28 fevereiro, 2011

Tachos


O actual Governo de José Sócrates já criou 42 grupos de trabalho, 20 comissões, dois conselhos, dois grupos consultivos, uma coordenação nacional, um observatório e uma estrutura de missão desde que tomou posse no final de 2009.
Há grupos de trabalho que se sobrepõem a comissões, e comissões que se justapõem a outras e à actividade que deveria ser realizada por organismos e entidades já existentes na Administração Pública.

23 fevereiro, 2011

1 milhão na Avenida da Liberdade


1 milhão na Avenida da Liberdade pela demissão de toda a classe política

Este e-mail vai circular hoje e será lido por centenas de milhares de pessoas. A guerra contra a chulisse, está a começar. Não subestimem o povo que começa a ter conhecimento do que nos têm andado a fazer, do porquê de chegar ao ponto de ter de cortar na comida dos filhos! Estamos de olhos bem abertos e dispostos a fazer -quase-tudo, para mudar o rumo deste abuso.

Todos os ''governantes'' [a saber, os que se governam...] de Portugal falam em cortes de despesas - mas não dizem quais - e aumentos de impostos a pagar.

Nenhum governante fala em:

1. Reduzir as mordomias (gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores, suportes burocráticos respectivos, carros, motoristas, etc.) dos três Presidentes da República retirados;

2. Redução dos deputados da Assembleia da República e seus gabinetes, profissionalizando-os como nos países a sério. Reforma das mordomias na Assembleia da República, como almoços opíparos, com digestivos e outras libações, tudo à custa do pagode;

3. Acabar com centenas de Institutos Públicos e Fundações Públicas que não servem para nada e, têm funcionários e administradores com 2º e 3º emprego;

4. Acabar com as empresas Municipais, com Administradores a auferir milhares de euro/mês e que não servem para nada, antes, acumulam funções nos municípios, para aumentarem o bolo salarial respectivo.

5. Por exemplo as empresas de estacionamento não são verificadas porquê? E os aparelhos não são verificados porquê? É como um táxi, se uns têm de cumprir porque não cumprem os outros?s e não são verificados como podem ser auditados?

6. Redução drástica das Câmaras Municipais e Assembleias Municipais, numa reconversão mais feroz que a da Reforma do Mouzinho da Silveira, em 1821, etc...;

7. Redução drástica das Juntas de Freguesia.. Acabar com o pagamento de 200 ? por presença de cada pessoa nas reuniões das Câmaras e 75, ? nas Juntas de Freguesia.

8. Acabar com o Financiamento aos partidos, que devem viver da quotização dos seus associados e da imaginação que aos outros exigem, para conseguirem verbas para as suas actividades;

9. Acabar com a distribuição de carros a Presidentes, Assessores, etc, das Câmaras, Juntas, etc., que se deslocam em digressões particulares pelo País;

10. Acabar com os motoristas particulares 20 h/dia, com o agravamento das horas extraordinárias... para servir suas excelências, filhos e famílias e até, os filhos das amantes...

11. Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado e entes públicos menores, mas maiores nos dispêndios públicos;

12. Colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado. Não permitir de modo algum que carros oficiais façam serviço particular tal como levar e trazer familiares e filhos, às escolas, ir ao mercado a compras, etc;

13. Acabar com o vaivém semanal dos deputados dos Açores e Madeira e respectivas estadias em Lisboa em hotéis de cinco estrelas pagos pelos contribuintes que vivem em tugúrios inabitáveis....

14. Controlar o pessoal da Função Pública (todos os funcionários pagos por nós) que nunca está no local de trabalho. Então em Lisboa é o regabofe total. HÁ QUADROS (directores gerais e outros) QUE, EM VEZ DE ESTAREM NO SERVIÇO PÚBLICO, PASSAM O TEMPO NOS SEUS ESCRITÓRIOS DE ADVOGADOS A CUIDAR DOS SEUS INTERESSES, QUE NÃO NOS DÁ COISA PÚBLICA....;

15. Acabar com as administrações numerosíssimas de hospitais públicos que servem para garantir tachos aos apaniguados do poder - há hospitais de província com mais administradores que pessoal administrativo. Só o de PENAFIEL TEM SETE ADMINISTRADORES PRINCIPESCAMENTE PAGOS... pertencentes ás oligarquias locais do partido no poder...

16. Acabar com os milhares de pareceres jurídicos, caríssimos, pagos sempre aos mesmos escritórios que têm canais de comunicação fáceis com o Governo, no âmbito de um tráfico de influências que há que criminalizar, autuar, julgar e condenar;

17. Acabar com as várias reformas por pessoa, de entre o pessoal do Estado e entidades privadas, que passaram fugazmente pelo Estado.

