30 dezembro, 2009

A década do medo e da desigualdade


José Vitor Malheiros, Público

Fim de ano é tempo de balanço do passado e de votos para o futuro. Fim de década é tempo de dez vezes mais balanços e, por amor à simetria, mãe da ordem, da beleza e da verdade, de tentativas de escrutinar os próximos dez anos - como se isso fosse preciso para equilibrar o olhar que lançamos para trás, para nos garantir que não vamos ficar presos para sempre no passado, com o pêndulo do relógio atolado no lodo negro daquilo que já passou, e que poderemos seguir em frente. Fazemo-lo ainda que saibamos como é fútil pretender espreitar o futuro, como a década passada mostrou (quem adivinhou no ano 2000 o dia 11 de Setembro do ano seguinte?), como num exorcismo divinatório, através do qual tentamos pelo menos evitar o pior e sugerir o melhor, atirando umas sementes de optimismo para a frente do caminho.

É claro que a primeira década do terceiro milénio desta era só acaba no fim de 2010, mas o milénio mítico começou em 2000, quer gostemos quer não, e por isso toda a gente se lançou alegremente no exercício decenal em 2009.

Que a década passada não deixa saudades no Ocidente à maior parte dos observadores parece claro, ainda que a situação seja diferente na China, onde cada ano arrancou umas quantas dezenas de milhões de indivíduos ao oceano da pobreza. Para mim, a década que está a acabar, nascida, como o século e como o milénio, a 11 de Setembro de 2001, é a década do medo. O medo do terrorismo, claro, mas mais do que isso.

O medo que nasce da consciência da total desprotecção perante o ódio, o medo que nasce da consciência desse ódio ubíquo que não percebemos, mas também o medo instrumental, estimulado pelos poderes para aumentarem a sua força e ampliarem o seu raio de acção, o medo que faz homens livres prescindir da liberdade em troca de uma ilusória segurança. O medo que faz pessoas normalmente justas e sensatas e sociedades tradicionalmente democráticas aceitar que em certos casos se deve pôr a liberdade, a justiça e a humanidade na gaveta para reduzir o perigo - como se isso reduzisse o perigo e como se pudesse haver um mundo, digno de ser salvo, sem liberdade, sem justiça e sem humanidade.

A década que passa foi também a década da Internet e da informação global, a década em que, mais do que em qualquer outra década da história do mundo, soubemos o que se passava do outro lado do planeta, soubemos quantos homens como nós morreram em guerras sem sentido e quantas crianças como os nossos filhos morreram de fome.

Esta foi a década da desigualdade social crescente, dos 200 milhões de trabalhadores desempregados, da deslocalização das empresas, do império da rentabilidade económica, da alienação dos direitos e da dignidade dos trabalhadores por medo do desemprego e da fome.

Esta foi a década em que vimos na televisão e na Internet mais caras de pessoas que sabíamos que iam morrer e foi a década em que não fizemos nada por elas. Esta foi a década em que nos comprometemos a acabar com a fome e com a pobreza e em que percebemos que não o íamos fazer - por comodismo e por cobardia. Esta foi a década em que nos comprometemos a proteger o globo para as gerações futuras e em que percebemos que não o iríamos sequer tentar fazer - a não ser quando já for tarde de mais. Esta foi a década em que percebemos que não é por não sabermos que não agimos. É porque não queremos. Esta foi a década em que percebemos que não é só dos outros que devemos ter medo. É de nós.

Homossexualidade



A Ordem dos Médicos recusa a possibilidade de tratamento para a homossexualidade
Porém, de acordo com um parecer ontem aprovado, a orientação sexual não é imutável e os psiquiatras podem ajudar na sua clarificação.

Dia D



O Governo e os sindicatos realizam hoje a última ronda negocial sobre carreira e avaliação docentes, com a participação da ministra da Educação.

29 dezembro, 2009

Recta final


Se as próximas horas, que se prevêem de negociação intensiva, não resultarem em cedências do Ministério da Educação (ME), o acordo com as maiores organizações sindicais em relação à última proposta para a revisão do estatuto da carreira docente e do modelo de avaliação dos professores será praticamente impossível.

25 dezembro, 2009

Magalhães só na Páscoa


O concurso público internacional para encontrar o substituto do 'Magalhães', no e-escolinhas, levará no mínimo quatro meses. Assim, o portátil será presente de... Páscoa.

Boas Festas








24 dezembro, 2009

Falsos antivírus rendem mais de 150 milhões


O FBI lançou um alerta contra o aumento exponencial de falsos antivírus que estão a circular na Internet, veiculados em janelas de pop-up. De acordo com o organismo estes falsos programas, que escondem malware, rendem mais de 150 milhões de dólares aos seus autores

No alerta emitido pelo FBI o organismo demonstra-se preocupado com o aumento deste tipo de ataques, que geralmente começam com avisos no computador do utilizador sobre uma suposta infecção do PC.

De acordo com o FBI estes alertas podem surgir em diversos sites, com recurso a janelas de pop-up que pedem ao utilizador para fazer uma análise ao disco rígido para identificar a existência de vírus no computador.

Esta análise acaba por indicar que o PC está infectado e aconselha o utilizador a instalar um software, pago, para se livrar do programa.

O FBI refere que o propósito destes ataques pode ser apenas obter o lucro com o pagamento na hora ou servir para instalar programas mais perigosos, destinados a roubar dados pessoais do utilizador.

Há cada vez mais jovens a trocarem mensagens sexuais


Um estudo apresentado nos EUA revela que há cada vez mais jovens a trocar mensagens escritas com conteúdos sexuais explícitos entre si.

Esta é uma das principais conclusões de um inquérito feito pelo Pew Research Center nos EUA, que envolveu 800 adolescentes com idades entre os 12 e os 17 anos, com o objectivo de analisar o fenómeno do sexting, termo utilizado para designar a partilha de mensagens de texto com conteúdos de cariz sexual.

De acordo com o estudo 4 por cento dos jovens inquiridos admitiu ter enviado este tipo de mensagens com imagens suas, enquanto 15 por cento responderam que tinham recebido mensagens sexuais.

A maldição da procuradoria


Pedro Lomba, Público

Estará o cargo de procurador-geral da República amaldiçoado? Tem sido dito que sim. Cada titular que por lá passa acaba a tropeçar nos seus fantasmas. Não interessa se chega pleno de confiança e boa vontade. As sombras do cargo encarregam-se de criar armadilhas escondidas, de o assustar de qualquer forma, de o pôr em rota de colisão com o poder político.

Pode ser que o feitiço venha já de Cunha Rodrigues. Mas hoje cada caso mediático que aterra nas mãos do procurador actua como tremor de terra. O processo Casa Pia, que produziu um julgamento com cerca de 400 testemunhas e inconcebivelmente ainda não terminou, arrumou com Souto Moura. Agora, coube ao actual PGR, Pinto Monteiro, liderar o Ministério Público num tempo de grande exposição junto dos meios de comunicação social, de vários casos mediáticos em que o primeiro-ministro (com a enorme desconfiança que provoca) é personagem ou quase-personagem duma perturbadora berlusconização do regime.

Tenho a confessar-vos o meu agnosticismo. Não creio que existam cargos enguiçados. Há, isso sim, cargos especialmente difíceis e é verdade que poucos estarão à altura do seu exercício. Além disso, sabemos que, na Procuradoria, mesmo quem disponha das condições técnicas e intelectuais necessárias pode ver-se impedido de o exercer com sucesso, devido a pressões internas ou externas.

Depois do último ano e meio, a única conclusão que devemos retirar - e não o digo com leviandade - é a de que o PGR perdeu objectivamente condições para merecer a nossa confiança. Perdeu autoridade e o reconhecimento dos seus magistrados; não foi capaz, por sua culpa ou por motivos de organização institucional que o transcendem, de conter o peso do sindicato do Ministério Público; não reagiu à pressão dos media; não deu explicações convincentes sobre o comportamento da justiça nos processos em que José Sócrates se viu envolvido. Se os portugueses não encaram o Ministério Público com mais confiança da que distribuem pelos outros agentes da justiça, este PGR nada fez para o evitar. Pinto Monteiro tornou-se parte do problema, já não pode ser solução."Ninguém está acima da crítica", disse José Sócrates esta semana na Assembleia. De certeza que o nosso primeiro-ministro não estaria a falar dele próprio. Mas tem razão: não há mesmo ninguém acima da crítica. Por isso, que confiança nos pode continuar a merecer um PGR que no processo Face Oculta, no momento em que mais estava a ser acossado, ameaçou publicamente que divulgava as escutas entre Sócrates e Armando Vara "para ver se isto acalma"? Que confiança podemos ter num PGR que deixou as certidões extraídas das escutas quase todo o Verão na masmorra da Procuradoria, enquanto os cidadãos viam eventos suspeitos acontecerem diante dos seus olhos durante a campanha eleitoral? Que espécie de deferência teremos por um PGR que considerou não existirem indícios criminais nos factos contidos nas certidões - ao mesmo tempo que requeria ao presidente do Supremo Tribunal de Justiça que ajuizasse da validade das escutas?

Pergunto: qual é confiança que podemos ter num PGR que negou em Março a existência de quaisquer "pressões ou intimidações" sobre o processo Freeport, para em Maio (forçado pelas denúncias públicas do sindicato do Ministério Público) acabar desautorizado pela abertura de um inquérito que concluiu pela existência dessas pressões do procurador Lopes da Mota? Como podemos confiar num PGR que hesita tanto e se explica tão pouco?

Fenprof admite não assinar acordo com Ministério e regressar à contestação


A Federação Nacional dos Professores (FENPROF) admitiu hoje não assinar o acordo com o Ministério da Educação e regressar à contestação, no final de uma reunião com a tutela que, segundo os sindicalistas, não teve qualquer interesse.

23 dezembro, 2009

Facebook


De acordo com o jornal The Sun, o popular site social Facebook é culpado por um em cada cinco divórcios nos EUA.

21 dezembro, 2009

Um dia tramado no planeta


Rui Tavares, Público

Em Copenhaga, cinco grandes países proclamaram um acordo ineficaz com objectivos insuficientes que vai deixar países do Sul debaixo de água. O representante dos 77 países mais pobres protestou. Dizia Tucídides, no ano 400 e tal a.C.: "Os grandes fazem o que querem; os pequenos aguentam como podem".

Acto contínuo, Obama abandonou a cimeira e apanhou o avião por causa de uma tempestade de neve sobre Washington. Começo a ficar irritado com o provincianismo americano. Com as tempestades de neve também - fecharam o aeroporto e não consigo voltar para casa.

As alterações meteorológicas criarão "refugiados climáticos"; quando eles se começarem a mexer, aos milhões, em busca de lugar para viver, tudo o que conhecemos com as actuais migrações vai parecer uma brincadeira. Os mesmos tipos que negam as alterações climáticas vão fartar-se de resmungar.

Não ligo a TV, não me mostrem o jornal. As doenças novas têm nomes esquisitos; as velhas têm nomes assustadores. As primeiras chegaram e as segundas não desapareceram.

Os bancos rebentaram com a gente e deixaram-nos a recolher os nossos próprios restos. A Islândia já faliu, o Dubai não paga as dívidas, a Grécia está em apuros. Um em cada cinco espanhóis está desempregado.

Em Portugal, parece que o país está ingovernável (está sempre). Parece que a estabilidade governativa está em risco (como sempre) porque parece que Cavaco Silva disse qualquer coisa difícil de decifrar (e não diz sempre?). Numa visita aos "francisquinhos" (não perguntem), o Presidente da República gaguejou ao tentar dizer "inverno demográfico" e exprimiu, por causa de os portugueses não fazerem bebés, a preocupação que nunca lhe ouvi pelos portugueses que trabalham horários cada vez mais longos e desregulados. Neste Natal, vai haver gente a trabalhar 60 horas por semana e 14 no dia da consoada; não deixa muito tempo para os bebés.

