A propósito do mundial
Cumpriu-se o mar e o império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal.
Fernando Pessoa
Agora vai começar a caça às bruxas...
A propósito do mundial
Cumpriu-se o mar e o império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal.
Fernando Pessoa
Agora vai começar a caça às bruxas...
Diariamente, um quarto das pesquisas na internet são sobre pornografia sendo que 116 mil destas procuras são sobre pornografia infantil. A cada segundo são gastos 2500 euros e cerca de 28 mil pessoas estão a ver pornografia na internet.
Nos EUA, 40 milhões de pessoas admitem ser consumidores regulares de pornografia, destes um em cada três são mulheres. No emprego, 20% dos homens admite ver pornografia, contra 13% das mulheres.
Entretanto foi hoje aprovada, pela entidade responsável pela regulação da Internet, a criação de um domínio .xxx, destinado aos sites com conteúdos de pornografia
O seleccionador Javier Aguirre foi o primeiro a dar o mote, confessando que a equipa só protestou depois de ter visto no ecrã gigante que Tévez estava em posição irregular no lance do primeiro golo. Horas antes, no Alemanha-Inglaterra, os adeptos também conseguiram perceber que o remate de Lampard bateu quase meio metro dentro da baliza.
Menos de um dia depois, a FIFA informou os responsáveis pela transmissão de conteúdo nos ecrãs que não podem ser mostradas repetições de lances duvidosos durante os jogos.
Afinal.... a quem é que interessa esconder a verdade?
O processo de reorganização da rede escolar, desencadeado pelo Ministério da Educação, está a esbarrar no terreno com a oposição firme de órgãos escolares, autarquias, professores e associações de pais que estão a rejeitar muitas propostas de encerramentos de escolas e a fusão de agrupamentos. Concelho a concelho, de norte a sul do país, há queixas de ausência de diálogo, manifestações, ameaças de providências cautelares e até dentro do PS surgem vozes críticas pela forma como o processo está ser conduzido.
Sessenta e dois por cento das crianças e jovens inquiridos pela empresa de segurança informática Symantec dizem ter tido uma experiência negativa online, como exposição a nudez ou tentativas de contacto por parte de estranhos.
Das experiências negativas referidas, a mais comum foi a tentativa de contacto por parte de estranhos em redes sociais – o que aconteceu a 41 por cento das crianças e jovens. A segunda situação mais frequente foi a infecção por vírus informáticos. Já um quarto dos inquiridos queixou-se por terem sido exposto a nudez ou imagens violentas de forma involuntária e dez por cento falaram de estranhos que os tentaram convencer a conhecerem-se pessoalmente.
«A carreira docente passa a estruturar-se numa única categoria, terminando a distinção entre professores e professores titulares».
Alteração ao Estatuto da Carreira Docente
Nova regulamentação da avaliação do desempenho
Um milhão de portugueses já usa o Google Maps no telemóvel, e dentro de pouco tempo poderão pedir um itinerário em voz alta, sem precisar de premir uma tecla. Esta será a próxima adição ao serviço Google Maps Navigation, que a gigante dos motores de busca acaba de disponibilizar com indicações sonoras em português.
José Vítor Malheiros, Público
Os que dizem que nada justifica a ausência do PR no funeral de Saramago não têm uma pinga de razão.
1ª - Cavaco Silva nunca leu José Saramago. Tentou uma vez mas sempre achou aquelas frases demasiado compridas e complicadas e com pontuação muito, mas muito mal feita. Nunca percebeu por que razão havia (e há) pessoas que dizem que Saramago é um grande escritor mas suspeita que eles também nunca o leram e que o fazem apenas por pedantaria e porque são comunistas. É verdade que Nobel veio abanar um pouco esta convicção, mas apenas durante dez minutos. Afinal, não há nenhuma razão para que o Nobel também não tenha sido dado a Saramago por pedantaria e comunismo (os nórdicos não parece por causa do design, mas são muito comunistas).