18. Pedir o pagamento dos milhões dos empréstimos dos contribuintes ao BPN e BPP;

19. Perseguir os milhões desviados por Rendeiros, Loureiros e Quejandos, onde quer que estejam e por aí fora.

20. Acabar com os salários milionários da RTP e os milhões que a mesma recebe todos os anos.

21. Acabar com os lugares de amigos e de partidos na RTP que custam milhões ao erário público.

22. Acabar com os ordenados de milionários da TAP, com milhares de funcionários e empresas fantasmas que cobram milhares e que pertencem a quadros do Partido Único (PS + PSD).

23. Assim e desta forma Sr. Ministro das Finanças recuperaremos depressa a nossa posição e sobretudo, a credibilidade tão abalada pela corrupção que grassa e pelo desvario dos dinheiros do Estado ;

24. Acabar com o regabofe da pantomina das PPP, que mais não são do que formas habilidosas de uns poucos patifes se locupletarem com fortunas à custa dos papalvos dos contribuintes, fugindo ao controle seja de que organismo independente for e fazendo a "obra" pelo preço que "entendem"...;

25. Criminalizar, imediatamente, o enriquecimento ilícito, perseguindo, confiscando e punindo os biltres que fizeram fortunas e adquiriram patrimónios de forma indevida e à custa do País, manipulando e aumentando preços de empreitadas públicas, desviando dinheiros segundo esquemas pretensamente "legais", sem controlo, e vivendo à tripa forra à custa dos dinheiros que deveriam servir para o progresso do país e para a assistência aos que efectivamente dela precisam;

26. Controlar a actividade bancária por forma a que, daqui a mais uns anitos, não tenhamos que estar, novamente, a pagar "outra crise";

27. Não deixar um único malfeitor de colarinho branco impune, fazendo com que paguem efectivamente pelos seus crimes, adaptando o nosso sistema de justiça a padrões civilizados, onde as escutas VALEM e os crimes não prescrevem com leis à pressa, feitas à medida;

28. Impedir os que foram ministros de virem a ser gestores de empresas que tenham beneficiado de fundos públicos ou de adjudicações decididas pelos ditos.

29. Fazer um levantamento geral e minucioso de todos os que ocuparam cargos políticos, central e local, de forma a saber qual o seu património antes e depois.

30. Pôr os Bancos a pagar impostos.

Um dia feito de vidro




22 fevereiro, 2011

Falar fora da caixa

José Vítor Malheiros, Público

As organizações precisam de aprender a experimentar o novo espaço público de comunicação.

Uma das coisas mais estranhas que acontecem quando se fala de novas tecnologias - ou de novos serviços de base tecnológica - é a facilidade com que tantas pessoas confundem as suas inclinações com o impacto da tecnologia na sociedade.

Há 25 anos, ouvia pessoas à minha volta dizer que não achavam que o fax fosse necessário porque elas continuavam a mandar cartas pelo correio. Há 20 anos, ouvia pessoas dizerem que não achavam que o mail servisse de muito porque elas não o usavam e nunca tinham sentido necessidade de o experimentar. Há 15 anos, ouvi dezenas de pessoas (todas o negam hoje) dizer que a Internet não ia mudar nada de essencial como pensavam os "deslumbrados da tecnologia" (entre os quais estaria eu) porque eles não a usavam e preferiam "ir às bibliotecas" ou qualquer coisa do género. Depois ouvi a mesma coisa a respeito do Instant Messaging ("Não vejo necessidade. Eu uso mail"), dos livros digitais ("Não me parece que tenham futuro. Eu prefiro o papel"), do chat ("Eu, quando quero falar com alguém, telefono"), dos blogs ("Não tenho paciência") e ouço-o agora em relação ao Twitter e a outras redes sociais como o Facebook - mesmo quando os acontecimentos no Norte de África nos oferecem provas insofismáveis do seu poder. Claro que a generalização do uso destas ferramentas acaba por envolver também as pessoas que começaram por recusar a sua existência, a sua utilidade e o seu potencial, mas a verdade é que o número de cépticos e a profundidade do cepticismo parecem com frequência completamente desfasados em relação ao óbvio potencial.

Uma das razões para estas atitudes é o facto de a nossa cultura privilegiar a imagem conservadora. Errar pelo lado da prudência parece sempre preferível a exagerar no entusiasmo. Uma pessoa céptica, que gosta de "esperar para ver" e que "não vai em modas" parece sempre mais séria que uma pessoa entusiasmada com a última tecnologia. O único problema é que, se pode parecer mais séria, não o é necessariamente.