Alguém roubou uma máquina multibanco com uma retroescavadora. O CDS fala de crime "cada vez mais sofisticado" e quer saber se foi "cometido por estrangeiros". Não consta dele o deputado Ricardo Rodrigues, voz do PS contra a corrupção, que um tribunal deu como envolvido com um "gangue internacional" que incluía off-shores e um cardeal ortodoxo. Noutras notícias, a conta do BPN vai em quatro mil milhões de euros.

Vasco Pulido Valente proclama que Portugal não tem homens; a Igreja exclama que os homens querem casar uns com os outros.

E assim por diante, semana após semana e mês após mês deste nosso ano quase no fim. É tentador perguntar se vale a pena tanto trabalho. Porque, sabem, se isto fosse tudo para o galheiro sempre poderíamos dizer que a culpa foi de todos. Se a culpa foi de todos, a culpa não foi de ninguém. E depois começávamos de novo.

Ou talvez não.

Há gente de quem eu gosto e que, apesar de tudo, lá vai gostando de mim. O meu sobrinho defende a tese hoje; é mais esperto do que eu (sim, não é difícil) e estuda plantas e sabe imensas coisas sobre regiões com pouca ou nenhuma água. Pode ser que ele e os colegas nos safem. Além disso, quero visitar os meus pais, velhinhos mas vivos. Vocês terão coisas parecidas para dizer. Boa sorte para esta semana. Cuidado na estrada. Se puderem, nem se metam no carro.

Negócios



A empresária angolana Isabel dos Santos vai comprar dez por cento do capital da ZON, por mais de 160 milhões de euros.

Isabel dos Santos vai comprar parte da posição da CGD (2,5 por cento) e da Cinveste (2,97 por cento) e ainda acções próprias da Zon (4,53 por cento).

O negócio está avaliado em mais de 160 milhões de euros, e pressupõe um prémio de cerca de 26 por cento face à última cotação dos títulos da Zon.

A pouco e pouco o novo riquismo angolano vai demandando outros continentes, em busca de grandes negociatas,

19 dezembro, 2009

Lopes da Mota fez pressões em nome de Sócrates


As conclusões do processo a Lopes da Mota confirmam que o magistrado usou o nome de Sócrates para ameaçar os investigadores do Freeport, dizendo-lhes que sofreriam represálias se o caso fosse por diante.

Não há homens


Vasco Pulido Valente, Público

No meio da barafunda e da irresponsabilidade em que o país caiu - quem se lembra à beira da falência de ocupar o Parlamento com o casamento homossexual? Ou de fazer um monumento de um milhão à bandeira republicana, que na época a esmagadora maioria dos portugueses não queria - no meio deste caos, desta loucura, desta doença, os primeiros parlamentos do regime, a começar pela Constituinte, parecem monumentos de inteligência e de civismo. E de certa maneira foram. Mesmo num ambiente de histeria revolucionária, com o PC armado, a extrema esquerda na rua e, como de costume, o MFA em delírio, a Assembleia, ou a parte dela, não perdeu a dignidade e a coragem, resistiu à demagogia e acabou com dificuldade por preservar o essencial.

Hoje, toda a gente diz que "Não há homens", como constantemente se disse durante o século XIX e o século XX: no fim da "Regeneração" de 1820, no fim das guerras civis de 1834-1851, no fim da Monarquia Constitucional, durante quase toda a República Jacobina. A nossa história alegadamente "moderna" tem sido uma desilusão perpétua, uma série de fracassos com pequenos períodos de alguma, muito vaga, prosperidade (quando vinha dinheiro de fora: de Inglaterra, por exemplo, do Brasil, ou depois da Europa). Mas dantes, nos piores momentos, sempre existiu uma esperança: a esperança da liberdade ou (para usar uma expressão do tempo) da "liberdade legal", da República, da ordem ou da social-democracia. Agora nem a esperança sobra e voltou a velha lamúria indígena: "Não há homens".

E porquê? Por que razão não há homens? Porque, tanto no PS como no PSD, e até, ocasionalmente, no próprio CDS, a oposição à ditadura (clandestina, aberta ou "colaborante") os criara. A maioria dos deputados de 1975, de 76, de 79, de 80, chegou a São Bento por convicção, com sacrifício, com risco (principalmente, em 75) e, ponto importante, com uma carreira respeitável. Poucos vieram por oportunismo. Quase nenhum para se promover, para ganhar influência, para entrar nos "negócios", para ar-ranjar um emprego. As coisas mudaram quando a política se profissionalizou e o interesse geral foi subordinado ao interesse particular do partido e, dentro do partido, ao de cada indivíduo. O país que se lixe. A obsessão da Assembleia (e do Governo) é meramente táctica: o voto, a vantagem imediata, o efeito na televisão ou na imprensa. É uma obsessão estéril e torpe. Não, de facto, não há homens.


18 dezembro, 2009

O regresso a casa



Após 32 dias de greve de fome, Aminetu Haidar regressa ao Sara Ocidental, graças à intervenção diplomática da França e dos EUA.

Uma boa prenda de Natal



Pedro Santana Lopes: "Se eu sair do PSD não volto".

17 dezembro, 2009

O que se leva desta vida



Foi esta a reacção dos idosos à peça do S. Luís "O que se leva desta vida"....



Alteração do plano de estudos no básico


A tutela quer mexer nas horas e nas disciplinas. A Ministra está preocupada com trabalho na sala de aula e a manutenção dos alunos nas escolas por mais tempo.


16 dezembro, 2009

A adjudicação do Magalhães


A Comissão Europeia já não tem dúvidas de que o processo de adjudicação directa dos computadores Magalhães à JP Sá Couto constitui uma infracção ao direito comunitário do mercado interno e já o fez saber ao Governo.

15 dezembro, 2009

Barbárie


Uma mulher de 75 anos foi condenada a 40 chicotadas e a quatro meses de prisão na Arábia Saudita, por se ter encontrado com homens que não eram da sua família. A denúncia é da Amnistia Internacional.

Recolha de Pilhas e Baterias Usadas ajuda IPO de Lisboa


Tendo como lema "Renove esta Energia e ajude o IPO", encontra-se em curso até dia 31 de Dezembro a primeira campanha nacional de recolha de pilhas e baterias usadas. Os resultados desta iniciativa revertem a favor do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa.

Além da dor


Rui Tavares, Público

A eficácia da greve de fome não tem uma explicação fácil. Ela é paradoxal na medida em que, num dado conflito, oferece ao adversário aquilo que ele mais deseja - o nosso enfraquecimento. Mais ainda: nesse conflito, a greve de fome oferece o enfraquecimento da parte que já é a mais fraca. Quem está a ganhar não faz greve de fome. Mas para quem está a perder ela pode ser a última opção. Quanto mais debilitado fica o perdedor, mais desumano e inflexível parece o ganhador. O perdedor ganha com a sua fraqueza; o ganhador perde com a sua força. As questões morais conseguem assim inverter, momentaneamente, a polaridade política.

A greve de fome precisa de tempo. Ela dá a todos ocasião de ponderar posições, temperar atitudes, saber de que lado se deseja estar. Mas, à medida que se prolonga, a sua urgência ruge. Ninguém mais sabe quanto tempo aguentará aquela vida e cada momento de teimosia (por parte dos responsáveis) ou de inacção (por parte de todos nós) se torna intolerável. Amanhã fará um mês desde que Aminatu Haidar, activista da causa da autodeterminação sarauí e mulher de saúde débil, iniciou uma greve de fome. Não sei se ela estará viva quando esta crónica for publicada - o que quer dizer que eu já deveria tê-la escrito antes.

É importante para a eficácia da greve de fome que as reivindicações em causa sejam razoáveis, além de justas. Independentemente do que acharmos sobre a causa que Aminatu Haidar defende (já lá vamos), reconheça-se que a sua reivindicação é das mais razoáveis: que a deixem voltar para a sua cidade e a sua família.

Ao fazê-lo, ela não mata nem força ninguém, a não ser a si mesma. As armas que ela usa não são suas, mas nossas: as do nosso desconforto, da nossa vergonha, do nosso sentimento de culpa. Se aquela pessoa morrer será porque alguém não fez algo - e porque todos não fizeram tudo o que deveriam ter feito. A greve de fome faz de nós co-responsáveis. Os motivos que levam às greves de fome são por vezes brutais e desumanos; mas as razões pelas quais elas às vezes funcionam são daquelas que nos fazem acreditar que afinal sempre há uma humanidade com emoções e sentimentos comuns (oxalá).

O cabo Bojador é talvez o ponto mais conhecido da terra de Aminatu Haidar, a uns duzentos quilómetros para sul da cidade onde vive, a capital El Aaiún. Para os portugueses é-o certamente, por causa dos Descobrimentos e de dois versos de Fernando Pessoa: "Quem quer passar além do Bojador/ Tem que passar além da dor."

O Reino de Marrocos passou além do Bojador em 1976, invadindo o território do Sara Ocidental ao aproveitar uma descolonização mal-amanhada por parte de Espanha, que o administrava. Dessa vez foi fácil. Manter o país do cabo Bojador foi mais difícil; centenas de milhares de tropas e um conflito prolongadíssimo com os sarauís que teimosamente pretendem a autodeterminação. Mais difícil ainda será sair de lá. (Sim - é uma história quase igual à de Timor-Leste, que conhecemos tão bem.)

Tal como no poema de Pessoa, nunca é o Bojador físico o cabo mais importante, mas o Bojador metafórico e mental. O Bojador das nossas limitações, o mais difícil de todos. Para nós, é o Bojador da indiferença, da vontade de não ligar. Para Marrocos (tal como para a Indonésia antes da independência de Timor), o Bojador da teimosia, do medo de perder a face, do temor de aparecer fraco.

Enquanto Aminatu passa além da dor, todos temos os nossos cabos por dobrar.


Change learning



13 dezembro, 2009

A minha rua



Exercer a cidadania. Aqui

12 dezembro, 2009

Um "novo" modelo


O líder parlamentar do PSD, José Pedro Aguiar-Branco, disse hoje que o Governo “tem condições” para acordar até ao fim de Dezembro com os sindicatos um novo modelo de avaliação dos professores.
“Nem que trabalhe dia e noite, é possível que a senhora ministra da Educação encontre com os sindicatos uma plataforma de entendimento” nesse sentido, declarou Aguiar-Branco

Recauchutar e "martelar" é muito fácil. Fazer de novo, e com qualidade, nem por isso. Há domínios onde os ventos não são favoráveis a pressas e a acordos tácitos. Esperemos que o bom-senso (pre)domine.

11 dezembro, 2009

Conselho Executivo de Escola de Coimbra resiste até Julho


Os elementos do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas de Coimbra Inês de Castro, que há meses travam uma batalha jurídica com o Ministério da Educação, conheceram ontem a sentença da acção principal proferida pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra, que lhes foi favorável.

Contra aquele que foi o parecer da ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues, deverão manter-se nos cargos e cumprir os mandatos de três anos para que foram eleitos.

Em causa, neste processo, o novo modelo de gestão das escolas que, de acordo com o gabinete da ex-ministra da Educação, Maria Lurdes Rodrigues, determinava que até 31 de Maio de 2009 deviam estar escolhidos os directores em todos os estabelecimentos de ensino, sem excepção. Na generalidade das escolas do país, a decisão não encontrou resistência, porque os elementos dos CE já tinham terminado os respectivos mandatos ou abdicaram de o fazer.