2ª - Cavaco Silva leu Saramago. Fez sacrifício mas leu. Leu mas não gostou. O estilo de Saramago tem um... não sei... não gosta. Não é como... como outros escritores de que gosta, prontos. E os temas não lhe interessam muito. E o enredo parece-lhe fraco. Muita parra, pouca uva. Tudo aquilo podia-se contar de outra maneira. E há ali muito desrespeito pela tradição católica. Muito. E pela história de Portugal e pela religião. Aquilo nem é bem literatura, é quase só despeito.
3ª - Cavaco Silva não sabe se gosta ou não dos livros de Saramago. Mas sabe que antipatiza profundamente com o homem. Saramago dá-lhe cá uma raiva que ele nem sabe. E agora que morreu ainda mais porque toda a gente diz que ele era um figura ímpar da cultura portuguesa.
4ª - Saramago era um escritor medíocre. A verdadeira crítica de Saramago foi feita por um membro do Governo de Cavaco Silva em 1992, Lara, então subsecretária de Estado da Cultura - por quem aliás o Doutor Jivago se viria a apaixonar num filme lindíssimo.
5ª - Saramago era comunista. E ateu.
6ª - Só lá iam estar comunistas e companhons de Rute e até podia ter de ouvir coisas desagradáveis.
7ª - Alguém que pode escolher os Açores e escolhe Lanzarote só merece desprezo.
8ª - Cavaco Silva tem de mostrar que é diferente de Manuel Alegre, que é um homem de cultura.
9ª - Cavaco Silva é presidente de todos os portugueses, mas o Saramago não é espanhol? A mulher pelo menos tem um sotaque.
10ª - Isso de "presidente de todos os portugueses" não pode ser visto de uma forma fundamentalista.
11ª - Os Açores estavam óptimos, óptimos.
12ª - Cavaco Silva tinha prometido à família umas férias nos Açores e não tinha prometido nada ao Saramago.
13ª - Se tivesse de ir ao funeral de todos os portugueses que ganharam um Nobel não fazia mais nada.
14ª - Os dois dias de luto nacional significam que Saramago era uma figura nacional ímpar a quem o país muito deve e que os portugueses admiram e respeitam, mas o PR só vai aos funerais de figuras de três dias de luto para cima.
15ª - Depois da triste figura que o seu Governo fez quando censurou O Evangelho segundo Jesus Cristo, Cavaco Silva jurou que odiaria Saramago para além da morte. Talvez tenha sido exagerado, mas uma jura é uma jura.
16ª - O PR só vai a funerais de amigos ou conhecidos.
17ª - Não era na outra semana?
Fica provado que há não uma mas várias justificações para a ausência do Presidente da República nas cerimónias fúnebres de Saramago. A ausência pode ter sido devida a iliteracia, sectarismo, grosseria, mesquinhez, cálculo político, medo, provincianismo, confusão entre o gosto pessoal e pose de Estado ou outra razão.
Um homem que tente violar uma mulher que esteja a usar o "Rape-aXe" não esquecerá o crime: com uns ganchos que se cravam na pele do pénis do violador, o preservativo feminino é o mais recente método anti-violação.
A julgar pelo volume de atestados médicos apresentados anualmente por esta altura, a época de exames nacionais não parece fazer bem nenhum à saúde dos professores. Para se esquivarem à tarefa de correcção das provas, são muitos os que metem baixa.
CARTA PARA JOSEFA, MINHA AVÓ
Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela rapariga do teu tempo - e eu acredito. Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de restolho e lenha, albufeiras de água. Viste nascer o sol todos os dias. De todo o pão que amassaste se faria um banquete universal. Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los. Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua casa, lume da tua lareira - sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.
Não sabes nada do mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com isto viveste e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha. Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti, a palavra Vietnan é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de raio. Da fome sabes alguma coisa; já viste uma bandeira negra içada na torre da igreja. (contaste-mo tu ou terei sonhado que mo contavas?) Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. O teu riso é como um foguete de cores. Como tu, não vi rir ninguém.
