Numa entrevista gravada horas antes do Presidente da República decidir pela não dissolução da Assembleia da República, Medina Carreira fez um diagnóstico muito negativo do estado do país e defendeu um sistema político mais presidencialista. Entrevista de Eduardo Dâmaso e Graça Franco (Rádio Renascença).
Jornal Público
Aqui ficam alguns excertos…
Na política activa e responsável quem abandona funções perde totalmente o crédito para mim. Aconteceu com António Guterres, aconteceu agora com Durão Barroso.
(Durão Barroso) desertou... sabe que os pretextos, às vezes, servem para dourar as pílulas. Com o compromisso que tinha a deserção é imperdoável.
Nós somos irrelevantes na Europa e, portanto, estar a servir a Europa é quase completamente irrelevante. Nós não contamos na Europa.
Se fosse Presidente da República empossava o Dr. Santana Lopes. Primeiro, para que ele mostre aquilo que vale. Se não vale nada daqui a dois anos vê-se que não vale nada e vai embora.
O nosso Presidente faz mensagens, discursos, mas o país passa indiferente a tudo isto.
Sabe que eu acho cada vez mais difícil arranjar gente capaz para tratar deste país.
(Na justiça) o problema é que não há juízes, faltam instalações e é preciso mais organização. A justiça precisa de mais meios e mais dinheiro. A educação precisa de menos dinheiro e de menos meios. A nossa educação custa mais do que a educação espanhola ou grega.
Quando se diz que é preciso mais dinheiro isto foi uma moda que os incompetentes geraram neste país: pondo mais dinheiro as coisas se resolvem. Sabemos nas nossas vidas que, por vezes, onde pomos mais dinheiro é onde acertamos menos. O que precisamos é de responsabilidade, exigência, rigor e seriedade.
Eu tenho respostas para a evasão e para a fraude mas se as pessoas não são capazes de agarrar nessas respostas e pô-las em vigor depois pesam outras dificuldades.
O que é que pensa de um primeiro-ministro que me pede uma solução, eu discuto com ele a solução, ele aceita e depois foge !? Isto é um problema de carácter. Não podemos combater a evasão sem carácter.
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