07 dezembro, 2009

Please, help the world






Os novos anti-semitas


Rui Tavares, Público

Mohammed Atta, o terrorista que espetou o primeiro avião contra as Torres Gémeas de Nova Iorque, era diplomado em urbanismo, com uma tese de mestrado sobre uma das cidades mais antigas do mundo - Aleppo, na Síria - e discretamente detestava os arranha-céus "ocidentais" que ali eram construídos. Quando decidiu passar à acção, assassinando milhares de pessoas num dos edifícios mais conhecidos do mundo, Mohammed Atta sabia muito bem o que estava a destruir.

Minoru Yamasaki, o arquitecto que projectou as torres gémeas, era um apaixonado pela arquitectura islâmica. O seu edifício preferido era a Mesquita do Xá em Ispaão (ou Isfahan) no Irão. Um dos países onde trabalhou mais foi na Arábia Saudita, ao serviço da família real (talvez tenha mesmo chegado a usar os serviços de Muhamad bin Laden, o pai de um certo adolescente chamado Osama, futuro estudante de engenharia). E em diversas ocasiões escreveu sobre o seu interesse pela arquitectura islâmica.

Na sua autobiografia, o arquitecto descrevia as Torres Gémeas como "uma Meca de tranquilidade na Baixa de Manhattan". Aposto o meu diploma em História da Arte em como o complexo do World Trade Center era todo ele influenciado pela arquitectura islâmica, a começar pela Grande Mesquita de Meca. Desde a escultura central, evocando a pedra sagrada da Caaba, aos delicados pilares de alumínio cujas nervuras se unem em arcos mouriscos, até ao pavimento do pátio interior desenhado radialmente como as filas dos peregrinos na hajj. (Escrevi sobre isso uma peça de teatro e ensaio chamado O Arquitecto, para quem estiver interessado).

E a maior pista de todas estava, naturalmente, nas duas Torres Gémeas - os maiores minaretes do mundo.

Um dos melhores cronistas do mundo é um israelita chamado Uri Avnery. Ele sabe bem o que é o anti-semitismo. Quando nasceu na Alemanha o seu nome era Helmut Ostermann, mas a sua família teve de fugir do nazismo em 1933, estabelecendo-se na Palestina.

Ao saber do resultado do referendo na Suiça que proibiu a construção de minaretes nas mesquitas, Uri Avnery escreveu o seguinte:

"Parece que o anti-semitismo se deslocou de um povo semita para o outro. Na Europa do pós-Holocausto é difícil ser antijudeu, e por isso os anti-semitas se tornaram antimuçulmanos. É como dizemos em hebraico: a mesma senhora num vestido diferente."

Uri poderia ter acrescentado que até as manhas do velho anti-semitismo antijudeu e do novo anti-semitismo antiárabe se assemelham. Nos anos 30, os suíços tentaram afugentar os judeus proibindo alguns rituais de preparação de alimentos prescritos pela religião judaica.

Os novos anti-semitas podem até usar alguns dos argumentos que o Mohammad Atta usava antes de se tornar terrorista - que lutam contra a "descaracterização" das suas culturas, etc. Mas por detrás esconde-se a raiva a uma cultura em particular: Mohammed odiava os ocidentais, os novos anti-semitas odeiam árabes e muçulmanos. Nem o tentaram disfarçar proibindo outros edifícios, outras torres, outros templos de outras religiões.

Mas se quiserem ver a marca da arquitectura islâmica no seu país, basta olhar para as muitas igrejas góticas: foi apenas depois de verem as mesquitas de Jerusalém que os cristãos começaram a fazer edifícios altos, esguios, com os seus pilares nervurados, arcobotantes e torres pontiagudas. Os novos anti-semitas não conhecem sequer a sua própria cultura.


Maria correu a maratona para levar água a 85 mil pessoas


Uma das milhares de participantes na corrida de Lisboa tinha ontem uma meta diferente: angariar dinheiro para 54 poços em África

Quando Maria Buinen, 45 anos, chegou, na passada quinta-feira, a Lisboa, vinda de uma pequena terra na Guiné-Bissau, viu algo que os seus conterrâneos nunca viram: água a jorrar da torneira.

Maria conta que ficou parada a assistir a esse "espectáculo". ?"A primeira vez que vi, não queria sair dali", confessa. Para ter água em casa, Maria faz pelo menos dez quilómetros, duas a três vezes por dia. Uma maratona diária. Não admira, por isso, que ontem tenha encarado a participação na maratona de Lisboa como uma "brincadeira".

Chegou a Lisboa com fôlego, disposta a percorrer os 42 quilómetros da prova, para apresentar aos portugueses o projecto da organização não-governamental VIDA (Voluntariado Internacional para o Desenvolvimento Africano). Rosa Mota, antiga campeã portuguesa, europeia, do mundo e olímpica da maratona, apadrinha esta iniciativa, que pretende fundos para construir 54 poços de água com bomba em São Domingos, região do Norte da Guiné, junto ao Senegal, onde fica a aldeia de Suzana.

A organização da maratona decidiu, porém, dar descanso a Maria e inscreveu-a na corrida da família (minimaratona). Percorrendo 6,5 quilómetros ao lado de Rosa Mota, Maria chegou ao fim como se tivesse apenas contornado a esquina. "Aqui é só marchar, lá é trabalhar", atira, com a ajuda do intérprete.

Planeta





Hoje, 56 jornais em 44 países dão o passo inédito de falar a uma só voz através de um editorial comum sobre Copenhaga.
A Humanidade enfrenta uma terrível emergência!

05 dezembro, 2009

Lisboa à frente de Londres... pelas piores razões


A capital portuguesa já é mais cara do que a britânica no que toca à compra dos bens de consumo mais comuns, revela um estudo internacional.
Pode ter sido por causa da diferença de preços de um litro de leite, de um café ou de um simples Big Mac. A verdade é que, este ano, Lisboa já é mais cara do que Londres para comprar os bens de consumo mais comuns. Segundo um estudo da PriceRunner International, empresa que compara preços a nível mundial, a capital portuguesa está no 14.º lugar, um acima de Londres, que este ano deslizou uma posição.
Comparando os preços dos 26 produtos de consumo mais populares em 33 países, a PriceRunner International elegeu Oslo (Noruega), Copenhaga (Dinamarca) e São Paulo (Brasil) como as cidades mais caras do mundo. Acima de Lisboa ficaram ainda diversas cidades da Europa Central e do Norte, mas também outras como Sydney (Austrália), Tóquio (Japão), Cidade do Cabo (África do Sul), Moscovo (Rússia) e Istambul (Turquia). Apesar de ser actualmente mais cara do que Londres, a capital portuguesa está, contudo, 1,6 por cento abaixo da média global dos 33 países. A líder da tabela - Oslo - está 35,4 por cento acima da média.

04 dezembro, 2009

Mundial 2010: a ver vamos!





Grupo A: África do Sul, México, Uruguai e França
Grupo B: Argentina, Nigéria, Coreia do Sul e Grécia
Grupo C: Inglaterra, Estados Unidos, Argélia e Eslovénia
Grupo D: Alemanha, Austrália, Sérvia e Gana
Grupo E: Holanda, Dinamarca, Japão e Camarões
Grupo F: Itália, Paraguai, Nova Zelândia e Eslováquia
Grupo G: Brasil, Coreia do Norte, Costa do Marfim e Portugal
Grupo H: Espanha, Suíça, Honduras e Chile


Usos "pedagógicos" do magalhães


Notícia do Jornal de Notícias:
Crianças apanhadas a ver pornografia no Magalhães

Um grupo de crianças de uma escola do concelho da Maia foi apanhado por professores e auxiliares de educação a aceder a sites com conteúdos pornográficos em pleno recinto escolar, noticia o Jornal de Noticias de hoje.

Esperavam o quê? Que usassem o Magalhães para ver o pai natal?

Ainda a lavagem de cestos


Lima de Carvalho, arguido no caso da Universidade Independente (UNI), revelou hoje em tribunal que o dinheiro da UNI serviu para financiar uma campanha política do PSD, a eleição de um bastonário dos advogados e pagar viagens de deputados.

02 dezembro, 2009

Missão impossível


Barack Obama anunciou ontem à noite o envio de mais 30 mil soldados para o Afeganistão. Após meses de especulação, a América ouviu o Presidente explicar porque é que o reforço é a solução para vencer os talibãs e pôr fim à guerra.

O envio de 30.000 soldados suplementares para o Afeganistão é "de um interesse nacional vital" para os Estados Unidos, declarou o presidente norte-americano, revelando que os reforços vão custar 30 mil milhões de dólares a Washington.

01 dezembro, 2009

A falta de classe


Santana Castilho, Público

Perdoem hoje o estilo. A prosa sairá desarticulada, quais dardos soltos. Este artigo é, conscientemente, feito de frases curtas. Cada leitor, se quiser, desenvolverá as que escolher. Meu objectivo? Manter a sanidade mental. Escorar a coluna vertebral. Resistir. Este artigo é também uma reconfirmação de alistamento na ala dos que não trocam os princípios de uma luta pelo pragmatismo de um lance. Porque amo a verdade e a dignidade profissional como os recém-chegados ao mundo amam o bater do coração das mães. Porque não esqueço os que nenhum lance poderá já compensar. Porque com a partida prematura deles perderam-se pedaços da Escola que defendo. Porque pensar em todos é a melhor forma de pensar em cada um.

A avaliação do desempenho é algo distinto da classificação do desempenho. A avaliação do desempenho visa melhorar o desempenho. A classificação do desempenho visa seriar os profissionais. Burocratas que morreram aos 30 mas só serão enterrados aos 70 tornaram maior uma coisa menor. Quiseram reduzir realidades díspares à unicidade de fichas imbecis. Tiveram a veleidade kafkiana de particularizar em 150.000 interpretações individuais os objectivos de uma organização comum a todos. Convenceram a populaça de que se mede o intangível da mesma forma que se pesam caras de bacalhau. Chefiou-os uma ministra carrancuda, que teve o mérito de unir a classe. Chefia-os agora uma ministra sorridente, que já se pode orgulhar de dividir a classe. Porque, afinal, custa, mas não há classe. Há jogos! De cintura. De bastidores. De vários interesses. Parlamentares, sindicalistas, carreiristas e pragmatistas ajudaram à Babel. Da sua verve jorra a água morna de Laudicéia, a que dá vómitos.

Alçada derreteu o implacável Mário Nogueira que, em socorro da inexperiência da ministra, veio, magnânime, desculpar-lhe as gafes. E, cristãmente, entendeu agora, de jeito caridoso, que não seja suspenso o primeiro ciclo avaliativo. Esqueceu duas coisas: o que reclamou antes e que ciclos avaliativos são falácias de anterior ministra. Ciclos avaliativos, Simplex I, Simplex II e o último expediente (no caso, um comunicado à imprensa, pasme-se) para dizer às escolas que não prossigam com o que a lei estabelece são curiosos comandos administrativos. Uma lei má, iníqua, de resultados pedagogicamente criminosos, devia ter morrido às mãos do Parlamento. Por imperativo da decência, por precaução dos lesados, por imposição das promessas de todos. Quanto à remoção das mágoas, meu caro Mário Nogueira, absolutamente de acordo. Depois de responsabilizar os que magoaram. Depois de perguntar aos magoados se perdoam. Por mim, cuja lei foi sempre estar contra leis injustas, a simples caridade cristã não remove mágoas. Não sei perdoai' assim, certamente por falta de céu.

Agora, porque sou amigo de Platão mas mais amigo da verdade, duas linhas para Aguiar- Branco. Gostei de o ouvir dizer, a meu lado e a seu convite, que a avaliação do desempenho era para suspender. Mas não justifique a capitulação com a semântica. Poupe-me à semântica, porque a semântica não o salva. Enterra-o. Suspender é interromper algo, temporária ou definitivamente. É proibir algo durante algum tempo ou indefinidamente. Substituir é colocar algo em lugar de. Não só não tinha como não terá seja o que for, em 30 dias, para colocar em lugar de. Sabe disso. Bem diferente, semanticamente. Mas ainda mais importante nos resultados. O Bloco Central reanimou-se nas catacumbas e o PS agradeceu ao PSD o salvar da face. Mas os professores voltaram a afastar-se do PSD, apesar do arrependimento patético de Pedro Duarte. E, assim, o PSD falha a vida!

