31 janeiro, 2011

Jogo alto

Rui Tavares, Público

A história acelera; as respostas chegam quase antes de termos imaginação para fazer as perguntas. Qual é a próxima Tunísia? O Egito. Quanto tempo demorou? Menos de duas semanas.

Ainda estávamos a considerar a hipótese de uma revolta civil num país árabe e já Ben Ali tinha apanhado o avião. Ainda os comentadores ocidentais se entretinham com a eventualidade de o exemplo tunisino ser seguido e já havia levantamentos na Jordânia, no Iémen, e no Egito. E agora eis-nos seguindo pela Al-Jazira um vasto movimento de desobediência civil neste último país. E já o líder da oposição, Mohamed ElBaradei, fala aos cairotas: não vamos voltar para trás.

Nos últimos dias houve quem se lembrasse de uma velha história que se contava na Europa de Leste: "A revolução na Polónia demorou dez anos, na Hungria dez meses, na RDA dez semanas, e na Checoslováquia vai demorar dez dias." Nenhuma analogia é perfeita: em vez de avançar progressivamente, a revolução saltou de um país sui generis como a Tunísia para o coração do mundo árabe. Chegada ao Egito, a parada é altíssima e já ouvimos todas as alternativas: um banho de sangue ou um colapso do regime, ou ambas as coisas, ou até uma ditadura islâmica.

Nesta fase do campeonato ninguém pode estar certo de muita coisa, mas a isto eu tenho vontade de dizer: deixem-se de tretas. A sucessão frenética de acontecimentos não é desculpa para a desorientação.

É desencorajador ver as chancelarias ocidentais procurando conhecer melhor a biografia de Omar Suleiman, o novo vice-presidente. A resposta já foi dada pelos egípcios: Omar Suleiman é o passado, e vocês conhecem-no bem. Omar Suleiman foi o homem que com a Administração Bush tratou de sequestros, prisões secretas e tortura. É o rosto da cumplicidade com as apodrecidas ditaduras do Médio Oriente em troca de petróleo, estabilidade e repressão. Omar Suleiman é um daqueles peritos em manipular o medo ocidental com o fundamentalismo islâmico enquanto embolsa biliões de dólares em "ajuda" militar. Que há para conhecer que não saibamos já?

Washington hesita, em vez de desligar a ficha a Mubarak de uma vez por todas. Telavive preocupa-se, porque lhe dava jeito ter aquela ditadura ali ao lado. E Bruxelas - quem se rala?

Aliás, quem se rala com esta gente? Por estas horas, só vale a pena perder tempo com Mohamed ElBaradei, o tipo de líder por que o Ocidente sempre disse suspirar e que, agora, no momento crucial, não se consegue decidir a apoiar. ElBaradei tem, nos últimos dias, dado mostras das capacidades essenciais neste momento: liderança e sentido de tempo. Regressou ao Egito para participar nos protestos. Nos últimos dias esteve silencioso, dizem alguns que em prisão domiciliária. Quando reapareceu, tinha obtido de cinco movimentos da oposição egípcia - incluindo a Irmandade Muçulmana - o mandato para negociar um governo de unidade nacional. Só nesse momento se dirigiu ao povo e quando o fez foi para selar o contrato com as suas aspirações: ninguém vos vai roubar o que já conquistaram.

Diplomata experiente, cordato mas inflexível defensor do primado do direito internacional e dos direitos humanos, secular mas respeitado entre os muçulmanos pela sua oposição às manipulações de Bush antes da guerra do Iraque, ElBaradei é o homem certo no momento certo e tem de ser apoiado quanto antes para que organize a transição e prepare eleições justas. É evidente que os egípcios não vão confiar num governo dirigido pelo chefe dos serviços secretos para quem neste momento só deve haver uma mensagem: entregue o poder.



30 janeiro, 2011

O Voluntariado chega ao Facebook


A propósito do Ano Europeu do Voluntariado e da Cidadania Activa, Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome e da Entrajuda, lança esta semana o Volunteerbook, uma plataforma que utiliza a base de dados da Bolsa de Voluntariado e que vai correr directamente no Facebook.

28 janeiro, 2011

Não tenho talento e qualidades para Primeiro-Ministro





Egipto bloqueia sites


O Governo do Egipto está a ser acusado de bloquear algumas redes sociais, numa tentativa de silenciar as manifestações que estão a decorrer no país

Depois dos protestos na Tunísia, o Egipto tornou-se o mais recente país do Norte de África a ser alvo de manifestações contra o Governo.

Líbia compra mais de um milhão de Magalhães


A JP Sá Couto, fabricante dos famosos portáteis Magalhães, assinou na quarta-feira um memorando de entendimento com a empresa estatal líbia Electronic General Company para o fornecimento de um milhão de computadores, formação técnica e construção de uma unidade de assistência técnica.

