21 maio, 2009

Autismo político


A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, considera que a avaliação de desempenho dos professores é "uma reforma ganha", afirmando compreender a insatisfação docente, tendo em conta a rotura introduzida num "marasmo" de 30 anos de "total indiferenciação".

"Do meu ponto de vista foi uma reforma ganha. Temos hoje milhares de professores a fazer a avaliação, o que significa que é hoje um adquirido nas escolas. (...) Oitenta mil professores entregaram os objectivos individuais e 30 por cento destes requereram uma componente da avaliação que era facultativa", afirma a ministra. Para Maria de Lurdes Rodrigues, esta reforma introduziu uma rotura "num marasmo de mais de 30 anos de total indiferenciação e pseudo igualitarismo", já que "a ausência total de princípios mínimos de competição" era "muito negativa para as escolas".

Fazendo as contas: se há cerca de 140 mil professores no país e 80 mil entregaram os OIs daqui resulta que 60 mil não entregaram. É isto que é "uma reforma ganha"?
Por outro lado, Jorge Pedreira afirmou, há pouco tempo, que 75% dos professores tinham entregue os objectivos individuais. Basta fazer contas: 80 mil em 140 mil não chega sequer a 60%...

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Reacção dos partidos

O cabeça de lista do PSD às eleições europeias acusou hoje a ministra da Educação de "lirismo político" sem remédio e considera que o conflito com os professores não tem solução com esta equipa governativa.

Paulo Rangel comentava declarações de Maria de Lurdes Rodrigues numa entrevista à agência Lusa segundo as quais a avaliação e o desempenho dos professores é "uma reforma ganha" pelo seu Ministério.

Para o dirigente do PSD, que acabava de receber uma delegação da Plataforma Sindical de Professores, "o que se verifica é uma grave insatisfação quanto ao estatuto da carreira docente".

Acrescentou que o balanço de todo o processo hoje feito pelos sindicatos é muito diferente daquilo que a ministra apresenta na entrevista.


Por sua vez o PCP considerou hoje que "só a cegueira provocada pela arrogância e prepotência" do Ministério da Educação pode levar a ministra a dizer que a avaliação de desempenho dos professores é uma "reforma ganha".

A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, afirmou hoje que a avaliação de desempenho dos professores é "uma reforma ganha" e disse compreender a insatisfação dos professores, tendo em conta a rotura introduzida num "marasmo" de 30 anos de "total indiferenciação".

Em reacção às declarações, Jorge Pires, membro da Comissão Política do PCP, disse que "só a cegueira provocada pela arrogância e prepotência da equipa ministerial, particularmente da ministra da Educação, pode levá-la a afirmar que a avaliação de desempenho [dos professores] seja considerada 'uma reforma ganha'".

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