Um olhar aos despojos. Reverbera-se a falta de capacidade de muitos avaliadores para avaliar, mas homologam-se os "Muito Bom" e "Excelente", que significam mais 1 ou 2 pontos em concurso. Os direitos mal adquiridos de alguns valeram mais que os direitos bem adquiridos de muitos (como resolverão, a propósito, os direitos adquiridos dos "titulares" que, dizem, vão extinguir?). Porque toca a todos, muitos "titulares" que não tinham vagas de "titulares" em escolas que preferiam, foram ultrapassados em concurso por outros de menor graduação profissional, que agora lá estão, em almejados lugares de quadro. Ao mérito, há muito cilindrado, junta-se uma palhaçada final, em nome do pragmatismo. Muitos dos que foram calcados recordam agora que negociar é ceder. Mas esquecem que os princípios e a dignidade são inegociáveis, sendo isso que está em jogo. Um modelo de avaliação iníquo, tecnicamente execrável e humanamente desprezível, que não lhes foi aplicado ao longo de um processo, é agora aceite, em nome do pragmatismo, para não humilhar, uma vez, quem os humilhou anos seguidos.

Sócrates, que se disse animal feroz, vai despindo a pele. Mas não nos esqueçamos da resposta de um dos sete sábios da Grécia, quando interrogado sobre o mais perigoso dos animais ferozes. Respondeu assim: dos bravos, o tirano. Dos mansos, o adulador.

Vão seguir-se meses de negociações sobre o estatuto. O défice, que levou à divisão da carreira e às quotas, agravou-se. Se a desilusão for do tamanho da ilusão, tranquilizem-se porque a Fenprof ficará de fora, como convém, e a Fne poderá assinar um acordo com o Ministério da Educação, como não seria a primeira vez. Voltaremos então ao princípio. O que é importante continuará à espera. Mas guardaremos boas recordações de duas marchas nunca vistas.


Sete gestores públicos ganham mais que primeiro-ministro


O caso "Face Oculta" voltou a pôr os gestores das empresas públicas sobre escrutínio popular. Porém, enquanto o presidente da REN, José Penedos, nunca entregou uma declaração no Tribunal Constitucional (TC) nessa condição, são muitos os presidentes de empresas com capitais públicos que o fazem com regularidade. Conclusão: há pelo menos sete gestores públicos que ganham mais que o primeiro-ministro, que os nomeia. No topo salarial está Fernando Pinto, presidente do Conselho de Administração da TAP, que aterrou no primeiro lugar com um rendimento oito vezes superior ao de José Sócrates e cerca de 140 vezes maior de quem ganha o salário mínimo. No total são 816 330 euros por ano, segundo a declaração entregue em Junho no TC.

A lição de 1 de Dezembro de 1640



Quando algo não vai bem no Reino da Dinamarca, há que "meter mãos à obra" e alterar o status quo.

Com a assinatura dos 27 nasce hoje uma UE diferente



Uma União Europeia (UE) diferente da actual vai emergir a partir de hoje com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, que vai reger a vida das instituições comunitárias por longos anos ou mesmo décadas.

30 novembro, 2009

Desgovernar



"Assistimos atónitos a um Governo que decidiu desmentir-se a si próprio. A avaliação dos professores era para manter, mas já caiu. As taxas moderadoras não podiam acabar nos internamentos e cirurgias, mas já acabaram. O enriquecimento ilícito não podia ser crime, mas afinal vai ser. (...) Chamar a isto um Governo é boa vontade."
Ângela Silva, na Rádio Renascença.

29 novembro, 2009

Definir família


Daniel Sampaio, na Pública

Num recente debate televisivo sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, foi argumentado que esta alteração legislativa seria "contra a família". Em muitos artigos de opinião, partilha-se esta ideia e crescem os contributos na defesa dessa instituição "civilizacional", a família composta por um casal heterossexual e respectivos filhos.

Não esqueço que esse é o modelo predominante no nosso país, nem ignoro o facto de termos sido educados em seu redor. Compreendo até que se diga como esta estrutura é fundamental e por isso deva ser defendida. Tenho, no entanto, mais dificuldade em admitir as críticas aos modelos organizativos diferentes da família nuclear intacta, como se daí viesse logo mal ao mundo.

O discurso sobre a família está cheio de pressupostos ideológicos. De um lado, os "familialistas", nome por que designo os defensores acérrimos de que a virtude está só nos agregados familiares "tradicionais", com casais intactos e filhos de ambos, todos a viver sob o mesmo tecto. No extremo oposto do fundamentalismo, todos aqueles que consideram a família qualquer coisa de retrógrado e em vias de extinção, porque o que existiria agora seriam uniões voláteis sem definição prévia.

Para mim, faz todo o sentido falar de famílias (no plural) e procurar uma definição que englobe as novas organizações familiares, ao mesmo tempo que defendo a promoção de políticas flexíveis que respeitem essa diversidade. É assim que tento definir família(s) como um espaço emocional com práticas familiares (guarda, sustento, apoio, educação, afectividade, valores...), sem limites rígidos de residência, casamento ou orientação sexual dos cônjuges, no qual sobressai a preocupação com o cuidar dos seus membros. Nesta divisão englobo a família nuclear "tradicional", a família monoparental, os agregados familiares reconstituídos, os casais do mesmo sexo com ou sem crianças, os casais living aparttogether com ou sem filhos a seu cargo e muitos outros modelos de vida gregária existentes ou que o futuro definirá.

Nada me impressiona nesta diversidade de estruturas, se tiver a certeza de que a preocupação com o cuidar está no topo das preocupações; e se a ética no relacionamento for o valor fundamental a preservar em todos os momentos. Os progenitores de uma determinada criança podem viver em diferentes casas, mas partilharem as responsabilidades educativas em relação aos filhos de ambos. Um pai "afectivo" pode estar mais tempo junto de um jovem, mas a presença ocasional do pai biológico pode ser enriquecedora para o adolescente, desde que uma avaliação criteriosa a considere pertinente. A verdade é que a fragilidade do elo conjugal e o consequente aumento dos divórcios provocou uma nova reflexão sobre a família, prevalecendo hoje a ideia de que deve haver uma autoridade parental partilhada e relações constantes, em vez da escolha de um progenitor em detrimento de outro.

Deveremos centrar a nossa atenção na procura da estabilidade e no reconhecimento da ética de cuidar que caracteriza alguns dos modelos organizativos da família actual, sem criticarmos a sua existência ou sem à partida os considerarmos disfuncionais. Infelizmente, muitos técnicos da área psicossocial depressa desqualificam os novos modelos familiares porque estão condicionados por modelos "clássicos" de família que não correspondem ao que encontram no terreno; e muitos juristas vão no mesmo sentido, ao não reconhecerem que mais do que um adulto pode ter uma conexão legal com a criança (pai "biológico" + pai "afectivo", por exemplo).

Não avançaremos no apoio às crianças se partirmos do pressuposto de que elas só serão bem cuidadas em atmosferas familiares "tradicionais". Outros modelos podem ser competentes, ter recursos e cumprirem as responsabilidades parentais

28 novembro, 2009

Os dez vídeos mais populares


O site Read Right Web fez uma listagem dos 10 vídeos mais populares de sempre no YouTube, tendo chegado à conclusão que nesta lista os vídeos de música são os mais vistos, quer se trate de músicos amadores quer profissionais.

No primeiro lugar da lista está o vídeo denominado «Evolution Dance», que foi colocado no YouTube em Abril de 2006, tendo registado 55.8 milhões de visionamentos.

Seguem-se três vídeos de música, dois de profissionais, com Avril Lavigne no segundo lugar e My Chemical Romance em terceiro e um vídeo, denominado Guitar, em que um amador toca guitarra.

No quinto lugar está um vídeo de comédia (SNL-Digital Short – A Special Christmas Box). Sendo que a completar os dez mais estão três vídeos de músicos profissionais, um que não tem qualquer categoria definida e um pop vídeo amador, proveniente e alguém de Hong-Kong.

27 novembro, 2009

Inovar em educação, educar para a inovação



Conferência de ontem do Prof. Dr. António Dias Figueiredo na Faculdade de Ciências


26 novembro, 2009

A revolução da electrónica aproxima-se


Investigadores da Universidade de Twente, Holanda, conseguiram transportar dados recorrendo a movimentos de electrões. A próxima geração de PCs pode já usar este método.

Professores portugueses querem mais formação


Os professores portugueses são os que mais pedem formação profissional. Num inquérito feito em 23 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), os portugueses estão à frente dos insatisfeitos entre os estados-membros da União Europeia, 76 por cento pede mais. Os belgas são os mais satisfeitos com apenas 31 por cento a pedir mais formação.

Portugal abaixo da média europeia em relação à educação


Portugal está abaixo da média da União Europeia no que respeita ao cumprimento dos objectivos da Estratégia de Lisboa para a educação e formação até 2010, mas Bruxelas destaca progressos entre 2000 e 2008, num relatório hoje divulgado.
Segundo o relatório da Comissão Europeia, Portugal está abaixo da média europeia no que respeita à frequência do ensino pré-escolar, com uma taxa de 86,7 por cento em 2008 (78,9 por cento em 2000), sendo a média da UE (UE27) de 90,7 por cento.

O resultado previsto para 2020 é ter 95 por cento de crianças de quatro anos a frequentar o ensino pré-escolar.

Por outro lado, em Portugal, 24,9 por cento dos estudantes de 15 anos têm um mau desempenho na leitura e na matemática a percentagem sobe para 30,7. A média europeia é de 24,1 por cento e de 24 por cento, respectivamente, de desempenhos aquém do objectivo, sendo a meta traçada para 2020 de 15 por cento.

A taxa de abandono escolar precoce é outro indicador em que Portugal fica abaixo da média: 35,4 por cento dos estudantes entre os 18 e os 24 anos desistiram da escola ou da formação profissional em 2008 (43,2 por cento em 2000), contra 14,9 por cento na UE27 (17,6 por cento em 2000). A meta da Estratégia de Lisboa é de 10 por cento, que se mantém para 2020.


Ministério da Educação vai eliminar divisão da carreira docente


O Ministério da Educação vai eliminar a divisão da carreira docente, confirmou Dias da Silva, da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), no final do encontro com o secretário de Estado da Educação, Alexandre Ventura. Hoje continuam as reuniões com as estruturas sindicais dos professores sobre o calendário negocial relativo ao Estatuto da Carreira Docente e ao modelo de avaliação.

Na proposta hoje apresentada aos sindicatos, o Ministério continua a defender a existência de uma prova de ingresso na profissão - uma medida consagrada no Estatuto da Carreira Docente aprovado em 2007 - e sobretudo propõe a existência de vagas para a progressão dos docentes para o 3º, 5º e 7º escalão da carreira. Ou seja, em vez da progressão ser apenas ditada pela antiguidade e pela avaliação do docente, passará também a estar dependente da abertura de vagas.

24 novembro, 2009

A apologia da ignorância


Pedro Lomba, Público

Vital Moreira, que escreveu na última terça-feira neste jornal contra a "campanha de perseguição" que atribui aos que têm como único objectivo apurar na esfera política o conteúdo das conversas entre José Sócrates e Armando Vara, não pode ser o mesmo que há uns anos, quando o ex-ministro da Defesa Paulo Portas estava a ser sovado em público no caso da Universidade Moderna, publicou um texto intitulado Responsabilidade política.