Estou diante de ti e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este mundo e não curaste de saber o que é o mundo. Chegas ao fim da vida, e o mundo ainda é, para ti, o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, uma coisa que não faz parte da tua herança: quinhentas palavras, um quintal a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha-vã e chão de barro. Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrugada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos carregos - e continuo a não entender. Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Por que foi então que te roubaram o mundo? Quem to roubou? Mas disto talvez entenda eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesse escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender. Já não vale a pena. O mundo continuará sem ti - e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava.
Não teremos, realmente? Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são como as tuas, o mundo que te era devido. Fico com esta culpa de que me não acusas - e isso ainda é pior. Mas porquê, avó, por que te sentas tu na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes, com a tranquila necessidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: «O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer!»
É isto que eu não entendo - mas a culpa não é tua.
Pacheco Pereira, na sua declaração de voto, respondeu às duas perguntas que estiveram na base do inquérito: se o Governo interveio ou não no processo e se Sócrates mentiu ao Parlamento.
"Sim, houve participação governamental (em particular com origem no primeiro-ministro e executada por quadros do PS colocados em posições cimeiras em empresas em que o Estado tem qualquer forma de participação directa ou indirecta) numa tentativa de, em ano eleitoral, controlar vários órgãos de comunicação social, nomeadamente a TVI".
"Sim, o primeiro-ministro sabia, foi informado pessoalmente do que se passava e, por via indirecta, conhecemos indicações suas sobre o modo como os executantes deviam proceder. E, por isso, mentiu ao Parlamento. Ele não queria ter a fama (de controlar a comunicação social), sem ter o proveito (de a controlar de facto) e procedeu e permitiu que procedessem em consequência, conforme as suas intenções publicamente anunciadas no congresso do PS."
Relatório foi aprovado pelo PSD, CDS, PCP e BE. O PS votou contra. E o presidente da comissão, Mota Amaral, absteve-se.
Chega amanhã a Joanesburgo, África do Sul, um carregamento de 100 quilos de ketchup da Guloso, dirigido à selecção nacional de futebol.
Na sua declaração de voto, Pacheco Pereira diz que era fácil concluir a partir das escutas que o primeiro-ministro mentiu, e afirma que a Comissão de Inquérito será julgada politicamente por ter sido impedida de chegar à verdade.
Basta clicar aqui e assistir a uma coisa absolutamente impressionante, quer a nível técnico, quer a nível musical.
Trata-se de um grupo de pessoas, que não se conhecem entre si .. É aqui que entram os técnicos de som e de imagem, voluntários e sem remuneração, que se ocuparam de captar o som de cada um dos "cantores", individualmente a nível mundial (uma vez que são actuações ao ar livre e isso é extremamente difícil de fazer sem "ruídos exteriores").
Posto isto e remisturado, atingindo um nível de pureza musical notável, chegamos a esta maravilha musical conseguida através de alta tecnologia, e que num instante, junta as pessoas de todo o mundo, fazendo-as sentir e falar ao mesmo tempo a mesma linguagem universal... a música.
Momentos como este, de grande dedicação e generosidade, fazem-nos ainda ter alguma esperança na "raça humana"
http://vimeo.com/moogaloop.swf?clip_id=2539741
Cerca de 90 por cento dos 275 licenciados em Direito que realizaram, em Março, o exame de acesso ao estágio da Ordem dos Advogados (OA) foram excluídos.
Rui Tavares, Público
Um dia Rui Pedro Soares será apenas um nome que ligaremos a um escândalo político que já lá vai. Pouco antes de desaparecer na obscuridade, porém, decidiu fazer declarações em que comparava a comissão parlamentar de inquérito ao caso PT/TVI aos "tribunais da Inquisição".
Rui Pedro Soares talvez não entenda que, enquanto este for lembrado, o seu nome será para os portugueses (incluindo, não pense ele outra coisa, aqueles que votam no seu partido) o emblema da mediocridade e da arrogância que chega ao poder e ao privilégio por intermédio de favorecimentos e favoritismos, que exerce esse poder da forma mais gabarolas e irresponsável, tendo como único objetivo satisfazer o mando do político que o pôs naquele lugar, e que para desempenhar tal tarefa é pago num ano muito mais do que muitos portugueses esforçados e honestos ganham trabalhando a vida toda.
