02 fevereiro, 2009

Dúvidas metódicas


Os últimos dias foram férteis na revelação de alguns aspectos da natureza humana.

No caso dos docentes, sabemos que foram muitos os que, à última da hora, roeram a corda, e, num ápice, mandaram às urtigas compromissos que tinham tomado e os princípios em que sustentaram o que disseram e o que fizeram nos últimos tempos. Onde está a palavra de honra?

É claro que o Ministério da Educação não deixará de usar o número dos que capitularam, entregando os OI, como uma arma perante a opinião pública.

O que surpreende, na atitude daqueles que capitularam, é o facto de terem deixado cair, de um modo tão fácil, aquilo pelo qual tão empenhadamente lutaram. E ficar-nos-á sempre a dúvida se isso foi feito de modo genuíno.

E assim os vimos passar para o outro lado.
Uns, porque já nem dói nada - bastou entregar o papelinho com a meia dúzia do OI e fica automaticamente garantido o Bom - nem lhes fez grande mossa. Nestes haverá uns que embarcaram nesta via pela facilidade que ela oferecia, enquanto que outros apesar do embarque optaram, de modo consciente, por não concorrer às menções de Excelente e de Muito Bom, em consideração por aqueles que, pelo facto de continuaram fiéis aos seus princípios, decidiram ficar de fora.

Outros há que, de um modo pouco solidário com os colegas que continuam a resistir e a lutar, se vão aproveitar e beneficiar da ausência destes, para concorrerem às menções de Excelente e de Muito Bom, pois será muito mais fácil obtê-las sendo poucos a concorrer do que sendo muitos. Manda a ética que deveriam ter enjeitado esta opção, por uma questão de decoro. Não fazendo isso, ficarão sempre devedores aos restantes colegas. Quer aos que permaneceram nas trincheiras, quer aos que por decoro entregaram OI, mas não embarcaram na candidatura às menções.

Numa situação desta natureza é triste constatar que as conquistas de uns sejam feitas à custa de outros?

Depois disto, e a partir de agora, poderemos continuar a confiar na palavra e a granjear a estima daqueles que, ao roer a corda, tiraram disso proveito, e, nalguns casos, proveito duplo?

Como é que o umbigo de alguns pode ser a coisa mais importante do mundo?

Serão o medo e/ou a incerteza que farão girar uma parte do mundo?

A partir de agora o que vai mudar no clima das escolas?

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