Esse artigo de Vital Moreira, escrito em 2002, ajudava a perceber por que é legítimo transpor para o debate político o conteúdo de factos noticiados num inquérito criminal que suscitem um forte juízo de censura à honorabilidade e conduta de um membro do Governo. Responsabilidade política e responsabilidade criminal, explicava o jurista, não se excluem nem se confundem, envolvendo juízos de censura e procedimentos institucionais distintos.

Paulo Portas nunca foi arguido no caso da Universidade Moderna, que dizia até respeito a factos anteriores ao exercício das suas funções, mas era ministro. Mas esse ponto não impediu muitos como Vital Moreira de apelar ruidosamente à responsabilização e condenação política do ex-ministro. Aquilo que está agora em debate não tem comparação, visto que se trata do esclarecimento devido pelo primeiro-ministro sobre o tema mais controverso da sua governação: a interferência na independência da comunicação social. Mas Vital Moreira, agora do lado do Governo, esqueceu-se de aplicar a mesma grelha de valores por puras razões de afinidade política.

Convém por isso insistir: se um primeiro-ministro, reeleito há dois meses, utilizou o poder do Estado para interferir na independência da comunicação social, punindo grupos de media que publicam notícias que lhe são desfavoráveis e protegendo outros que papagueiam a mensagem governamental, tem de esclarecer tudo o que tiver resultado de conversas acidentais com suspeitos objecto de escutas "irritantemente válidas", como disse Costa Andrade no PÚBLICO de quarta-feira.

Certamente que as fugas de informação são crime: investiguem-se e sancionem-se os responsáveis. É essa a resposta institucional que lhes deve ser dada. Se for necessário, reforme-se o sistema. Já os sinais de conduta irregular do primeiro-ministro devem gerar os procedimentos de responsabilidade política perante os órgãos que o fiscalizam: o Parlamento e o Presidente. A necessidade de esclarecimento dessas declarações é ainda reforçada pela circunstância de que a última campanha eleitoral ficou marcada pela publicação pelo DN do famoso email do PÚBLICO no caso das escutas ao Presidente e pelo cancelamento do Jornal Nacional da TVI.

Muitos, incluindo o próprio Vital Moreira, pretendem convencer-nos de que é inaceitável, perigoso e mesmo "imoral" responsabilizar politicamente José Sócrates. Vale então a pena reler aquilo que ele escreveu em 2002:

"Existe uma separação entre o foro judicial e o foro político, mas nada impede uma acusação (e eventual condenação) na ordem política, porque se trata de um juízo totalmente distinto e independente da ordem penal (...) Num país democraticamente maduro, o que estaria em discussão era a substância do problema (ou seja, a censurabilidade política dos factos em causa) e não a legitimidade ou pertinência da apreciação da conduta do ministro do ponto de vista da sua responsabilidade política."

É uma pena o Vital Moreira de 2002 ter desaparecido.

23 novembro, 2009

O sucessor do magalhães




O Ministério da Educação vai abrir um concurso internacional em Dezembro para escolher o computador usado pelos alunos do ensino básico. As inscrições para o Magalhães (ou o sucessor) já estão abertas.
Com o lançamento de um concurso internacional, o Ministério da Educação opta por um modelo de produção e encomenda diferente do que esteve na origem do e-escolinhas e da criação dos já célebres Magalhães fabricados pela da JP Sá Couto. O que, na prática, significa que a próxima leva de alunos do ensino básico pode passar a usar máquinas concorrentes do Magalhães, que venham a ganhar o concurso internacional.

O concurso Internacional tem em vista a aquisição de portáteis para os anos lectivos 2009/2010 e 2010/2011 e vai ser lançado em Dezembro.

O Ministério da Educação reitera que o Concurso vai "garantir que todos os alunos matriculados, no presente ano lectivo, no 1.º ano do ensino básico, terão acesso a um computador portátil, adaptado a este nível de ensino, para utilização no processo de aprendizagem, nomeadamente em ambiente de sala de aula".

Os alunos que ainda não têm computador já podem ser inscritos no Portal das Escolas, a partir de hoje.

O tempo.... esse grande escultor


A ministra da Educação considerou hoje "um tempo curto" o prazo de 30 dias recomendado sexta-feira pelo Parlamento para o Governo apresentar um novo modelo de avaliação dos professores, esclarecendo que o processo poderá não ficar fechado nesse período.

21 novembro, 2009

Nova moda: cirurgia vaginal


Depois dos implantes mamários, do colagénio nos lábios e da lipoaspiração, eis a... labioplastia. A redução cirúrgica dos lábios vaginais está a tornar-se frequente em Inglaterra, de acordo com dados publicados no British Journal of Obstetrics and Gynaecology, que revelam um aumento de 70% neste tipo de cirurgias, e apenas o sistema de saúde público.

As mulheres com lábios vaginais grandes queixam-se de algum desconforto ao utilizar roupa justa ou ao ter relações sexuais, por exemplo, mas são raros os casos que obriguem a labioplastias por motivos estritamente médicos. De facto, a estética é a principal impulsionadora destas cirurgias íntimas, de acordo com os dados ingleses. As mulheres querem ter a área genital mais bonita, estando dispostas a pagar cerca de 3 mil euros para o conseguirem.

20 novembro, 2009

Ana Drago exige a suspensão do modelo de avaliação



Lisboa é de todos


Cara (o) cidadã (o),
No seguimento da sua participação em 2008 no Orçamento Participativo de Lisboa (OP), vimos convidá-lo a participar na 2ª edição desta iniciativa.
Este ano o OP destina-se aos cidadãos maiores de 18 anos, que podem participar apresentando uma proposta para a sua rua, bairro, freguesia, ou cidade em geral, referente a investimentos, manutenções, programas ou actividades, até ao montante de 5 milhões de euros.
Registe-se no site www.cm-lisboa.pt/op e participe nas seguintes fases:
• Fase 1 – até 29 de Novembro de 2009
Envio de uma proposta concreta. De seguida os serviços municipais fazem a sua análise técnica e adaptam a projecto.
• Fase 2 – 14 a 20 de Dezembro de 2009
Votação de um projecto incluindo o custo estimado e previsão do prazo de execução.
Contamos com a participação de todos, porque todos são necessários para melhorar a qualidade de vida da nossa Comunidade.
Por isso, divulgue o Orçamento Participativo junto de amigos e conhecidos. E participe no processo marcando a diferença. Com a sua colaboração, conseguiremos dar um novo impulso a Lisboa!
Lisboa, Novembro de 2009
Com os melhores cumprimentos,
Graça Fonseca
Vereadora da Modernização Administrativa
Lisboa é de todos.
Todos têm uma palavra a dizer.
Orçamento Participativo.


Projecto do PSD sobre avaliação docente passa com abstenção do PS


O projecto de resolução do PSD sobre a avaliação dos professores e o novo estatuto da carreira docente foi hoje aprovado no Parlamento. O documento contou apenas com os votos favoráveis dos social-democratas e com a abstenção do PS e dos restantes partidos da oposição.
Já os outros sete diplomas da oposição, que visavam suspender o actual modelo de avaliação e acabar com a divisão da carreira docente em duas categorias hierarquizadas, foram chumbados – o que levou a declarações de voto orais por parte do BE, PCP e CDS que criticaram o PSD por só ter deixado passar a sua proposta e ter inviabilizado as da oposição.
O diploma do PSD recomenda ao Governo o fim da divisão da carreira em duas categorias e a criação de um novo modelo de avaliação no prazo de 30 dias, além de defender que no primeiro ciclo avaliativo, que está a terminar, não haja professores penalizados em termos de progressão da carreira devido a diferentes interpretações da lei.


Notícia



O BCP vai patrocinar uma nova modalidade desportiva. É o assalto à Vara...

19 novembro, 2009

Avaliação professores: propostas da oposição debatidas quinta-feira no Parlamento


Esta quinta-feira é o dia do grande teste ao modelo de avaliação dos professores. O Parlamento discute os vários projectos dos partidos da oposição. Mas há uma particularidade: a oposição, em peso, quer acabar com o modelo lançado por Maria de Lurdes Rodrigues, mas ainda ninguém sabe se na hora das votações, haverá maioria de votos.


18 novembro, 2009

O fundo da linha


http://www.greenpeace.org/portugal/videos/o-fundo-da-linha?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=roadtour4b

Sócrates mentiu ao Parlamento sobre a TVI


As escutas do processo ‘Face Oculta’ provam que o primeiro-ministro faltou deliberadamente à verdade quando disse no Parlamento que desconhecia o negócio da compra da TVI pela PT, avança a edição do SOL desta sexta-feira.

17 novembro, 2009

PSD diz que houve «grande evolução do PS» e nega ter mudado de posição


O deputado social-democrata Pedro Duarte considerou, esta terça-feira, que houve uma «grande evolução do PS» quanto à avaliação e ao estatuto da carreira dos professores e negou que o PSD tenha mudado de posição nestas matérias.

«O PS, designadamente o primeiro-ministro, diz que vê com bons olhos a proposta do PSD. Isso, evidentemente, deixa-nos com grande satisfação até porque revela uma grande evolução do PS face às posições que sempre tinha assumido», declarou Pedro Duarte no Parlamento.

Questionado se não houve nenhuma cedência do PSD ao PS ao apresentar um diploma que não propõe a suspensão, mas sim a substituição do actual modelo de avaliação dos professores no prazo de 30 dias, Pedro Duarte respondeu: «Nós apresentámos o nosso projecto de resolução de acordo com aquilo que sempre foi a nossa posição.»

14 novembro, 2009

Amesterdão





Por aqui está-se bem.....


11 novembro, 2009

O Governo vai mexer na avaliação de professores no final do ano


Isabel Alçada, a nova ministra da Educação, não vai suspender o actual modelo de avaliação dos professores mas promete fazer os "ajustamentos" que forem "necessários" até ao final do ano.

"Esperemos que até Dezembro se encerre um ciclo de avaliação e possamos partir para outro", afirmou a governante após uma reunião com os sindicatos de professores.

Ainda assim, declarou a ministra, "não há qualquer suspensão. O modelo de avaliação não pode ser suspenso. O primeiro ciclo está quase a terminar e há muito trabalho realizado que tem de ser considerado".

Isabel Alçada garantiu, contudo, que "há abertura para dialogar com os professores" e admitiu ser necessário "avançar para uma nova forma de trabalhar", não havendo "nada que se considere definitivo" nesta altura.


10 novembro, 2009

O degredo dos tempos modernos


José Vítor Malheiros, Público

A Internet é hoje o meio através do qual se exerce uma parte fundamental da cidadania


O Conselho Europeu e o Parlamento Europeu alcançaram na semana passada um acordo que visa reduzir o download através da Internet de obras sujeitas a direitos de autor sem que sejam pagos os respectivos royalties.

A directiva ainda tem de ser confirmada pelo Parlamento Europeu, mas ela deverá permitir que um utilizador possa vir a ser impedido de aceder à Internet como sanção. Os termos em que isso acontecerá ainda não são claros. De facto, ainda que o acordo estipule que o corte do acesso à Internet "respeitará os direitos individuais", não é ainda claro que ele passe obrigatoriamente por um juiz.

Que o corte do acesso só tenha lugar após uma decisão judicial que prove a responsabilidade do autor do acto, parece uma obrigação elementar. Mas é significativo dos tempos que vivemos e do ataque aos direitos individuais que haja quem defenda que a sanção seja aplicada pelos fornecedores de acesso à Internet (ISP), sem mais considerações, a todos os que possam parecer estar a infringir a lei.

Que a nova norma será difícil de aplicar é evidente. Basta pensar num computador doméstico, usado por todos os membros de uma família. Se o corte do acesso for decidido unilateralmente pelo ISP, sem processo e sem direito a defesa nem exigência de prova, tratar-se-á de uma prepotência inaceitável que justificará as mais violentas reacções de rejeição por parte dos utilizadores.