Por gente como ele, Ricardo Rodrigues, e outros, se falará um dia de "tralha socrática".
Para a maioria dos portugueses (incluindo os do PS) Rui Pedro Soares não passou nunca de uma espécie de capanga de luxo, encarregado de despachar os trabalhinhos sujos dos outros. Para lá disso, a sua atitude só surpreendia pela desfaçatez e descaramento. E agora juntou-lhe uma ignorância gritante e ofensiva.
Vamos recapitular brevemente as principais diferenças entre um tribunal da Santíssima Inquisição e uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
Num tribunal da Inquisição, Rui Pedro Soares poderia ser preso por denúncias anónimas ou meros rumores. Uma vez preso, ficaria nas masmorras até que os seus juízes se dessem por satisfeitos com as suas declarações. Ficar em silêncio não seria, evidentemente, um opção. Rui Pedro Soares seria provavelmente torturado para falar. O tribunal teria então de determinar se ele estava ou não arrependido e, para tal, agradeceria se ele pudesse denunciar mais três ou quatro pessoas. Depois de um tempo de prisão indeterminado, Rui Pedro Soares poderia ser sujeito a castigos corporais ou à pena de morte.
Tenha-se ainda em conta que o Tribunal da Inquisição (ou tribunais, por eram vários) tinham uma rede de milhares de espiões pelo país todo (os "familiares") e que, além de um tribunal religioso era também uma agência étnica/racial que pôs durante um par de séculos milhares de portugueses a elaborarem certidões para provarem que não tinham antepassados judeus (as "habilitações de limpeza de sangue e geração").
Agora a Comissão Parlamentar de Inquérito, vulgo CPI. Rui Pedro Soares foi chamado a uma comissão composta por representantes eleitos da nação que pretendiam extrair um julgamento político de certos acontecimentos de que ele tinha sido um ator-chave. Sendo o julgamento político, a CPI não se destinava a punir nem a castigar. Acresce ainda que, com razão ou sem ela, a CPI se auto-limitou na utilização de certos meios de prova (as célebres escutas). Lá chegado, Rui Pedro Soares decidiu não falar, tal como noutra comissão tinha decidido falar durante largos minutos sobre futebol e outros assuntos que ocuparam desnecessariamente tempo precioso. Toda a gente achou que ele estava no seu direito e não lhe aconteceu nada por isso.
As diferenças estão claras. Deveríamos estar todos satisfeitos por uma CPI não ser como a inquisição, a começar por Rui Pedro Soares. Em troca, ele deveria poupar este povo cansado à exibição da sua pesporrente ignorância.
A Google introduziu novas funcionalidades nas aplicações de produtividade Docs. A principal novidade surge no modo de colaboração que permite editar documentos em tempo real.
Nas universidades, três em cada quatro alunos assumem copiar nos exames e 90 por cento destes já o faziam no liceu. Às cábulas tradicionais vieram entretanto juntar-se métodos mais sofisticados, partilhados na internet.
O Ministério da Educação vai desembolsar quase 1,8 milhões de euros para assegurar a correcção de 356 127 exames do secundário previstos.
Cada professor que corrigir uma prova de exames nacionais do 10.º ao 12.º anos tem "direito à importância ilíquida de cinco euros".
É uma relação de causa e efeito que está patente nas estatísticas dos últimos anos divulgadas pelo Ministério da Educação: mais do que a um alegado maior facilitismo dos exames, a queda abrupta de chumbos entre os alunos do 3º ciclo e do ensino secundário tem ficado a dever-se sobretudo ao número crescente de jovens "desviados" para as vias profissionalizantes, na sequência de uma reforma aprovada em 2004 pelo ministro do PSD, David Justino, e que foi concretizada e ampliada nos anos seguintes pela ministra socialista Maria de Lurdes Rodrigues.