27 janeiro, 2011

STAND WITH THE PEOPLE OF EGYPT


Egypt could be on the verge of critical democratic change and the regime is straining under the pressure. If enough of us raise our voices together now, a deafening outcry could end rampant corruption and political repression. Sign the emergency petition now:

Sign the petition!

26 janeiro, 2011

Novo visual


Regressei hoje a casa depois de uma estada de dois dias no Hospital de Jesus, para uma tiroidectomia total.
Brindaram-me com uma aparatosa gargantilha.

19 janeiro, 2011

Cavaco e Fantasia


A casa de férias de Cavaco Silva foi adquirida a uma empresa subsidiária da Opi 92, de Fernando Fantasia. O Presidente da República continua sem dizer onde está a escritura pública da transacção.

Perspectivas


Quase metade (46 por cento) dos portugueses considera que as actuais condições económicas e sociais são piores do que há 40 anos. O desemprego é o maior desafio e a desconfiança face ao Governo e aos políticos é generalizada.

18 janeiro, 2011

Saque


A mulher do presidente da Tunísia, agora destituído, fugiu do país com 1,5 toneladas de ouro, no valor de 42 milhões de euros.

Circo e circo

José Vítor Malheiros, Público

Um assassino sem culpa, uma vítima pecaminosa, um Presidente que não responde e um candidato-trotineta.

1. Depois de um assassinato brutal de uma figura mediática, com sinais de um sadismo pouco habitual, é natural que haja alguma comoção pública e manifestações colectivas de repulsa. Não é de estranhar que se verifique uma cerimónia pública de solidariedade, que haja lágrimas e exaltação, palavras de encorajamento para a família e que se guarde aí um minuto de silêncio. O que é estranho é que tudo isto aconteça para manifestar a solidariedade com o assassino confesso, entretanto detido, e não com a vítima.

Repare-se que a solidariedade que se manifesta ao presumível assassino e à sua família não se deve ao facto de a comunidade em questão acreditar firmemente na inocência de Renato Seabra.

Seria admissível que aqueles que conhecessem este jovem de 21 anos - que todos retratam como um rapaz educado, calmo, de bom trato, trabalhador, bom jogador de basquetebol, estudante responsável e amigo da sua mãe - considerassem impossível que ele tivesse cometido o crime horrível de que é acusado e se inclinassem para um gigantesco erro judiciário, uma confusão de identidade ou uma conspiração urdida pela polícia nova-iorquina. Ou que se tivessem reunido em sua defesa por o assassino confesso ter sido objecto de sevícias ou impedido de se defender, ou tivesse sido objecto de qualquer outro atentado aos seus direitos.

Mas não se trata disso. A solidariedade manifestada a Renato Seabra pelos seus conterrâneos - e por muitas centenas de cidadãos anónimos na Web - manifesta-se na convicção de que ele terá de facto cometido o crime que já confessou, mas de que, se o fez, foi porque "tinha uma razão muito forte".

Se alguém duvidava da violência do sentimento homofóbico que reina na nossa sociedade, aí tem uma prova. O jovem de 21 anos terá sido assediado-tentado-seduzido-violado (conforme os gostos) pelo velho libidinoso de 65 anos e não terá encontrado outra forma de se defender senão agredir o atacante com um computador, estrangulá-lo, apunhalá-lo durante uma hora, furar-lhe os olhos e castrá-lo. É que o homossexual, como se sabe, é muito insistente, e quando tem os seus acessos lúbricos a sua força fica multiplicada por dez. Às vezes chega a ser preciso apunhalá-los durante duas horas para que se acalmem.

Além de ser muito insistente, o homossexual também é muito traiçoeiro. Daí que o jovem tenha sido surpreendido pelos avanços de Carlos Castro quando, depois de dez dias a dormir juntos no seu quarto de Nova Iorque, este terá tentado um contacto mais íntimo. Como se vê, o assassino tinha não só razão, mas "uma razão muito forte": Carlos Castro era gay.

2.A campanha presidencial prossegue, com a curiosa novidade de incluir como os dois principais contendores o candidato da oposição de direita, Cavaco Silva, e aquele que, numa eventual segunda volta, será o candidato da oposição de esquerda. Manuel Alegre navega em torno desta contradição, como sempre fez, usando a táctica da trotineta, com um pé dentro e um pé fora do PS, garantindo que, se for eleito, defenderá o Estado social que o PS tem tentado fazer minguar e que o PSD quer destruir.