Ser prudente em relação à adopção de uma tecnologia é uma opção sensata. Mas adiar a experimentação de uma nova tecnologia até ao momento em que a sua ignorância se torna um factor de atraso em termos competitivos e de exclusão em termos sociais é tudo menos sensato. A "aposta na inovação" de cuja necessidade nos falam há tantos anos que já nos enjoa devia passar precisamente pela experimentação, pelo entusiasmo pelas coisas interessantes antes de elas se tornarem mainstream, coisas que podem falhar mas que nos oferecem oportunidades de aprendizagem únicas.

As redes sociais online são, neste momento, o exemplo canónico da nova tecnologia que se situa entre o entusiasmo dos deslumbrados e a atitude blasée dos cépticos. Não é que alguém defenda que não se devam usar, mas muitos continuam a achar que isso deve ser feito apenas "pelos outros" ou "pelos mais jovens". Apesar de ser evidente que a sua importância vai continuar a crescer. O trabalho, a política, a educação, os negócios, as relações pessoais, os hobbies, a acção social passam cada vez mais pelas redes sociais. Apesar disso, continuamos a ouvir, um pouco por todo o lado, comentários do tipo "Não percebo como se pode achar graça ao Facebook. Aquilo é só disparates!"

Uma das razões para esta dificuldade na avaliação da ferramenta provém do facto de no Facebook convergirem diferentes planos da nossa vida (pessoal, profissional, familiar) e diferentes tribos (adolescentes, corporações, colegas) que não estamos habituados a ver coabitar. Há muitas pessoas que convivem mal com esta babel, mas o regresso à toca não é uma opção. As organizações precisam de aprender a sair das suas caixas com ambiente controlado e arriscar-se a experimentar o novo espaço público de comunicação.

19 fevereiro, 2011

Cristina Branco: Não há só tangos em Paris




Olhares


A ideia foi simples: esconder uma câmara nas costas e passear-se pelas ruas de Los Angeles com umas calças justas e sensuais....e ver no que dá.
A ideia é de uma rapariga norte-americana, que quis provar que todos olham para o rabo de uma mulher considerada "jeitosa".



18 fevereiro, 2011

Os claustros e a tecnologia


A freira María Jesús Galán tornou-se conhecida por usar o Facebook. E foi o mesmo Facebook que a tornou ainda mais famosa ao motivar a sua expulsão do convento de Santo Domingo el Real, de Toledo, Espanha.

Zero de certezas





15 fevereiro, 2011

A mais surpreendente das invenções árabes


José Vítor Malheiros, Público

A revolução de massas pacífica e vitoriosa em nome da democracia e do doce perfume da liberdade.

É verdade que não sabemos se o exército egípcio vai manter as suas promessas. É verdade que não sabemos se haverá liberdade de expressão e de reunião para poder fundar partidos e fazer uma campanha eleitoral livre. E nem sequer sabemos se as eleições serão mesmo livres. E não conhecemos a real implantação dos fanáticos islamistas, nem sabemos até que ponto as posições conciliadoras da Irmandade Muçulmana das últimas semanas são tácticas ou sinceras. Nem sequer sabemos que percentagem da população é que faz parte ou se revê na "geração Facebook" que desencadeou a contestação que se transformou em revolução e que fez cair o regime. E, se é verdade que Mubarak caiu, nem sequer podemos dizer com rigor que o regime caiu, porque os militares são os mesmos de antes e o Governo é quase o mesmo de antes.

Tudo isso é verdade. Mas a verdade que se sobrepõe a todas as outras é que, para já, a ditadura foi decapitada, o povo egípcio, seguindo o exemplo do povo tunisino, levou a cabo uma revolução de massas pacífica e vitoriosa em nome da democracia e que, num Egipto que conheceu milénios de autocracia se respira hoje, para usar as palavras de Farah, uma jovem manifestante de 23 anos, "o doce perfume da liberdade". Essa é a verdade mais importante porque ninguém quer perder a liberdade que se provou e porque o exercício cívico da liberdade que vimos no Egipto deita por terra todos os argumentos paternalistas que sustentam as ditaduras.

Um perito no mundo árabe, entrevistado há dias num canal de televisão, depois de traçar os cenários possíveis para o futuro do Egipto, dizia, com uma sinceridade desarmante e uma felicidade evidente, algo como "Eu estou a dizer isto mas a verdade é que não faço a mínima ideia do que vai acontecer, ninguém faz a mínima ideia. Porque ninguém fazia a mínima ideia de que isto ia acontecer e aconteceu". Alguém sabia que havia uma geração Facebook no Norte de África há três meses?