"Indirectamente, induziu-se assim uma melhoria dos resultados que, infelizmente, não tem a ver com uma melhoria da qualidade do ensino ou dos alunos. Trata-se tão-só de um efeito estatístico", frisa ao PÚBLICO Joaquim Azevedo, membro do Conselho Nacional de Educação e investigador da Universidade Católica do Porto.
O Público de hoje informa:
Os sites e endereços de correio electrónico de milhares de escolas públicas que se encontravam alojados nos servidores das Fundação para a Computação Científica Nacional estiveram inacessíveis durante pelo menos oito dias devido à migração destas páginas para uma nova plataforma de rede fornecida pela Portugal Telecom.
Acontece que as plataformas Moodle estão igualmente em baixo. O mais estranho é que ninguém diz o que se passa. Ninguém responde aos e-mails enviados....
O relatório final da comissão parlamentar de inquérito ao caso PT/TVI conclui que o primeiro-ministro, José Sócrates, não disse a verdade ao Parlamento quando, a 24 de Junho de 2009, afirmou não ter conhecimento da tentativa de entrada da PT no capital da TVI.
Pedro Lomba, Público
Mais que uma vez tenho escrito sobre este dever: o dever de comemorar. "Quem muito cronica muito repetica", disse uma vez João Bénard da Costa (fez um ano que o escritor morreu e lembro-o agora). Hoje, dia 10 de Junho, feriado de Camões e das Comunidades, tenciono repetir-me. Não para me juntar aos cronistas fatais do nosso declínio, explorando obsessões com o passado. Mas porque quero falar da exacta frustração que sempre senti num país que praticamente não celebra nada, que, pior, parece alimentar uma raiva envergonhada contra a dimensão comemorativa que deve existir na vida pública.
Nós, portugueses, não celebramos. E o pouco daquilo que celebramos (vitórias futebolísticas, certas festas religiosas) chega para demonstrar como temos sido rotineiramente ensinados para não celebrar nada. Temos sido educados para recusar o dever de comemorar na política e fora da política, desprezando rituais, símbolos, imagens, memórias colectivas, toda essa corrente de experiências não racionais de que as sociedades e as pessoas também dependem.
Há um cinismo de direita que consiste em apresentar o país como irremediavelmente perdido. Mas há um cinismo de esquerda, mais nocivo porque mais tolerado, que ataca a própria existência de uma cultura da celebração. Podemos comemorar talvez a descida do desemprego, porque reduzimos a política à economia. Tudo o resto passará por proselitista e controverso. Mas não se pensa que, para fazer descer o desemprego, é também importante que um país se organize em torno de valores colectivos, que celebre esses valores, que honre os seus símbolos e exemplos, que actue em função de uma retórica pública. O todo antes das partes.
Nenhum Estado pode dispensar essa retórica, pela simples razão de que nada tem depois capaz de a preencher.
Para que os portugueses a interiorizassem, era preciso que a educação pública não tivesse fomentado em todos nós um autêntico muro de silêncio e vergonha. Pergunto sempre: em quantas escolas, do secundário à universidade, se celebra dignamente o início e o fim do ano lectivo, a atribuição dos diplomas e prémios, a entrada e a saída dos estudantes? Gerações de alunos passaram anos pelas universidades sem nunca terem sentido que fizeram parte de alguma coisa. Receberam passivamente um serviço, como se fossem ao hospital. Não admira que a maioria esqueça depressa que lá andou.
Era preciso que o discurso dominante na política não fosse o do mais absoluto desprezo por qualquer retórica pública. A América percebe a importância da expressão "em busca da felicidade" inscrita na sua Declaração da Independência. Pensa que, através da sua força persuasiva, as pessoas empenhar-se-ão em busca dos seus projectos de felicidade. Apesar de termos uma Constituição palavrosa, entre nós reina uma incapacidade de verbalizar ideias semelhantes.
Era preciso uma cultura da celebração plenamente aberta à distinção e à solenidade. Celebrar significa solenizar, distinguir, reconhecer. O acto de celebrar requer alguma humildade e desprendimento. Celebra-se não tanto o que fomos, mas o que valorizamos em grupo e o que queremos ser. Tudo aspectos que a nossa baixa educação histórica e cívica repele.