Cavaco Silva continua a jurar a sua própria honestidade (nunca ninguém lhe terá dito que a honestidade não se declara? Será verdade que Cavaco Silva estava escondido atrás de uma pedra quando Deus distribuiu o bom senso?) ao mesmo tempo que não responde às perguntas que poderiam esclarecer-nos sobre a sua honestidade, com a mais descarada das arrogâncias. Como Cavaco não brilha pela agilidade de espírito, o silêncio mata dois coelhos de uma cajadada: evita respostas entarameladas às perguntas incómodas e dá-lhe aquela aura autoritária de que gosta cerca de 50 por cento do eleitorado.

16 janeiro, 2011

Coelho vai à Coelha


O candidato à Presidência da República José Manuel Coelho fez uma declaração à imprensa diante da casa de férias de Cavaco Silva, em Albufeira.

José Manuel Coelho disse que escolheu o local, situado na aldeia da Coelha, para mostrar aos portugueses e portuguesas a casa do recandidato à Presidência da República, que disse ter "o seu quê de curioso", porque "existem mais duas casas semelhantes a esta que são de dois amigos do senhor dr. Cavaco Silva, o senhor Oliveira e Costa [antigo presidente do BPN] e o senhor Dias Loureiro [ex ministro de Cavaco, ligado à Sociedade Lusa de Negócios].

"E há um ditado português que diz: Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és. E o professor Cavaco Silva é muito amigo destes senhores, que são os maiores burlões que apareceram em Portugal a seguir ao Alves dos Reis", afirmou.

A edição da revista "Visão" de quinta feira avançou que a escritura do lote da casa de férias de Cavaco Silva na praia da Coelha não se encontra no registo predial de Albufeira.

13 janeiro, 2011

A melhor profissão


A Caixa Geral de Depósitos já empregou 23 antigos ministros e secretários de Estado, e o mesmo acontece em empresas em que o Estado é accionista, como a PT, EDP e Galp.

O trabalho, publicado pelo Diário de Notícias sobre o estado do Estado, conclui que ser antigo ministro é mesmo a melhor profissão.

Alguns tem salários mais altos que o primeiro-ministro, que podem chegar aos 20 mil euros/mês, com direito a carro de serviço, telemóvel e cartão de crédito.




12 janeiro, 2011

A Internet e as notas


O estudo diz que ter banda larga só não chega, e que o acesso a banda larga baixou as notas dos alunos.
É preciso ensinar a usar a net. Os alunos longe dos centros urbanos são os que mais navegam.

A notícia

BE chama Alçada ao parlamento

O Bloco de Esquerda requereu hoje a presença da ministra da Educação no Parlamento para que Isabel Alçada explique os "impactos profundos" no sector das alterações curriculares no básico e secundário e da eliminação de horários de trabalho.

11 janeiro, 2011

Wikipédia, a biblioteca que toda a gente usa

José Vítor Malheiros, Público

A ferramenta existe e o público usa-a. Falta que as elites portuguesas façam a sua parte.

Estive há uns meses num jantar onde muitos dos convivas eram professores e onde, às tantas, se começou a falar da Wikipédia. O tom geral era um lamento do tipo "agora-os-estudantes-copiam-tudo-da-Wikipedia-e-os-trabalhos-só-têm-disparates". Depois de algumas perguntas, percebi que a esmagadora maioria dos presentes nunca tinha sequer consultado a Wikipédia, mas sabia que era uma enciclopédia online onde toda a gente podia escrever e concluía por esse facto que se tratava da mais monumental colecção de disparates jamais coligida pelo espírito humano, uma espécie de anti-Cristo do saber, uma mancha negra com que o Maligno estava a inundar a Internet e da qual era preciso proteger os jovens espíritos maleáveis.

Esta ideia persiste ainda em muitos espíritos e, curiosamente, em particular no meio dos professores, que combatem infrutiferamente a epidemia de cópias "da Internet" nos trabalhos escolares de todos os graus de ensino.

A verdade, porém, tem outras facetas. E uma delas é que a Wikipédia é um instrumento cuja qualidade média é elevada - muito boa ou excelente em muitos casos - e que constitui um salto na promoção e na difusão do saber comparável apenas à construção da biblioteca de Alexandria, ao movimento dos Encyclopédistes ou à Escola Republicana.

A Wikipédia, que comemora dez anos esta semana, tornou-se uma funcionalidade central da Internet - tanto como o Google, mas com a diferença de que há outros motores de pesquisa equivalentes e não há outra Wikipédia. Hoje em dia, a maior parte das pesquisas que fazemos na Internet tem uma entrada da Wikipédia no topo dos resultados. E há centenas de milhões de utilizadores que a utilizam regularmente.