Lembram-se do que se dizia dos países árabes, onde a democracia era impossível? Quem nos diria que uma tal lição de civismo e democracia, de amor pela liberdade, de coragem e de não-violência nos viria da Tunísia e do Egipto? É verdade que há pessoas como o comerciante Ahmad Sudain, que Paulo Moura citava ontem aqui no PÚBLICO, que acham que o Egipto está perdido porque os egípcios são gente selvagem que não sabem viver em democracia. Mas esses são os que olham para o passado e o futuro ainda não existe. Nem olhando para a frente se consegue vê-lo. É preciso fabricá-lo. Como estão a fazer os jovens que, depois da revolução limpam a praça Tahrir, com uma vassoura numa mão ou uma garrafa de diluente, tentando limpar os graffiti nas paredes. Ou os sites que estudam a sua transformação em movimentos cívicos, os movimentos cívicos que consideram a sua transformação em partidos, os grupos de vizinhos que criam comissões de bairro para experimentar o poder de decidir do seu futuro, os amigos que aprendem a discutir política nos cafés (lembram-se do 25 de Abril?...), os artistas que querem estar em todo o lado, os cidadãos que distribuem panfletos a dizer "Hoje este país é o teu país. Já não temos desculpas".

A contestação tunisina e egípcia pediu o impossível e o impossível aconteceu (há um eco que grita "Soyez réalistes..."). E agora? Agora que já se sabe que esse desejo do impossível a que se chama esperança pode afinal ter um fim feliz, pelo menos por enquanto, pelo menos para já, agora que se sabe que tudo é afinal possível, já não se trata de esperança mas de paixão. Paixão para construir o futuro. Há quem faça um sorriso cínico ao ouvir as palavras de Farah: "Talvez o mundo mude depois disto." Mas nós sabemos que isso é possível. Talvez. Por agora, isso chega-nos.

14 fevereiro, 2011

Egito: é difícil fazer melhor


Rui Tavares, Público

Se eu fosse egípcio, teria acordado no sábado pensando: será que é verdade? Aconteceu mesmo? O Mubarak já não é Presidente? E depois, teria perguntado: e agora? O que vai acontecer? Não me teria lembrado disto: pegar numa vassoura e ir varrer as ruas. E foi isso que muitos egípcios fizeram.

Esta revolução egípcia será estudada durante décadas. Até que cheguem os primeiros estudos feitos por cientistas sociais, historiadores e estatísticos, não conseguiremos entender como foi possível organizar, motivar e coordenar uma massa de milhões de pessoas com a persistência, a unidade e a concentração que os egípcios demonstraram - e sem um partido, um sindicato ou uma organização religiosa que pudesse monopolizar o protesto. Uma revolução é uma vasta operação de massas, mas enquanto não nos aproximarmos dos milhões de decisões individuais, teremos de tentar apanhar-lhe a alma através dos pormenores significativos, as coisas de que não nos lembraríamos, aquelas que estão fora das previsões. Daí os egípcios varrendo as ruas no dia seguinte à queda de Mubarak.

Passámos uma década tentando prever - passámos mais, mas na última década vivemos obcecados com isso - como reagiria a grande mole do maior país árabe quando finalmente explodisse, como teria que explodir. Ninguém conseguiu imaginar que, após décadas de humilhação quotidiana, eles aguentariam dezoito dias de protestos na rua, fazendo sair por várias vezes multidões de centenas de milhares ou milhões de pessoas em todos o país, ultrapassando as provocações e a desmobilização; quando foram atacados, não abandonaram a praça; quando o movimento perdia o gás, iam buscar reservas sabe-se lá onde.

Varrer as ruas e limpar os monumentos significa que os egípcios tomam posse do seu país, e que o seu movimento é acima de tudo reconstrutivo. Claro, tudo pode ainda correr mal. O Exército pode desejar calcificar-se no poder, a Irmandade Muçulmana pode corresponder aos piores pesadelos ocidentais; e parte-se de tão alto que é impossível, daqui a tempos, não haver desiludidos da revolução. Poderíamos encher colunas e colunas com aquilo que poderia correr mal; a isso poderíamos acrescentar a mesquinhez, a ignorância e até o racismo com que muitos comentadores se têm referido à revolução egípcia, como se ali estivesse um povo embrutecido ao qual houvesse de ser negada a emancipação.

Para isso seria preciso recusar aquilo que os egípcios fizeram até agora. Sim, tudo pode ainda correr mal. Mas não poderia ter corrido melhor até agora.

