuto da Carreira Docente e ao modelo de avaliação de desempenho.

Se tal acontecer, “a Fenprof admite ser inútil e, até, negativa a participação em reuniões que apenas serviriam para iludir os professores, fazendo parecer que há negociação sem, de facto, haver", afirma-se numa nota enviada à comunicação social.

Mas a federação frisa que, dada a derrota do PS nas eleições de domingo, “parte para esta reunião com uma natural expectativa positiva”, já que está “criado um novo cenário político que abre perspectivas reais de mudança e, no imediato, de alteração da postura anti-negocial do Ministério da Educação".

O ME convocou hoje uma conferência de imprensa para amanhã, às 11 horas, trinta minutos antes do início das negociações com os vários sindicatos de professores.

11 junho, 2009

Os deuses devem estar loucos!



Cristiano Ronaldo vai jogar no Real Madrid, anunciou o Manchester United. É a transferência mais cara da história do futebol: 93 milhões de euros.

10 junho, 2009

Avalição normativa e criterial



Uma distinção essencial: De Rerum Natura

Então e as cotas? E só são avaliados alguns?


Com o título "91% dos juízes avaliados com 'bom' e 'muito bom'", o DN de hoje afirma:

Segundo o documento do Conselho Superior da Magistratura, relativo a 2008, apenas 259 dos 1932 juizes existentes foram inspeccionados e, desses, apenas um foi considerado como 'medíocre' e pode vir a deixar de exercer.

Do total de juízes inspeccionados em 2008, 91% foram avaliados com 'bom', 'bom com distinção' e 'muito bom'. Sendo que só 13% dos magistrados foram inspeccionados. Ou seja, apenas 259 dos 1932 juízes existentes em Portugal.

Como a quase totalidade dos portugueses tem uma imagem péssima da justiça é caso para nos interrogarmos sobre a essência desta avaliação, que só avalia alguns, que não está sujeita a cotas e que só encontra um "medíocre"....


António Barreto exorta o poder a dar “o exemplo”


Nas comemorações do 10 de Junho, o sociólogo António Barreto exortou hoje os diversos poderes, do político ao empresarial, a serem exemplos para o resto da sociedade portuguesa.

No discurso na sessão solene do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Europeias, o presidente da comissão organizadora das comemorações fez várias críticas a algumas opções de Estado — como a guerra colonial —, ao funcionamento das instituições e ao facto de a sociedade portuguesa ainda não ter sabido aplicar parte dos ideais com que fez a democracia.

O resto da notícia.

Legislar em causa própria


Cavaco Silva vetou a lei que aumentava os limites dos fundos privados e a entrada de "dinheiro vivo" nos partidos.
O primeiro-ministro disse que entende o veto do Presidente da República à lei do financiamento dos partidos.
Disse ainda ser «uma boa notícia» os partidos querem fazer alterações à lei de acordo com as opiniões de Cavaco Silva.

Pelo tom dos discursos percebe-se que a lei que foi aprovada pelos partidos era mesmo uma boa marosca. Algo vai mal no reino da Dinamarca... quando as leis que se fazem só podem beneficiar os seus autores....

Por que colapsou o centro-esquerda


10.06.2009, Rui Tavares, no Público

Quem olha para o mapa da Europa que saiu das eleições de domingo passado dificilmente imaginaria que ainda há dez anos, dos quinze países que a UE então tinha, quatorze eram governados por partidos socialistas e afins. Esses partidos de centro-esquerda foram os principais castigados das eleições. Ninguém de esquerda pode ir para o Parlamento Europeu de ânimo leve: o que nos espera é uma oposição dura, duríssima, numa União Europeia cada vez mais conservadora e perante uma crise que vai ser longa e pesada.
A questão é: porquê? E a resposta começa precisamente nesses anos em que os governos socialistas dominavam. As esperanças de muita gente - eu incluído - era a de que então se desse uma refundação do modelo social europeu e de que a União se democratizasse e simplificasse. E em que andavam eles ocupados nessa altura? Com o pacto a que eles mesmos chamaram "estúpido" na sua obsessão dos três por cento de défice, com um Banco Central Europeu indiferente ao desemprego, e com uma crescente burocratização e mesquinhez nas discussões europeias. O Partido Trabalhista inglês foi o precursor da "terceira via", o Partido Socialista português lá seguiu a moda.

Por muita voz grossa que agora façam eles, andavam embevecidos com as mitologias do mercado e remetiam as ideias de esquerda para umas franjas mais ou menos inócuas. Essa atitude está na raiz da crise actual. Criação de um sistema bancário sombra? Foi nos últimos anos de Clinton. Produtos tóxicos fora dos livros de contas? A União Europeia, maioritariamente socialista, estava a dormir no ponto.

Não é por as eleições europeias já terem passado que estes temas desaparecem. Ainda por cima, esta descrição abreviada aplica-se a Portugal e explica o factor relevante destas eleições para nós portugueses: a transformação do nosso panorama político acelerou--se. Onde antes tínhamos meros sinais (metodicamente anotados nesta coluna) temos agora uma dinâmica evidente e talvez inevitável que vai acabar com a bipolarização e confrontar o país com o seu pluralismo.
Aquilo que Mário Soares, Manuel Alegre e outros socialistas têm pedido aos seus líderes é uma verdadeira oposição às ideias que estão por detrás da crise. Mas em vão: isso é o que líderes como José Sócrates e Gordon Brown não estão dispostos a dar--lhes. Isso implicaria romper com o centro-direita (e eles querem apoiar Durão), reconhecer a subalternidade ideológica em que têm vivido, e implicaria confessar: "esquecemo-nos das razões por que éramos de esquerda". Da vitória de Obama nos EUA, só aprenderam o folclore; escapou--lhes a ruptura com um Partido Democrático acomodado, centrista, e sem debate - tão parecido com os partidos deles agora. Ao invés, os actuais líderes socialistas cada vez mais se refugiam na agressividade e na mania da perseguição. E assim não impedem, antes aceleram, a sangria da sua ala esquerda.
Sim, a votação no Bloco de Esquerda (e também, em parte, no PCP) é uma ilustração deste processo. Mas, registados os votos, os contadores voltam agora a zeros, que os eleitores não pertencem a ninguém. Se a esquerda, toda ela, for tão combativa quanto antidogmática, pluralista e aberta, tem agora as pessoas - mesmo as que não são de esquerda - disponíveis para ouvir as suas ideias. Enquanto o CDS discute com as sondagens de ontem e o PSD arranja tácticas dilatórias para que não se veja como estão implicados na crise, este tempo de debate é precioso.