Nas últimas décadas o preço da nossa paz política foi esse: uma sociedade hostil e indiferente a qualquer política simbólica. Uma sociedade sem sentido da História, da grandeza, da aspiração. E por isso também uma sociedade que perdeu o dever de comemorar, resignada que está à sua vulgaridade e vazio.
As montras de 62 lojas do Chiado vão, a partir de quinta-feira, expor imagens captadas pelas lentes de 200 fotógrafos nacionais, no âmbito daquela que a organização diz ser a «Maior Exposição Fotográfica do Mundo».
As montras vão servir de galerias. Serão cerca de 120 montras, de 62 lojas situadas na Rua do Carmo, na Rua Nova do Almada e no Largo do Chiado.
Pedro Lomba, Público
É fácil disparar sobre a ministra da Educação pela mais recente experiência do nosso ensino público: o salto automático para o 10.º ano dos alunos com mais de 15 anos repetentes do 8.º ano, desde que aprovados nos exames finais. Será mais um exemplo de "facilitismo", de "laxismo", de falta de exigência, tudo o que se diz nestas alturas.
Para fugir às críticas, Isabel Alçada argumentou que a medida é apenas um "incentivo" para que estudantes relapsos reentrem no sistema, tornem a acreditar neles próprios e completem então o ensino básico. A ministra acabou por sintetizar a sua fé de maneira quase dramática: "Eu acredito que a vontade move o mundo". Podemos dizer que, na sua afabilidade e transparência, nunca uma declaração política de um titular da pasta da Educação me pareceu tão expressiva.
A vontade de quem? A vontade dos estudantes, claro. A vontade dos tais estudantes que foram sistematicamente chumbando de ano, que não cumpriram as regras de avaliação, que não foram submetidos a qualquer ensino ou aprendizagem formal (aqui, do 9.º ano) mas que agora, por "incentivo" do ministério, podem finalmente passar de ano através dum regime de exame.
Diz-lhes o sistema: é verdade que vocês tiveram várias oportunidades; não se saíram bem; não se aplicaram nem aprenderam. Mas não se preocupem, porque nós podemos aligeirar as nossas regras incentivando-vos para que acreditem na vossa "vontade".
A vossa "vontade" é soberana. Na realidade, o sistema pode sempre adaptar-se, reformar-se, simplificar-se no sentido de se aproximar e ajustar às dificuldades dos alunos. E não existem limites para essa adaptação. Não existem limites para os "incentivos" possíveis. Têm negativas a mais? Nenhum problema: em vez de passarem com duas, passam com nove. Chumbam no exame de Junho? Não há problema: repetem em Julho. E se chumbarem em Julho? Fazem em Dezembro. Sempre a mesma lógica.
Por trás disto está obviamente uma cultura, que, mais do que o "facilitismo", é o aspecto que me interessa ressaltar. Esta, se virmos bem, é uma cultura que se pensa a si mesma como perpetuamente disponível, sempre à medida das necessidades e dos problemas dos destinatários. O princípio número um desta cultura chama-se: soberania e conveniência individual. Como se não fossem os alunos que tivessem de receber os valores da escola, mas os valores da escola que tivessem de incorporar as características especiais dos alunos.
E, no entanto: como é que nós crescemos? Já pensaram nisso? E como é que a escola nos influencia nesse processo de crescimento?
Pensemos assim. Há 100 anos o crescimento baseava-se numa espécie de filosofia da imperfeição. Nascíamos imperfeitos, cheios de lacunas e limitações e precisávamos do ensino precisamente para atalhar essas falhas. A escola era uma disciplina, certamente selectiva, mas na qual cada pessoa aprendia a conhecer-se a si mesma, a aperfeiçoar-se e a suprir os seus defeitos. A literatura do século XIX está cheio de representações deste modelo.
Nos últimos 50 anos surgiu outro tipo de pedagogia. O adolescente deste tempo é alguém que estamos obrigados a compreender. Em vez de olharem para os estudantes como criaturas falíveis e em formação, começou-se a destacar a ideia de que estamos todos envolvidos num processo de descoberta pessoal, numa busca pela nossa autenticidade e, nesse sentido, a educação precisa ela própria de se adaptar a esse processo.