Mas mesmo que haja um processo judicial, como se tentará provar a responsabilidade de um dado membro da família? Para isso ser levado a cabo não podemos senão imaginar uma profunda devassa da vida privada de todos os elementos da família - interrogatórios separados com acareação? Estímulos à delação? Interrogatórios aos amigos para confirmar as preferências musicais de cada membro da família?

Ou será que se prescindirá da responsabilização individual e se criará a nova figura de "responsabilidade familiar", condenando todos os membros da família ao exílio da Internet?

E isto para além de uma questão prévia não menos importante: como sabem os ISP que alguém, através daquele computador, está a fazer download de um dado filme ou de um dado CD senão através de uma devassa da sua vida privada? Não se perceberá que, em nome da defesa dos direitos de autor, se estão a destruir princípios que não são menos importantes?

Quando os ISP (e outras empresas) nos diziam que, de vez em quando, davam uma olhadela ao nosso tráfego sempre nos juraram pela sua saúde que apenas o faziam para obter estatísticas e para detectar problemas técnicos e sempre nos garantiram que nunca tentariam saber o que fazia cada utilizador individual. A nova directiva vem provar que todas essas promessas e protestos eram falsos. Se não o fossem, os ISP estariam na primeira linha da recusa da nova norma europeia.

Que a nova norma se vai revelar inútil todos o sabemos. Há mais de uma maneira de esfolar um gato - ou de aceder a música e filmes com direitos sem pagar um tostão. A lei será, quando muito, um incentivo a formas mais sofisticadas de pirataria. Que a nova norma é injusta (e insensata) também sabemos. Os piratas que a indústria estupidamente persegue constituem o grosso dos compradores das obras de autor.

Mas o que a nova norma não esconde é o conceito que permeia de forma cada vez mais violenta as nossas sociedades: em nome da defesa dos direitos das empresas, todos os atropelos aos direitos individuais são permitidos.

A Internet não é hoje uma forma de entretenimento. É o meio através do qual se exerce uma parte fundamental da cidadania. Amputar um cidadão dessa ferramenta constitui uma punição semelhante a um degredo, uma negação do exercício de direitos cívicos fundamentais.

Agora estão a levar os nossos vizinhos e não ligamos. Um dia virão buscar-nos a nós e será tarde.

Nokia substitui 14 milhões de carregadores


O maior fabricante mundial de telemóveis, a finlandesa Nokia, anunciou esta segunda-feira que irá substituir 14 milhões de carregadores de telemóveis eventualmente perigosos para os seus utilizadores, de forma completamente gratuita.
Os equipamentos em causa, fabricados pela chinesa BYD, são os modelos AC-3E e AC-3U, produzidos entre 15 de Junho e 9 de Agosto, e AC-4U, entre 13 de Abril e 25 de Outubro deste ano.
Os equipamentos com estes carregadores foram vendidos sobretudo na Europa e América do Norte.
Segundo a Nokia, a cobertura plástica dos carregadores poderá não ser capaz de proteger os utilizadores contra eventuais choques eléctricos, sempre que os mesmos se encontram ligados à corrente.


Óculos tradutores


A NEC anunciou uns óculos capazes de "ouvir" idiomas estrangeiros e traduzi-los em tempo real. As traduções são apresentadas sob a forma de legendas nas lentes dos óculos.

07 novembro, 2009

Ex-ministro defende «base de consenso» para resolver problema da avaliação de professores


Júlio Pedrosa entende que a questão que rodeia a avaliação dos professores não faz sentido. Este ex-ministro da Educação explicou que é necessário construir uma base de consenso a partir dos aspectos em que todos os partidos concordam.

O antigo ministro da Educação Júlio Pedrosa entende que a questão que rodeia a avaliação dos professores não faz sentido e que a suspensão do actual modelo não passa de uma simples questão de linguagem.

Ouvido pela TSF, este ex-governante entende que «seria um serviço ao país encontrar modos de construir uma base de consenso» a começar pelo facto de que deve existir um sistema de avaliação, algo que tem o acordo dos diferentes partidos.

Júlio Pedrosa assinalou ainda que outra das questões que também tem a concordância dos partidos, e por onde se poderia começar a construir, é o facto de o actual sistema ter «fragilidades» e necessitar por isso de ser corrigido.

Ministra da Educação começa a receber sindicatos na terça-feira


A ministra da Educação já começou a convocar os sindicatos para reuniões sobre o processo de avaliação dos professores.
A abertura para negociações com os sindicatos foram anunciadas na quinta-feira pelo primeiro-ministro.

Na próxima terça-feira, Isabel Alçada, vai receber, por exemplo, o Sindicato Independente de Professores e Educadores.


06 novembro, 2009

Os velhos do Restelo


Vasco Pulido Valente, Público

Há anos que ouço os políticos condenarem o pessimismo nacional. Quando as coisas não correm bem, todos se queixam da influência dos "velhos do Restelo" (sem perceber, evidentemente, o que representa o "velho do Restelo"). É como se o entusiasmo, a fé, ou a inconsciência de meia dúzia de pessoas, que se podem fazer ouvir, mudasse o mundo. Isto dantes ficava reduzido a menos de meia dúzia de "comentadores", que o governo não gostava de ouvir. Cavaco inaugurou o muro das lamentações. Mas foi seguido por Guterres, por Barroso, por Santana e agora por Sócrates, que se proclama um "resistente" (à crise, evidentemente) e acusa a oposição de "se resignar". Só que hoje os "comentadores" não são o único problema. Nem se quer o maior.

Gente da direita e da esquerda, com prestígio e, o que é pior, com autoridade, fala do país como falavam antigamente os "comentadores". E o número de "velhos do Restelo" aumenta dia a dia. Claro que, desde o princípio, Sócrates transformou a política numa comédia de enganos, que já não engana ninguém; e que as circunstâncias não encorajam a credulidade do cidadão comum. Ainda por cima, não existe maneira de atribuir a longa estagnação da economia portuguesa, o défice do Estado, a dívida externa e o afastamento da "Europa" ao carácter depressivo e malévolo de uns tantos "descontentes". No Restelo, estão agora economistas com números e bastam esses números para justificar as profecias mais lúgubres. Parece que, afinal, os pessimistas tinham razão.

Numa semana (e falta ouvir Medina Carreira), Silva Lopes, Ernâni Lopes, Campos e Cunha e Bagão Félix mostraram bem como o desânimo se tornou irreversível. Ernâni Lopes resumiu o sentimento geral. "Esta década", disse ele, "é uma década sem garra, sem ideias, sem verdade, sem força, sem lucidez, sem substância... (É) uma década de incapacidade na visão estratégica e de fantasia na leitura da realidade económico-financeira... (É uma década de um) permanente esforço exibicionista sem conteúdo e uma expressão sem nobreza... Nunca vi nada assim." Convém lembrar que, nesta década (de facto, quase década e meia), governaram Portugal Guterres, Barroso, Santana e Sócrates. No total, 11 anos de PS, três de PSD. E Sócrates continua.

Sócrates anuncia negociações com sindicatos sobre avaliação dos professores


O primeiro-ministro anunciou ontem a abertura imediata de negociações da ministra da Educação com os sindicatos dos professores sobre o polémico dossier da avaliação, no seu discurso de apresentação do Programa do Governo.

“O Governo deseja um diálogo [com os professores] e um diálogo com resultados”, afirmou José Sócrates aos deputados, ao mesmo tempo que garantia que não quer “ajustar contas com o passado” num dossier, o dos professores, que lhe valeu muita contestação e duas das maiores manifestações do seu primeiro maandato.

Sem grandes pormenores, Sócrates informou que a ministra da Educação, Isabel Alçada, “tomará de imediato a iniciativa” do diálogo com os sindicatos representantivos dos professores”. “Com abertura de espírito. Mas também sabendo o que quer e o que não quer”, afirmou.

O executivo, garantiu, quer uma “avaliação séria e justa dos professores, que permita distinguir e valorizar o mérito”.

Juiz diz: "demonstrado" que Godinho recorreu a Vara


O juiz de instrução validou, em toda a linha, as suspeitas do Ministério Público, dizendo que Manuel Godinho, o principal arguido, era o "centro nevrálgico" de uma associação criminosa. António Costa Gomes subscreveu ainda a tese do MP em relação ao papel de Armando Vara no caso.

Vai ser possível cortar acesso à Net a piratas sem decisão de juiz


Os governos dos 27 estados-membros da UE e o Parlamento Europeu aprovaram uma nova regulação das telecomunicações que permite cortar os acessos à Net de piratas, sem uma decisão de um juiz.
O El Pais informa que o acordo foi alcançado esta madrugada, depois de os representantes dos governos da UE terem convencido os representantes do Parlamento de Europeu a "deixar cair" o ponto que estipulava que só um juiz poderia decidir o corte dos acessos à Net.
Em contrapartida, os representantes do Parlamento Europeu exigiram que a nova regulação das telecomunicações inclua o princípio da proporcionalidade, do respeito pela democracia e da presunção da inocência dos cidadãos.
Do mesmo modo, a nova regulação preconiza a aplicação de medidas de aviso dos infractores antes do corte dos acessos e contempla o recurso dos cidadãos sancionados a um juiz, caso discordem da medida.

A maravilhosa função pública



Realizado por 17 funcionários da Câmara Municipal de Portimão, que levaram três meses e meio de ensaio para conjugarem as vozes, o vídeo com o hino já se tornou um fenómeno no Youtube.

Segundo Adriano Pereira, o autor da letra, o objectivo é desmistificar uma ideia generalizada: “que os funcionários públicos não trabalham”. “Um dia destes, quando fomos tomar o café, às 10 horas, naqueles cinco minutos que temos, surgiu esta ideia. Decidi então abordar a questão das classificações dos funcionários, a burocracia que é pedir qualquer material para um serviço ou até o uso generalizado do email”, explicou aquele que é o quarto funcionário a surgir no vídeo.





05 novembro, 2009

Programa do governo



Foi hoje tornado público o Programa do Governo para a legislatura 2009-2013, disponível no Portal do Governo. Aqui ficam aqui apenas alguns excertos.

II – Conhecimento e Cultura
1. Mais e melhor educação para todos (p. 47)
2. Um contrato de confiança com o Ensino Superior (p. 52)
3. Renovar o compromisso com a Ciência (p. 55)
4. Investir na Cultura (p. 57)

Educação - OBJECTIVOS

Nestes termos, são cinco os objectivos fundamentais do Governo para esta legislatura:
• O primeiro é concretizar a universalização da frequência da educação básica e
secundária, de modo a que todas as crianças e jovens frequentem estabelecimentos
de educação ou formação, pelo menos entre os cinco e os 18 anos de idade;
• O segundo objectivo é consolidar e alargar as oportunidades de qualificação
certificada para os jovens e adultos que entraram no mercado de trabalho sem terem, pelo menos, habilitações equivalentes ao ensino secundário;
• O terceiro objectivo é continuar a desenvolver programas de melhoria da qualidade
das aprendizagens dos alunos;
• O quarto objectivo é reforçar os recursos, as condições de funcionamento, o papel e a autonomia das escolas;
• E o quinto objectivo é valorizar o trabalho e a profissão docente.