Historiador. Deputado eleito pelo Bloco de Esquerda ao Parlamento Europeu.


09 junho, 2009

Modernices


A Presidência da República inaugurou hoje no mundo virtual Second Life o espaço 10 de Junho.

Zmar: Eco-Camping Resort (Zambujeira do Mar)


O maior e mais ecológico parque de campismo português e um dos maiores da Europa, abriu hoje ao público e com lotação esgotada para os próximos dez dias, aceitando de momento reservas apenas para chegadas a partir de dia 19.

O Zmar, situado na zona da Zambujeira do Mar (Odemira), ocupa cerca de 80 hectares de parque natural e oferece alojamentos e serviços cinco estrelas em forma de Eco-Camping Resort, o primeiro do género na Península Ibérica: tem ETAR própria, chapéus-de-sol de plástico reciclado, painéis de energia solar, painéis térmicos, isolamento acústico, etc., etc.
Os preços (por noite, por pessoa) oscilam, conforme a época, entre os €20 e €50 nos alvéolos, €100 e €220 nas Zvillas, €60 e €150 nos chalés, €30 e €85 no Hotelmóvel. De momento, as reservas encontram-se com 5% de desconto.





Os votos do nosso descontentamento


09.06.2009, José Vítor Malheiros, no Público

Uma enorme quantidade de portugueses politicamente conscientes quis mandar as eleições e os partidos à fava.


Se há alguma coisa que se pode concluir das eleições deste domingo é a extensão e a profundidade do descontentamento dos portugueses - para ficarmos apenas pelas eleições em Portugal. Descontentamento com o Governo, com o partido do Governo, com os partidos em geral, com as eleições e, provavelmente, até com a vida.

O descontentamento com o Governo e o partido no Governo é o dado que mais salta à vista e não precisa de justificação. Há uma nítida vontade de castigar o Governo e/ou o PS e/ou José Sócrates e as razões vão desde a crise financeira e o desemprego aos desastres da Justiça ou da Educação e às dúvidas sobre a lisura do comportamento de Sócrates e aos seus tiques autoritários. O mau resultado do PS não se pode ler como uma derrota pessoal do próprio Vital Moreira. Mesmo que o cabeça de lista do PS tivesse sido o/a candidato/a ideal, seria pouco provável que a empatia que pudesse despertar se sobrepusesse à antipatia que o Governo/PS/Sócrates desperta actualmente num sector maioritário dos cidadãos.
O PSD ganhou, mas, apesar de a sua vitória ser inegável, os números também não reflectem o entusiasmo que poderiam revelar - basta verificar que, em 1999, o PSD sofreu uma clamorosa derrota, apesar de ter obtido exactamente a mesma percentagem de votos que no domingo passado.
O Bloco de Esquerda mais do que duplicou os seus votos, triplicou a sua representação parlamentar e passou a ser a terceira força partidária, o que representa uma estrondosa vitória - mas seria ilusório considerar que a votação no BE destas eleições é um resultado consolidado. Há certamente aqui votos de eleitores que querem mudar e dar mais poder ao BE, mas é provável que haja aqui muito voto socialista de protesto, que quer apenas mostrar o seu descontentamento, puxar a governação europeia (e nacional) para a esquerda e que regressará ao PS na primeira oportunidade de voto útil.
O PCP (PCP-PEV para os puristas) viu a sua votação dar um salto de 70.000 votos, também numa expressiva vitória - e é provável que este crescimento se revele mais estável do que o do BE. E este é, por excelência, um voto de descontentamento com o statu quo.
O mesmo se passa com o CDS-PP, que subiu, resistindo à ameaça da força gravítica do PSD - o que diz alguma coisa do débil entusiasmo que o voto social-democrata foi capaz de suscitar fora da sua área natural.
Os pequenos partidos - apesar do entusiasmo do Movimento Esperança Portugal - revelaram-se, no conjunto, uma desilusão, sem conseguirem entusiasmar senão um número insignificante de eleitores.
Os votos em branco e nulos, por seu lado, representam um dos dados mais significativos desta eleição: nunca foram tantos (com a excepção de 1975). Houve 236.000 pessoas que se deram ao trabalho de ir votar, mas votaram em branco (164.877) ou nulo (71.151). Mesmo descontando os enganos, é ineludível que uma enorme quantidade de portugueses politicamente conscientes quis mandar as eleições e os partidos à fava. Não se pode estar muito mais descontente do que isto.
Finalmente, a abstenção recorde (a segunda mais alta desde a adesão à EU) representa se não uma recusa activa de participação política, pelo menos indiferença relativamente às escolhas ou ignorância quanto à sua utilidade - e nenhum destes cenários sugere um particular optimismo. Para além das leituras parcelares (partido a partido) que se podem fazer destas eleições, uma coisa parece evidente: os portugueses não estão contentes com o país que têm e não vêem grandes soluções para isso.