Mas acima de tudo, para justificar o grau de ridículo e bilioso pessimismo perante a revolução egípcia, seria preciso dizer: que fazer de diferente, então? Manter Mubarak no poder, para lá do prazo de validade, aumentando a pressão dentro da panela, e arriscando uma explosão violenta, só para manter sossegado Netanyahu em Telavive? Abafar agora a revolução com uma junta militar pró-ocidental, arriscando a frustração das expectativas egípcias? E tudo isso para quê?

Alguns ocidentais temem que o Egito possa seguir o caminho do Irão em 1979. Para isso têm de esquecer uma coisa: que o caminho do Irão já foi seguido e os egípcios conhecem-no: é um regime autoritário. E por que raio hão-de os egípcios querer ser como o Afeganistão ou o Iraque? Os árabes são informados e sabem o que se passa na região. Não têm razões para ir por aí. Entre ser como o Irão, o Afeganistão, o Iraque, a louca Líbia e - por exemplo - a Turquia, que preferirão os egípcios? Ai que pergunta tão difícil.


13 fevereiro, 2011

Milhares nas ruas contra Berlusconi e a favor da "dignidade das mulheres"


Milhares de pessoas, na sua grande maioria mulheres, estão a manifestar-se em várias cidades de Itália para “defender o valor da dignidade das mulheres” numa altura em o primeiro-ministro italiano se arrisca a ser julgado por abuso de poder e práticas sexuais com uma prostituta menor de idade.

Dirigentes escolares exigem suspensão do processo de avaliação e pedem justiça


O actual modelo de avaliação de desempenho do pessoal docente foi hoje fortemente criticado, no Porto, por muitos dirigentes de escolas públicas que exigem que o Ministério da Educação (ME) o suspenda por que entendem que o modelo em curso “não garante justiça na avaliação nem promove a qualidade da escola pública”. E até se “construir um modelo de avaliação de desempenho simples, exequível e justo, deve, igualmente ser suspensos todos os efeitos dele decorrentes, nomeadamente na progressão na carreira e nos concursos”.

12 fevereiro, 2011

Fotografia vencedora da World Press Photo

O retrato de uma mulher afegã, mutilada no nariz, valeu à repórter sul-africana Jodi Beiber o grande prémio do concurso internacional World Press Photo 2010. O vencedor foi hoje anunciado em Amesterdão. A fotografia, que foi capa da revista “Time” a 1 de Agosto de 2010, revela uma jovem afegã de 18 anos, Bibi Aisha, a quem o marido cortou o nariz e as orelhas por ela ter voltado para a família, depois de o acusar de maus tratos. Bibi Aisha voltou depois a fugir do marido que a maltratava diariamente e contou a sua história. A jovem foi ajudada por uma organização de apoio a mulheres vítimas de violência e enviada para os Estados Unidos, onde mais tarde foi operada.

Argélia: o seguinte?


Cerca de duas mil pessoas estão a marchar no centro de Argel reclamando a mudança de regime e gritando palavras de ordem contra o Presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, apesar do forte dispositivo policial montado para impedir o avanço da manifestação, que foi proibida pelas autoridades.

11 fevereiro, 2011

Egipto: o virar da página


Demorou, mas foi. Ao fim de 18 dias a múmia faraónica ruiu.
Começa um novo ciclo.

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10 fevereiro, 2011

40 por cento das empresas bloqueia redes sociais


40 por cento das empresas bloqueio o acesso dos seus funcionários às redes sociais
Este número é apresentado num relatório da Cisco, que refere ainda que nos casos em que o acesso é permitido os funcionários despendem, em média, 24 minutos para aceder às redes sociais.

Entre os países em que o tempo gasto é maior está a Espanha, com 30 minutos, seguindo-se a França e o Reino Unido com 25 minutos e a Alemanha com 20 minutos.



Wael Ghonim foi a injecção de adrenalina que reanimou a revolta no Egipto

“A liberdade é uma bênção pela qual vale a pena lutar.” A primeira mensagem que Wael Ghonim publicou no Twitter, após dez dias detido, voltou a ser de incitamento à sublevação. O executivo da Google, um dos principais promotores da revolta no Egipto a partir da Internet, estava preso desde 27 de Janeiro. Foi libertado esta segunda-feira.

O carregador único para telemóveis está a chegar à Europa


Já aconteceu a toda a gente: estamos no escritório, o telemóvel apita continuamente avisando que a bateria precisa de ser recarregada, e não há ninguém que nos valha. Cada marca (e, muitas vezes, diferentes modelos da mesma marca) de telemóveis usa o seu próprio carregador. Mas estes dias de incompatibilidade estão para acabar.

09 fevereiro, 2011

We are all Khaled Said Murder




Aqui tão perto

José Vítor Malheiros, Público

Eu preciso de saber quantas pessoas estão neste momento em Tahrir Square.

Há cerca de duas semanas que a minha rotina diária começa e acaba com visitas aos mesmos sites da Internet: a BBC e a Al-Jazira. Claro que não são os únicos e, a par destes, visito muitos outros sites de informação, de canais de televisão, de jornais, de blogues e, como não podia deixar de ser, sigo também os acontecimentos pelo Twitter e pelo Facebook e pelo Flickr e pelo YouTube, nos posts e nos tweets e nas fotos e nos vídeos de jornalistas, de organizações humanitárias, de investigadores, de pessoas comuns, de egípcios e de gente de todas as nacionalidades. Mas a BBC e a Al-Jazira têm sido os meus companheiros fiéis nesta tentativa de acompanhar os acontecimentos no Egipto. Os meus e os de muitos milhões de pessoas, em todo o mundo.

Não me deito sem saber como está a Praça Tahrir, não tomo o pequeno-almoço sem ver o que se passa nas ruas do Cairo. A BBC e a Al-Jazira não me contam apenas o que se passa, nem me mostram só entrevistas com especialistas, com políticos ou com pessoas da rua, nem põem apenas os seus repórteres a contar o que viram. Fazem tudo isso, mas mostram-me o que se passa na praça. E eu preciso de saber quantas pessoas estão neste momento em Tahrir Square. Às vezes preciso de esperar, porque a imagem está em diferido, mas é preciso ver em directo, preciso de ver como as pessoas se movem, se andam ou se correm, se vão todas na mesma direcção ou em sentidos diferentes, preciso de saber onde estão os tanques e quantos são. Preciso de ver como se mexem as figuras em beige. Se há projécteis em fogo pelo ar. Se há dois grupos que correm para a mesma clareira. Aprendi a ler a imagem de Tahrir Square quase como um analista militar. Os canais às vezes dividem o ecrã em dois, para que eu possa ver Tahrir Square de um lado, live, enquanto alguém fala do outro lado do ecrã, no estúdio. É como uma webcam das antigas, daquelas que olhávamos no início da Web, apontada para o quarto de um estudante num qualquer canto do mundo, só para nos mostrar que era possível, só para nos mostrar que estava lá, como uma luz de presença no quarto de uma criança. Só que agora as câmaras da televisão abrem a janela da minha Internet sobre o Cairo. Às vezes, quando abro um destes sites há um pivot a falar sobre outra coisa, um debate, cada vez com mais frequência o vídeo é ocupado com acontecimentos de outros pontos do mundo, mas eu espero para ver como está Tahrir Square. Aquela ilha de liberdade está, de alguma forma, sob a nossa protecção, através das televisões e da Internet. Precisamos de ver e de mostrar a todos que vemos, que sabemos o que se passa - se não noutras ruas pelo menos em Tahrir. Se fomos todos berlinenses com a televisão dos anos 60, nova-iorquinos com a TV cabo em 2001, somos hoje egípcios com a Internet.

Todas estas janelas fazem mais do que mostrar-nos as notícias. A Internet, o Facebook, o Twitter, o Flickr, o YouTube mostram-nos as pessoas. Uma por uma. Não sei se na praça estão 200.000 pessoas ou 2 milhões, mas sei que uma delas é a jovem Miral, sei que muitas foram mobilizadas pela morte do jovem Khaled Said, sei como falam, como se exprimem, como escrevem, sei que são como eu, sei o que querem e o que querem parece-me a coisa mais normal e mais justa do mundo.

E elas sabem que nós sabemos não por causa dos (tardios, tardios) discursos dos políticos, mas porque lhes mandamos mensagens e tweets e comentários às fotos tremidas tiradas com os telemóveis e porque há quem escreva no Flickr MY HEART IS IN EGYPT e porque, apesar de não falarem a mesma língua que nós e de escreverem aqueles rabiscos incompreensíveis nos seus estandartes e nas paredes e nos tanques, eles falam a mesma língua que nós: a procura da liberdade.




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Símbolos


Wael Ghonim é o director de marketing da Google para o Médio Oriente que criou a página do Facebook Kolane Khaled Said (Somos todos Khaled Said). Foi preso e acaba de ser libertado.
Khaled Said foi um jovem assassinado pela polícia em Alexandria e que se tornou um ícone da revolução.


As lágrimas de Wael Ghonim



08 fevereiro, 2011

Veto


Ora aí está a chamada magistratura de influência.... para as piores decisões.

O Presidente da República vetou hoje o diploma do Governo sobre prescrição de medicamentos que permite que a prescrição da marca do medicamento pelo médico seja substituída pelo farmacêutico, quer por medicamentos genéricos, quer por outro essencialmente similar.