Valorizar o trabalho e a profissão docente (p. 51)
a) Acompanhar e avaliar a aplicação do Estatuto da Carreira Docente, no quadro de
processos negociais com as organizações representativas dos professores e
educadores, valorizando princípios essenciais como a avaliação de desempenho, a
valorização do mérito e a atribuição de maiores responsabilidades aos docentes mais
qualificados;
b) Acompanhar e monitorizar a aplicação, pelas escolas, do segundo ciclo de avaliação
do desempenho profissional de docentes e, no quadro de negociações com as
organizações representativas, garantir o futuro de uma avaliação efectiva, que produza consequências, premeie os melhores desempenhos, se realize nas escolas e incida sobre as diferentes dimensões do trabalho dos professores;
c) Promover programas específicos para a formação dos directores das escolas e dos
professores com funções de avaliação;
d) Prosseguir o reforço da autoridade dos professores na escola e na sala de aula,
bem como o reforço das competências e do poder de decisão dos directores na
imposição da disciplina, na gestão e resolução de conflitos e na garantia de
ambientes de segurança, respeito e trabalho nos estabelecimentos de ensino;
e) Desenvolver os programas de formação inicial e contínua para a docência, com
incidência especial nas competências utilizadas em sala de aula, designadamente na
capacitação científica e didáctica e integrando a formação contínua em programas
expressamente dirigidos à melhoria das aprendizagens, nomeadamente em
Português, Matemática, Ciências experimentais, inglês e TIC;
f) Promover o reforço das escolas em recursos profissionais que permitam a criação de equipas multidisciplinares adequadas ao apoio à actividade docente e à integração
dos alunos e das famílias, nomeadamente no domínio da orientação vocacional, do
apoio e trabalho social, na mediação. Promover, ainda, o reforço de quadros
especializados na gestão e manutenção dos equipamentos técnicos.


04 novembro, 2009

Oposição pode suspender modelo de avaliação dos professores, diz constitucionalista


O constitucionalista Paulo Otero referiu, em entrevista à TSF, que os partidos da oposição têm condições para suspender o modelo de avaliação de professores. No entanto, Paulo Otero alertou que o Governo pode travar, através de decreto-lei, a «coligação negativa» da oposição.

Outras notícias:
BE propõe avaliação sem quotas e apenas quando há mudanças de escalão
PCP diz que é urgente suspender actual modelo de avaliação dos docentes
FENPROF acusa Governo de «teimosia» na avaliação dos professores
BE quer «coligação pela positiva» para travar avaliação dos professores
FNE sublinha que oposição tem margem para encontrar alternativa à avaliação dos professores
Portas renova apelo a Sócrates sobre avaliação de professores

Para ouvir na TSF


01 novembro, 2009

A "vaga" Marcelo


Vasco Pulido Valente, Público

Parece que há uma "vaga" para levar Marcelo Rebelo de Sousa à presidência do PSD. Essa "vaga" consiste em declarações sucessivas de Paulo Rangel, de José Luís Arnaut, de Alexandre Relvas, de Azevedo Soares, de Matos Correia (para mim, um desconhecido) e de mais meia dúzia de "notáveis". Consta que este grupo, manifestamente organizado, é uma aliança entre "cavaquistas" (que andam com certeza por Belém) e de "barrosistas" (que Barroso abandonou), com o objectivo de continuar a política de Manuela Ferreira Leite. Marcelo, ele próprio, depois de ter declarado que não tornaria a entrar no "ringue" (um propósito reversível), não abriu a boca. A oposição, de Pedro Passos Coelho (como é óbvio) a Luís Filipe Menezes, ficou furiosa. E - embora elogiando o putativo candidato - os neutros, provavelmente a maioria, são muitos.

A primeira pergunta que se deve fazer é simples: poderá Marcelo unir o PSD? O PSD, ao contrário do que supõem alguns fantasistas, não se pode unir encontrando agora por milagre qualquer espécie de unidade ideológica, programática ou estratégica. Para isso, precisava de um papel claro e definido na sociedade portuguesa e de um apoio estável. Na ausência de uma coisa e outra, só se unirá à volta de uma pessoa - de um "chefe" - capaz de ganhar ao PS, e em geral à esquerda, e de o reinstalar no governo. É Marcelo essa pessoa? Os "populistas", que se julgam donos das miríficas "bases" do partido, dizem que não. E já denunciaram a "vaga" pró-Marcelo como um "gesto" "patético" e desesperado das "pseudo-elites" do PSD, "eminentemente" responsáveis pela catástrofe de Setembro. Mas, fora os lunáticos do costume, também gente sensata desconfia com razão do novo Messias.

Quando foi presidente do PSD, Marcelo acabou mal. Hoje, ao fim de treze anos de exílio, amadureceu e tem um certa gravitas, que dantes lhe faltava. Em teoria, é um "chefe" perfeito. Conhece o regime e o partido como ninguém; professor de Direito Público e com uma cultura económica respeitável, não corre o perigo de cair nas mãos de "peritos" sem senso ou sensibilidade social; fala "bem"; e, como é notório, "passa" optimamente na televisão. Só que há um vácuo no centro da personagem: um vácuo de convicção. Com duas páginas de jornal e um programa de meia hora por semana na RTP, no fundo ninguém sabe o que Marcelo verdadeiramente pensa, nem o que ele quer para ele e para o país. O que não deixa de ser inquietante.

31 outubro, 2009

Operação face oculta


Manuel Godinho, presidente da empresa de tratamentos de resíduos envolvida no processo ‘Face Oculta’, beneficiou de uma extensa rede de gestores ligados ao PS para conseguir os melhores negócios em várias empresas participadas pelo Estado.

O DIAP (Departamento de Investigação e Acção Penal) do Baixo Vouga e a Polícia Judiciária (PJ) de Aveiro entendem ter provas de que Armando Vara, vice-presidente do Banco Comercial Português (BCP), juntamente com os gestores Lopes Barreira (Consulgal), Paiva Nunes (EDP Imobiliária), Paulo Costa (Galp) e António Contradanças (Empoderf), Carlos Vasconcellos (Refer), José Penedos (presidente da Rede Eléctrica Nacional) e Paulo Penedos (assessor da Comissão Executiva da PT) ajudaram de forma ilegítima Manuel Godinho e o seu grupo O2 a ganharem concursos públicos naquelas e noutras empresas.

A PJ entende que Armando Vara, Paulo Penedos, Paiva Nunes, Paulo Costa e Carlos Vasconcellos receberam avultadas contrapartidas financeiras e patrimoniais para ‘abrirem as portas’ daquelas empresas participadas pelo Estado às empresas de Manuel Godinho.

... um polvinho, à portuguesa!

A carreira de um corrupto



Vasco Pulido Valente, Público

O dr. Mário Soares pediu esta semana à imprensa e à televisão que não insistissem no que ele chama "sensacionalismo" e percebessem, de uma vez, que o "sensacionalismo" não "paga": não "vende papel", nem aumenta audiências. Logo por azar três dias depois saiu um novo "escândalo" das profundezas do Ministério Público. Pior ainda: esse escândalo alegadamente envolve antigos membros de um governo PS e um velho amigo do primeiro-ministro. Em prosa tremendista, o Ministério Público declarou que há no caso uma "rede tentacular". Não sei se há "rede" ou não há "rede". Só sei, como sabe, ou desconfia, a maioria dos portugueses, que o regime se tornou numa enorme rede de corrupção. E não tenho a menor dúvida sobre a maneira como na prática isso aconteceu.

Basta imaginar a carreira típica de um corrupto. Começou por se inscrever num partido (no PS ou no PSD, evidentemente). Ou tinha influência, própria ou da família, ou conseguiu arranjar um "protector" (um empresário, um advogado, alguém com prestígio ou com dinheiro) para se promover a presidente da concelhia ou a qualquer cargo de importância. Daí passou para a administração central, para a Câmara do sítio ou, com muita sorte, para uma empresa pública. Com o tempo chegou a uma situação em que podia "pagar" os "favores" que até ali recebera e fazer novos "favores", em que já participava como sócio. Entretanto conhecia mais gente e alargava pouco a pouco os seus "negócios". Se punha o pé fora da legalidade, punha com cuidado, bem protegido por amigos de confiança e pretextos plausíveis.

Um dia, por fidelidade ao chefe, "trabalho" no partido (financiamento directo ou indirecto) e recomendação de interesses "nacionais", foi chamado ao governo: a secretário de Estado, normalmente. No governo, proibiu ou permitiu conforme lhe convinha ou lhe mandavam e convenceu outro secretário de Estado ou mesmo um ministro mais "versado" ou "ingénuo" a colaborar na sua "obra". Torcendo um regra aqui, explorando uma ambiguidade ali, a sua reputação cresceu. Não precisava agora de se mexer. Era, como se diz no calão da tribo, um "facilitador". A iniciativa privada gostava dele, o "sector público" gostava dele, o alto funcionalismo (a quem, de quando em quando, dava uma gorjeta) gostava dele. Ninguém lhe tocava. O corrupto ascendia à respeitabilidade. E anda, por aí, no meio de nós.


E agora, senhora ministra???



Maria do Rosário Gama, Público

Só há uma solução: suspender este modelo de avaliação e estudar outro que contribua para o bem-estar das escolas.

Estão milhares de olhos postos em si cobertos de esperança e ao mesmo tempo de receios, numa mistura de confiança e cepticismo em relação ao que se vai seguir... É que o desespero e o mal-estar a que nos conduziu a sua antecessora causou estragos tão grandes que faça V. Ex.ª o que fizer muitos desses estragos já são irreparáveis! Mas V. Ex.ª tem poder para minimizar alguns e trazer de novo às escolas o ambiente que se vivia antes da torrente legislativa do Ministério de Maria de Lurdes Rodrigues (MLR).

Estatuto da Carreira Docente: A grande e irremediável afronta feita pelo ministério de MLR aos professores foi a divisão da carreira em professores titulares e não-titulares, devido à artificialidade e arbitrariedade de que se revestiu o concurso para titulares, ao serem tidos em conta apenas os últimos sete anos da sua carreira e ao serem pontuados cargos que muitas vezes eram atribuídos para preenchimento de horários ou por rotatividade. Esta situação criou injustiças de tal modo gritantes que levou à revolta de muitos professores e a uma "debandada" com reflexos no aproveitamento dos alunos e no ambiente nas escolas. Não se pode ter bom ensino com professores desanimados, frustrados, revoltados... Acabe, por favor, com este artificialismo que é a divisão sem sentido numa carreira de professor.

Avaliação de professores: Se o ciclo avaliativo é de dois anos, que sentido teve iniciar um processo em Janeiro de 2009, correspondente a ¼ desse ciclo? Que sentido teve a entrega de objectivos para cumprir até ao final do ano se até aí não foi cumprido muito do que se vem a propor? Que sentido teve a entrega de objectivos iguais por diferentes professores, apesar de os mesmos serem individuais? Que sentido teve gerar a conflitualidade nas escolas e conduzir uma classe ao desânimo e desmotivação? Que sentido teve aliciar com a classificação de mérito para que professores se propusessem ter aulas assistidas e assim viessem a usufruir das quotas destinadas a essas classificações? Que sentido teve o oportunismo, incoerência, medo e angústia que se instalaram nas escolas? Não teve nenhum sentido e o resultado está à vista...

O modelo imposto não contribuiu em nada para a melhoria das aprendizagens dos alunos, antes pelo contrário, os professores "burocratizaram" a sua actividade diária no preenchimento de fichas e portfolios brilhantes que não correspondiam à prática lectiva e muito menos ao sucesso dos alunos. Na aplicação deste modelo houve várias modalidades: entrega/não entrega de objectivos; aulas assistidas ou não; entrega/não entrega das fichas de auto-avaliação; recepção/não-recepção por parte dos directores das fichas de auto-avaliação; avaliação/não- avaliação de quem entregou as fichas de auto-avaliação...etc... Com esta diversidade ainda mais aumentaram as injustiças, por isso só há uma solução: suspender este modelo de avaliação e estudar outro que contribua para a melhoria das aprendizagens dos alunos, para a actualização científico-pedagógica-didáctica séria dos professores e para o bem-estar das escolas.