Que haja uma biblioteca que tenha este êxito, que milhões de pessoas se habituaram a consultar diariamente, para tirar dúvidas de trabalho, para satisfazer curiosidades fúteis, para saber mais, devia ser visto como uma felicidade. Que esta biblioteca esteja em cima de tantas mesas 24/7 e que seja gratuita, devia ser visto como uma bênção.

É evidente que existem cuidados a ter no uso da Wikipédia e que, como qualquer outra ferramenta, é preciso conhecer as suas limitações, mas o principal problema com a Wikipédia em português é que muitos criticam mas poucos trabalham para a melhorar.

É que, quando digo que a Wikipédia é excelente estou a falar da Wikipédia em geral e da Wikipédia em língua inglesa em particular - mas a Wikipédia em português é fraquinha. Só que a responsabilidade disso é... exactamente dos mesmos profissionais que se queixam da sua falta de qualidade. Dos professores, dos cientistas, dos jornalistas, dos médicos, dos advogados, das universidades, das outras escolas, das organizações profissionais.

Na era da Internet, quando a Wikipédia se transformou numa ferramenta de acesso universal à informação de todos os tipos, de uma forma simples e democrática, não é aceitável que haja tanto saber produzido por dinheiros públicos que não seja vertido pelo menos em parte para estas páginas - onde pode ser encontrado, acedido, usado e enriquecido por todos. Seria normal que as escolas de todos os graus de ensino (com destaque para o ensino superior), os institutos públicos e as instituições de investigação portuguesas fossem contribuintes regulares da Wikipédia - como acontece nos Estados Unidos. Seria normal que escrever uma entrada para a Wikipédia fosse um projecto comum nas universidades portuguesas. Mas não é. A ferramenta já existe, o público já a usa. Só falta que as elites se disponham a fazer a sua parte para melhorar o que existe, em vez de se remeterem à crítica sobranceira e distante.

08 janeiro, 2011

Coelho ao poleiro!


Meio a brincar, meio a sério, o madeirense José Manuel Coelho, lá vai dizendo das suas, como foi ontem o caso na RTP.

Afirmou-se como um candidato «em nome do povo contra os políticos profissionais que andam a arranjar tachos para a família, para os amigos, para os que têm cartão do partido e até para as amantes».

«Lembra-se do General Giap, que fez a guerra da Indochina? Olhe, eu combato como o General Giap, faço guerra subversiva, de guerrilha, e guerra convencional. A sátira na Madeira é a subversiva, aqui é a convencional com a candidatura à presidência».

Os mimos para Jardim: «o tiranete Alberto João Jardim e os corruptos todos que andam à volta dele»....«Não tenho aversão à pessoa, combato as ideias».

«Continuo a ser um socialista, mas não de uma forma estalinista».

«O PND na Madeira não é de direita» .... " o PND não passou de uma «barriga de aluguer»


07 janeiro, 2011

Marcela



Chama-se Marcela Temer, é mulher do vice-primeiro ministro do governo brasileiro e deu nas vistas na tomada de posse de Dilma. Vai continuar a dar.... seguramente.


05 janeiro, 2011

Assim vai o combate à corrupção


O bastonário da Ordem dos Advogados considera que "não há nenhum partido político verdadeiramente interessado no combate à corrupção" e alerta que o financiamento dos partidos é "uma das principais causas da corrupção" em Portugal.

Na opinião do bastonário, o combate à corrupção "não se faz através da justiça, a não ser em casos "acidentais" ou "anormais". É antes um "combate essencialmente político", só que "não há nenhum partido político verdadeiramente interessado" nisso, o que revela uma "degenerescência da democracia".

"Todos falam, todos são contra [a corrupção] mas ninguém assume esse combate", criticou Marinho Pinto, dizendo discordar da atual lei do financiamento dos partidos políticos e ser tempo de "encarar abertamente" o problema.


Espertalhaços!


Uma subvenção aos grupos parlamentares, prevista na lei que agora entrou em vigor, é superior aos cortes de 10% nas verbas para campanhas e para actividade corrente, garante Manuel Meirinho.

O saldo entre os aumentos e as reduções, nestes três anos, mostra um crescimento de gastos públicos superior a oito milhões (8 160 755).

No fundo, a nova Lei do Financiamento, aprovada pela AR a 3 de Novembro e promulgada por Cavaco Silva a 12 de Dezembro, foi justificada pela redução da despesa pública, mas os partidos introduziram, "de forma encapotada, este novo mecanismo de subvenções aos grupos parlamentares". E não só "o Estado ainda vai gastar mais dinheiro" como fica assim "desmistificada a bondade da lei".


01 janeiro, 2011

Um BOM ANO de 2011 é o que desejo


Estamos todos necessitados que 2011 seja um BOM ANO.