No princípio era a cultura. No século XIX e creio que em parte do século XX o conceito de aprendizagem era inseparável desse aperfeiçoamento pessoal que começava a partir da escola. Não era o mundo que se tinha de adaptar a nós, mas nós que nos tínhamos de adaptar ao mundo. E esse era um processo difícil, aquilo a que muitas vezes se chamava "a formação do carácter". Como já vivemos tão embrenhados noutro mundo, somos incapazes de compreender os seus sinais.
Steve Jobs, o patrão da Apple, apresentou hoje a quarta geração do iPhone, em São Francisco, EUA. Mais fino, o telemóvel foi completamente redesenhado, suporta multitasking (corre várias aplicações em simultâneo) e faz vídeo em HD.
A quarta versão do telefone da Apple chega a Portugal em Setembro, altura em que será colocado à venda em 88 países.
«Paga-me um café e conto-te
a minha vida»
o inverno avançava
nessa tarde em que te ouvi
assaltado por dores
o céu quebrava-se aos disparos
de uma criança muito assustada
que corria
o vento batia-lhe no rosto com violência
a infância inteira
disso me lembro
outra noite cortaste o sono da casa
com frio e medo
apagavas cigarros nas palmas das mãos
e os que te viam choravam
mas tu ,não,nunca choraste
por amores que se perdem
os naufrágios são belos
sentimo-nos tão vivos entre as ilhas ,acreditas?
E temos saudades desse mar
que derruba primeiro no nosso corpo
tudo o que seremos depois
«pago-te um café se me contares
o teu amor»
José Tolentino Mendonça
Helena Paixão e Teresa Pires casaram hoje de manhã numa conservatória de Lisboa e tornaram-se nas primeiras pessoas do mesmo sexo a casarem em Portugal.
Desde que foi lançada, no início desta semana, a aplicação Skype, que permite efectuar chamadas por VoIP através da ligação 3G do iPhone, já teve cerca de cinco milhões de downloads.
Esta aplicação foi desenhada para permitir que os utilizadores façam e recebam chamadas gratuitas entre Skypes num período experimental, que irá decorrer até ao final deste ano. Assim como chamadas para telemóveis e telefones fixos a preços reduzidos.
A Skype irá, em breve, revelar os tarifários para esta nova aplicação.
O eurodeputado português Rui Tavares anunciou hoje o lançamento de bolsas de estudo que cobrem várias áreas profissionais, financiadas com 1 500 euros mensais a partir dos seus próprios rendimentos.
“Independentemente de achar que deve haver uma política pública para as bolsas de estudo acho que não faz mal que os indivíduos também possam participar (…) Eu, apesar de o salário de eurodeputado não ser essa coisa tão grande quanto se diz, posso fazê-lo agora", afirmou o deputado eleito pelo Bloco de Esquerda.
Novos elementos das escutas telefónicas do processo Face Oculta, demonstram que Armando Vara mentiu em várias respostas que deu à comissão parlamentar de inquérito ao negócio PT/TVI. Além disso, põem em causa as respostas do primeiro-ministro.
Ao contrário do que afirmou aos deputados, Armando Vara foi sendo informado dos contactos entre a PT e os espanhóis da Prisa (proprietária da estação), soube antecipadamente e discutiu as deslocações de Rui Pedro Soares (administrador executivo da operadora) a Madrid e conhecia o conteúdo das minutas do negócio.
O então vice-presidente do BCP chegou a dar orientações sobre quando é que José Eduardo Moniz e a mulher (respectivamente, director e pivô da estação) tinham de sair, e numa conversa com um dos seus interlocutores comenta-se que José Sócrates foi avisado «antes de fecharem o negócio».
A ministra da Educação afirmou hoje que no final do processo de reorganização da rede escolar mais de 900 escolas básicas com menos de 21 alunos deverão encerrar, abrangendo um universo máximo de 15 mil crianças.