07 fevereiro, 2011

Para grandes males....


A senadora socialista flamenga Marlene Temmerman propôs uma iniciativa inédita para resolver o impasse político na Bélgica, que já bateu o recorde de país europeu que mais tempo viveu sem um Governo. Propõe a abstinência sexual para que os políticos se entendam.

05 fevereiro, 2011

O virar da página



O fim de Hosni Mubarak está próximo. Vem aí a transição.


Ciberactivismo


Depois da Tunísia e do Egipto, os ciberactivistas do grupo Anonymous estão a atacar sites pertencentes ao Governo do Iémen

O regime do presidente Ali Abdullah Saleh tornou-se o novo alvo preferido dos membros do Anonymous, um grupo de ciberactivistas apoiantes da liberdade de expressão na Internet.

O primeiro site a ser atacado foi precisamente a página Web do presidente do Iémen.

Tudo o que espoliámos à "geração sem remuneração"

José Manuel Fernandes, Público

Para uns terem "direitos adquiridos" para sempre, outros ficaram sem direitos nenhuns: os mais novos, os nossos filhos.

Quando o FMI chegou pela segunda vez a Portugal, em 1983, eu tinha 26 anos. Num daqueles dias de ambiente pesado, quando havia bandeiras pretas hasteadas nos portões das fábricas da periferia de Lisboa, quando nos admirávamos com ser possível continuar a viver e a trabalhar com meses e meses de salários em atraso, almocei com um incorrigível optimista no Martinho da Arcada. Nunca mais me esqueci de uma sua observação singela: "Já reparaste como, apesar de todos os actuais problemas, a nossa geração vive melhor do que as dos nossos pais? Tenta lembrar-te de como era quando eras miúdo..."

Era verdade: a minha geração viveu e vive muito melhor do que a dos seus pais. E eles já viveram melhor do que os pais deles. Mas quando olho para a geração dos meus filhos, e dos que são mais novos do que eles, sinto, sei, que já não vai ser assim. E não vai ser assim porque nós estragámos tudo - ou ajudámos a estragar tudo. Talvez aqueles que são um bocadinho mais velhos do que eu, os verdadeiros herdeiros da "geração de 60", os que ocuparam o grosso dos lugares do poder nas últimas três décadas, tenham um bocado mais de responsabilidade. Mas ninguém duvide que o futuro que estamos a deixar aos mais novos é muito pouco apetecível. E que o seu presente já é, em muitos aspectos, insuportável.

Começámos por lhes chamar a "geração 500 euros", pois eram licenciados e muitos não conseguiam empregos senão no limiar do salário mínimo. Agora é ainda pior. Quase um em cada quatro pura e simplesmente não encontra emprego (mais de 30 por cento se tiverem um curso superior). Dos que encontram, muitos estão em call centers, em caixas de supermercados, ao volante de táxis, até com uma esfregona e um balde nas mãos, apesar de terem andado pela universidade e terem um "canudo". Pagam-lhes contra recibos verdes e, agora, o Estado ainda lhes vai aplicar uma taxa maior sobre esse muito pouco que recebem. Vão ficando por casa dos pais, adiando vidas, saltitando por aqui e por ali com medo de compromissos.

Há 30 anos, quando Rui Veloso fixou um estereótipo da minha geração em A rapariguinha do shopping, a letra do Carlos Tê glosava a vaidade de gente humilde em ascensão social, fosse lá isso o que fosse: "Bem vestida e petulante/Desce pela escada rolante/Com uma revista de bordados/Com um olhar rutilante/E os sovacos perfumados/.../Nos lábios um bom batom/Sempre muito bem penteada/Cheia de rimel e crayon..."

Hoje, quando os Deolinda entusiasmam os Coliseus de Lisboa e do Porto, o registo não podia ser mais diferente: "Sou da geração sem remuneração/E não me incomoda esta condição/Que parva que eu sou/Porque isto está mal e vai continuar/Já é uma sorte eu poder estagiar..." Exacto: "Já é uma sorte eu poder estagiar", ou mesmo trabalhar só pelo subsídio de refeição, ou tentar a bolsa para o pós-doc depois de ter tido bolsa para o doutoramento e para o mestrado e nenhuma hipótese de emprego. Sim, "Que mundo tão parvo/Onde para ser escravo é preciso estudar..."

É a geração espoliada. A geração que espoliámos.

Sem pieguices, sejamos honestos: na loucura revolucionária do pós-25 de Abril, primeiro, depois na euforia da adesão à CEE, por fim na corrida suicida ao consumo desencadeada pela adesão à moeda única e pelos juros baixos, desbaratámos numa geração o rendimento de duas gerações. Talvez mais. As nossas dívidas, a pública e a privada, já correspondem a três vezes o produto nacional - e não vamos ser nós a pagá-las, vamos deixá-las de herança.

