13 julho, 2004

Alguns pontos nos is

Numa entrevista gravada horas antes do Presidente da República decidir pela não dissolução da Assembleia da República, Medina Carreira fez um diagnóstico muito negativo do estado do país e defendeu um sistema político mais presidencialista. Entrevista de Eduardo Dâmaso e Graça Franco (Rádio Renascença).
Jornal Público

Aqui ficam alguns excertos…

Na política activa e responsável quem abandona funções perde totalmente o crédito para mim. Aconteceu com António Guterres, aconteceu agora com Durão Barroso.

(Durão Barroso) desertou... sabe que os pretextos, às vezes, servem para dourar as pílulas. Com o compromisso que tinha a deserção é imperdoável.

Nós somos irrelevantes na Europa e, portanto, estar a servir a Europa é quase completamente irrelevante. Nós não contamos na Europa.

Se fosse Presidente da República empossava o Dr. Santana Lopes. Primeiro, para que ele mostre aquilo que vale. Se não vale nada daqui a dois anos vê-se que não vale nada e vai embora.

O nosso Presidente faz mensagens, discursos, mas o país passa indiferente a tudo isto.

Sabe que eu acho cada vez mais difícil arranjar gente capaz para tratar deste país.

(Na justiça) o problema é que não há juízes, faltam instalações e é preciso mais organização. A justiça precisa de mais meios e mais dinheiro. A educação precisa de menos dinheiro e de menos meios. A nossa educação custa mais do que a educação espanhola ou grega.

Quando se diz que é preciso mais dinheiro isto foi uma moda que os incompetentes geraram neste país: pondo mais dinheiro as coisas se resolvem. Sabemos nas nossas vidas que, por vezes, onde pomos mais dinheiro é onde acertamos menos. O que precisamos é de responsabilidade, exigência, rigor e seriedade.

Eu tenho respostas para a evasão e para a fraude mas se as pessoas não são capazes de agarrar nessas respostas e pô-las em vigor depois pesam outras dificuldades.

O que é que pensa de um primeiro-ministro que me pede uma solução, eu discuto com ele a solução, ele aceita e depois foge !? Isto é um problema de carácter. Não podemos combater a evasão sem carácter.

Sem comentários: