07 março, 2008

Como se mede o progresso dos resultados escolares?

Na entrevista que hoje aconteceu na RTP, a Ministra da Educação referiu a importância de avaliar o valor acrescentado que os professores proporcionam aos seus alunos. No site do Ministério da Educação fala-se hoje em "progressos observados".
O que a Ministra não disse, e convinha esclarecer, é o seguinte:
1. Para se conhecer qual é o valor acrescentado, temos primeiro que saber qual é o ponto de partida. Só assim se poderão avaliar os ganhos.
2. Esse tipo de trabalho faz-se, geralmente, com uma coorte de alunos.
3. O valor acrescentado só é devidamente avaliado no final de um período de tempo relativamente longo (três anos é uma boa referência).
4. O valor acrescentado é avaliado em termos do contributo que a escola deu no seu conjunto, mas não em termos do contributo individual de cada professor.

Alguns equívocos do modelo actual nesta matéria:
1. Convém ter presente que a avaliação dita contínua e formativa não avalia só conhecimentos. Avalia e valoriza atitudes e valores.Um exame não avalia nada disto. Assim, não admira que as notas dos exames e da frequência interna não coincidam, pois os critérios que lhes servem de base são diferentes.
2. Procurar evidenciar as diferenças entre as classificações internas que um professor deu e a classificação que o aluno obteve no exame, e ter isso em consideração na avaliação do desempenho do docente é uma verdadeira atrocidade.
3. Quando se diz que "são comparados resultados dos alunos num ano com os do ano anterior, com outros alunos da mesma disciplina e com outras disciplinas da mesma turma" está-se a dizer que se compara o que é incomparável!
4. Quando se diz que "cabe a cada escola definir a metodologia de medição deste critério" [progresso dos resultados escolares], quer isto dizer que o que na escola A é progresso, na B pode ser considerado retrocesso. Ou seja, estamos mesmo perante um sistema de avaliação "objectivo"!

Leitura aconselhável:
Gray, J. et al. (1999). Improving Schools: Performance & Potencial. Buckingham: Open University Press.

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