Quisemos tudo: bons salários, sempre a subir, e segurança no emprego; casa própria e casa de férias; um automóvel para todos os membros da família; o telemóvel e o plasma; menos horas de trabalho e a reforma o mais cedo possível. Pensámos que tudo isso era possível e, quando nos avisaram que não era, fizemos como as lapas numa rocha batida pelas ondas: enquistámos nas posições que tínhamos alcançado. Começámos a falar de "direitos adquiridos". Exigimos cada vez mais o impossível sem muita disposição para darmos qualquer contrapartida. Eram as "conquistas de Abril".

Veja-se agora o país que deixamos aos mais novos. Se quiserem casa, têm de comprá-la, pois passaram-se décadas sem sermos capazes de ter uma lei das rendas decente: continuamos com os centros das cidades cheios de velhos e atiramos os mais novos para as periferias. Se quiserem emprego, mesmo quando são mais capazes, mesmo quando têm muito mais formação, ficam à porta porque há demasiada gente instalada em empregos que tomaram para a vida. Andaram pelas universidades, mas sabem que, nelas, os quadros estão praticamente fechados. Quando têm oportunidade num instituto de investigação, dão logo nas vistas, mas são poucas as oportunidades para tanta procura. Pensaram ser professores mas foram traídos pela dinâmica demográfica e pela diminuição do número de alunos. Sonharam com um carreira na advocacia, mas agora até a sua Ordem se lhes fecha. Que lhes sobra? As noites de sexta-feira e pensarem que amanhã é outro dia...

E observe-se como lhes roubámos as pensões a que, teoricamente, um dia teriam direito: a reforma Vieira da Silva manteve com poucas alterações o valor das reformas para os que estão quase a reformar-se ao mesmo tempo que estabelecia fórmulas de cálculo que darão aos jovens de hoje reformas que corresponderão, na melhor das hipóteses, a metade daquelas a que a geração mais velha ainda tem direito. Eles nem deram por isso. Afinal, como poderia a "geração "casinha dos pais"" pensar hoje no que lhe acontecerá daqui a 30 ou 40 anos?

Esta geração nunca se revoltará, como a geração de 60, por estar "aborrecida", ou "entediada", com o progresso "burguês". Esta geração também não se mobilizará porque... "talvez foder". Mas esta geração, que foi perdendo as ilusões no Estado protector - ela sabe muito bem como está desprotegida no desemprego, por exemplo... -, habituou-se também a mudar, a testar, a arriscar e, sobretudo, a desconfiar dos "instalados".

Esta geração talvez já tenha percebido que não terá uma vida melhor do que a dos seus pais, pelo menos na escala que eles tiveram relativamente aos seus avós. Por isso esta geração não segue discursos políticos gastos, nem se deixa encantar com retóricas repetitivas, nem acredita nos que há muito prometem o paraíso.

Por isso esta geração pode ser mobilizada para o gigantesco processo de mudança por que Portugal tem de passar - mais do que um processo de mudança, um processo de reinvenção. Portugal tem de deixar de ser uma sociedade fechada e espartilhada por interesses e capelinhas, tem de se abrir aos seus e, entre estes, aos que têm mais ambição, mais imaginação e mais vontade. E esses são os da geração "qualquer coisa" que só quer ser "alguma coisa". Até porque parvoíce verdadeira é não mudar, e isso eles também já perceberam...

03 fevereiro, 2011

Iémen


Já cheira a jasmim nas ruas do Iémen...

Google Art Project


A Google lançou o googleartproject.com

Cada imagem tem 7 biliões de pixels, o suficiente para fazer zooms impressionantes e não perder nenhum detalhe.

Podemos navegar pelos museus como se fosse o Google Street, visitando salas e acedendo às suas obras, assim como criar as nossas próprias coleções para desfrutá-las posteriormente.

02 fevereiro, 2011

Que parva que eu sou


"Sou da geração sem remuneração e não me incomoda esta condição. Que parva que eu sou! Porque isto está mal e vai continuar, já é uma sorte eu poder estagiar. Que parva que eu sou! E fico a pensar, que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar..."





01 fevereiro, 2011

Google ajuda os egípcios


A empresa norte-americana Google Inc. lançou um serviço especial que permite às pessoas no Egipto enviarem mensagens para o microblog Twitter através de uma simples mensagem de voz por chamada telefónica, dispensando assim o acesso à Internet, que as autoridades no Egipto mantêm bloqueada desde a semana passada.