Avaliação dos directores e das suas equipas: No dia 21 de Outubro foi publicada no Diário da República a Portaria 1317/2009 regulamentadora, em regime transitório, da avaliação de desempenho dos membros das direcções executivas e dos directores dos estabelecimentos públicos. Este documento, que mais parece um concurso para director do que propriamente um modelo de avaliação de directores, é a mais uma aberração legislativa, presente do senhor secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, em final de mandato, a necessitar de ser suspensa!
Militante do Partido Socialista

30 outubro, 2009

Entrega dos Oi


A grande maioria das escolas vai cumprir o prazo, que termina hoje, para a definição do calendário da avaliação de desempenho dos professores. Mas muitas estão a optar por adiar ao máximo a primeira etapa desse processo - a entrega de objectivos individuais -, de forma a ganharem tempo até que surjam alterações à lei.

Não há coincidências


A palavra convergência foi a mais ouvida ontem pelos responsáveis do CDS-PP e dos sindicatos dos professores, após conversações entre ambos sobre a substituição do actual modelo de avaliação e a alteração do Estatuto da Carreira Docente. Do lado do PS, que recebeu a Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), ficou um aviso contra a "maioria [parlamentar] destrutiva".

29 outubro, 2009

Peixe fresco em casa


Aqui está uma ideia bem fresquinha e muito útil:
http://www.peixefresco.com.pt/catalog/

28 outubro, 2009

Secretários de Estado


Aí estão os novos nomes, ilustres desconhecidos. Como, por vezes, convém.

- Secretário de Estado Adjunto e da Educação, Prof. Doutor José Alexandre da Rocha Ventura Silva

- Secretário de Estado da Educação, Dr. João José Trocado da Mata

Valter Lemos, acabou por ser premiado, pelo que fez na educação. Desta vez como Secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional. O mesmo não sucedeu a Pedreira.

Cidadania



Site onde se podem dar a conhecer não só os problemas do nosso município, mas também o buraco que está no meio da rua, o sinal de trânsito caído ou mal colocado, etc, etc.

http://autarquias.org/


CDS toma iniciativa


É o primeiro sinal de que o CDS-PP está disponível para chegar a um entendimento sobre a avaliação dos professores: os centristas vão começar por conversar com os sindicatos representativos dos professores e com os restantes partidos na Assembleia da República para se "chegar a soluções de consenso". O resultado desse entendimento parlamentar - que passará pela aprovação da suspensão do modelo de avaliação e de construção de um sistema alternativo - pretende balizar as negociações entre Governo e sindicatos. E servirá para condicionar o Executivo.

27 outubro, 2009

FENPROF pede suspensão até sexta-feira do modelo de avaliação


A FENPROF enviou esta manhã uma carta à nova ministra da Educação, Isabel Alçada, pedindo a suspensão urgente do modelo de avaliação dado que na próxima sexta-feira termina o prazo para as escolas definirem o calendário da nova fase do processo.

Expectativas


Título do DN dde hoje:
Governo prepara avaliação que satisfaça os professores.

25 outubro, 2009

Um discurso muito pouco convincente



Não sei o que é mais inquietante, se o conteúdo se a forma.


24 outubro, 2009

Só ele é que existe



Vasco Pulido Valente, Público

Depois de semanas de um inútil mistério e de grande especulação, foi anunciado o Governo. E toda a gente vai agora falar e escrever ininterruptamente sobre a coisa. Não percebo porquê. O Governo não mudou. Sócrates ficou com o pequeno grupo quetodo lo manda : Silva Pereira, Teixeira dos Santos, Santos Silva, Vieira da Silva e o dr. Amado. O resto, como explicava Cavaco, são "ajudantes". A intenção é, como sempre, aumentar e concentrar o poder do chefe, ou seja, dele mesmo. Não há outra. Sócrates quer uma obediência incondicional (ou até servil) e as mãos livres para decidir o que lhe apetecer. Sem explicações, nem obstáculos. Deixou o PS de fora (Jorge Lacão e Alberto Martins não contam) e não chamou qualquer "independente" com peso ou influência pública. No fundo, só ele existe.

Basta ver o currículo dos novos ministros. Na Agricultura, está um administrador do Hospital Espírito Santo em Évora e antigo membro de um Gabinete de Planeamento Agro-Alimentar. Nas Obras Públicas, um catedrático e antigo presidente do conselho directivo do ISEG. Na Educação, a coordenadora do Plano Nacional de Leitura. No Ambiente, uma empregada perene do próprio ministério, presidente do Instituto de Resíduos. No Trabalho, a secretária-geral adjunta da Confederação Europeia de Sindicatos. E, na Cultura, uma açoriana, secretária do Governo regional. Não há razão para duvidar da excelência pessoal e profissional desta extraordinária colecção de burocratas. Mas manifestamente nenhum tem a estatura e o prestígio para dizer "não" a Sócrates. E é disso que se trata.

Sócrates baniu a política do Governo - como Cavaco tentou, sem conseguir, no auge do "cavaquismo". A identidade política da esmagadora maioria dos ministros não é conhecida. Como, de resto, não era conhecida (e continua a não ser ) a identidade política de Ana Jorge ou de Silva Pereira, o "homem de confiança" e confidente do primeiro-ministro. Parece que tendem para um "socialismo" diluído e difuso. Uns tantos passaram pelo PC, onde aprenderam com certeza o valor da disciplina. Os mais típicos, como Dulce Pássaro, treparam pacientemente pelo funcionalismo de técnico superior a director-geral. Em geral, nunca se deram ao trabalho de contar o que pensam do mundo ou do país. Também não é preciso. Sócrates pensará por eles e eles pensarão o que Sócrates pensar.

Isabel Alçada vai seguir com actual modelo de avaliação dos professores


Numa altura em que a oposição se prepara para confrontar o Governo com a avaliação dos professores, tentando suspender o actual modelo, a TSF sabe que José Sócrates continua determinado em seguir em frente com este processo com a nova ministra da Educação, Isabel Alçada.

Para ouvir na TSF

Agenda


Segundo o Expresso "Novo governo dá prioridade total à avaliação dos profs"

> Governo vai apresentar solução para não ficar refém da oposição
> Executivo disposto a negociar “propostas construtivas”
> Avaliação dos professores é o grande teste antes do Orçamento
> Ministra só foi convidada ao início da tarde de quinta-feira

23 outubro, 2009

Dúvida



Que farei com este cargo? questionar-se-á Isabel Alçada.

No mínimo, matéria para mais uma aventura.

21 outubro, 2009

Avaliação tem que ser suspensa já, apelam blogues e movimentos de professores


“Não podemos esperar mais”. O alerta partiu hoje de seis blogues animados por docentes e quatro movimentos independentes de professores, que subscrevem um manifesto em prol da suspensão urgente do modelo de avaliação.

“Independentemente das alternativas que importa construir de forma ponderada, é urgente que a Assembleia da República decida sem demoras parar já com as principais medidas que desestabilizaram a educação, sob pena de arrastar o conflito em cada escola e nas ruas”. No manifesto recorda-se que, “se até lá nada for feito”, as escolas terão, por lei, de fixar o calendário de avaliação docente até ao próximo dia 31. Um cenário que está a agudizar o “ambiente crispado e negativo” nas escolas.
O PCP, o Bloco de Esquerda e os Verdes já entregaram no Parlamento novas propostas com vista à suspensão do modelo de avaliação e ao fim da divisão da carreira entre titulares e não titulares. Conforme o PÚBLICO noticia na sua edição de hoje, a oposição no conjunto deverá apoiar estes objectivos, votando a suspensão num primeiro momento e deixando para depois a apresentação de alternativas tanto ao modelo de avaliação, como ao Estatuto da Carreira Docente, que consignou a divisão entre titulares e não titulares.
Estas medidas "criaram o caos na escola", frisam os subscritores do manifesto, que acrescentam: "A burocracia, a desconfiança e o autoritarismo jogam contra a melhoria das aprendizagens. Quem perde é a escola pública".
O documento é subscrito pelos blogues A Educação do Meu Umbigo, ProfAvaliação, Correntes, (Re)flexões, Outròlhar, O Estado da Educação; e pelos movimentos APEDE, MUP, Promova e MEP. O Promova apelou também hoje às escolas e professores para enviarem emails aos grupos parlamentares do PSD, CDS/PP, BE e PCP, manifestando a sua “expectativa e o empenho em verem revogadas aquelas medidas, com a maior urgência possível”.

Uma afegã


Rui Tavares, Público

Em todas as guerras acontece isto: a morte de um soldado ocidental, particularmente no início, merece primeira página nos jornais e longas transmissões nos telejornais. A morte de muitos civis do país invadido, particularmente quando se banalizam, torna-se invisível e inconveniente, um assunto desagradável de referir. E, se é desagradável, rapidamente deixa de ser referido.

Sabemos que é assim. E também sabemos que não pode ser bom que seja assim. Podemos justificá-lo com muitas razões. Mas sabemos, no fundo de nós, que são justificações que não nos satisfazem. Podemos até habituar-nos. Mas sabemos que há algo de profundamente errado e imoral em ignorar a morte e o sofrimento no país invadido. E, porém, sabemos que o fazemos. E raramente surge uma pessoa que nos obriga a encará-lo.

Este fim-de-semana ouvi uma mulher de 31 anos, chamada Malalai Joya, dizer algo como isto: "O povo afegão - o meu povo - sangra e sofre como qualquer outro, mas o sofrimento dele tornou-se invisível, porque não se pode questionar a ocupação."

Talvez fosse fácil desvalorizar as palavras dela se Malalai Joya fosse uma fundamentalista ou uma herdeira dos taliban. Nem vale a pena ir por aí, porque não é. Deputada na Assembleia Constituinte aos 25 anos, não esteve lá para compor o ramalhete; fez um discurso em que se perguntava como seria possível reconstruir o Afeganistão colocando os "senhores da guerra" no poder. Numa assembleia em que até essa expressão era tabu, Malalai Joya foi imediatamente expulsa. Eleita na sua província, regressou ao Parlamento, mas tem vivido clandestina, sob ameaças de morte e suspensões. Aos taliban chama assassinos de mulheres e gente "medieval". Até aí tudo bem. Aos governantes chama corruptos e coniventes. Até aí, menos mal. Mas não poupa os ocidentais - e é aí que a coisa começa a complicar-se.

Ao ouvi-la, pensei: desde que nasci que ouço falar do Afeganistão. Há sempre uma guerra por lá - a dos soviéticos, a guerra civil, o regime taliban, a invasão ocidental. Já ouvi russos, americanos e ingleses - e até iranianos e paquistaneses - explicar o que se deve fazer ao Afeganistão. E creio que só agora estou a ouvir uma afegã - mulher, democrática e muito corajosa - dizer o que não se deve fazer à sua terra.

Entretanto, a situação no país está cada vez mais igual - como dizê-lo? -, igual ao que sempre foi. Além dos senhores da guerra e dos corruptos, até os taliban são cooptados para entrar no poder. Os democratas - a própria Malalai o afirma - contam-se pelos dedos das mãos e só seriam apoiados se dissessem o que queremos ouvir. A fraude eleitoral faz-se nas barbas dos aliados e a guerra, se não lhe quiserem chamar perdida, pensem então nisto: nem sabemos o que seria uma vitória ali. E esta situação intratável é aquilo que nós somos chamados a preservar.

Às alternativas de Malalai não se pode chamar solução: pedir desculpas aos afegãos, retirar tropas, impedir a participação das potências vizinhas em forças de paz, apoiar o desarmamento, a escolarização e as forças democráticas incipientes. São caminhos difíceis, e com prognóstico muito difícil.

Mas o caminho actual não presume alternativas e, como tal, está a tornar-se numa edição refundida e ampliada de todos os erros e disparates do passado. Quanto mais tarde o reconhecermos, pior será.