A propósito do hino nacional e da nação valente imortal...uma parte da crónica de Miguel Gaspar no Público de hoje:
"Há, evidentemente, uma dimensão identitária que desperta. As bandeiras que ficam nas janelas depois das derrotas significam a vontade de pertencer a qualquer coisa e de ser reconhecido. E é normal o prazer de um jogo, o sentimento de fazer parte de uma comunidade e gostar de vencer. Normal, fugaz e momentâneo. Quando a partir daqui se começa a construir o discurso da "unidade" dos portugueses ou a projectar em 11 jogadores de futebol as "glórias" da nação, passou-se para o domínio da alienação pura e simples. Da alienação e do vazio.
A volatilidade deste fenómeno mostra como esse suposto nacionalismo é ilusório, mas também como não existe uma ideia moderna de Portugal. Pedimos emprestadas ao passado as narrativas em que a história da "pátria" é descrita como épica ou decadente e como se o jogo da bola devolvesse a grandeza perdida e imaginária do império. A ideia do "optimismo" que supera o "complexo de inferioridade" nacional prolonga essas narrativas gastas. Mas para sermos modernos, não faz sentido resgatar a nação valente. Basta pensarmos que um chuto na bola é um chuto na bola. E nada mais do que isso".
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