30 dezembro, 2009

A década do medo e da desigualdade


José Vitor Malheiros, Público

Fim de ano é tempo de balanço do passado e de votos para o futuro. Fim de década é tempo de dez vezes mais balanços e, por amor à simetria, mãe da ordem, da beleza e da verdade, de tentativas de escrutinar os próximos dez anos - como se isso fosse preciso para equilibrar o olhar que lançamos para trás, para nos garantir que não vamos ficar presos para sempre no passado, com o pêndulo do relógio atolado no lodo negro daquilo que já passou, e que poderemos seguir em frente. Fazemo-lo ainda que saibamos como é fútil pretender espreitar o futuro, como a década passada mostrou (quem adivinhou no ano 2000 o dia 11 de Setembro do ano seguinte?), como num exorcismo divinatório, através do qual tentamos pelo menos evitar o pior e sugerir o melhor, atirando umas sementes de optimismo para a frente do caminho.

É claro que a primeira década do terceiro milénio desta era só acaba no fim de 2010, mas o milénio mítico começou em 2000, quer gostemos quer não, e por isso toda a gente se lançou alegremente no exercício decenal em 2009.

Que a década passada não deixa saudades no Ocidente à maior parte dos observadores parece claro, ainda que a situação seja diferente na China, onde cada ano arrancou umas quantas dezenas de milhões de indivíduos ao oceano da pobreza. Para mim, a década que está a acabar, nascida, como o século e como o milénio, a 11 de Setembro de 2001, é a década do medo. O medo do terrorismo, claro, mas mais do que isso.

O medo que nasce da consciência da total desprotecção perante o ódio, o medo que nasce da consciência desse ódio ubíquo que não percebemos, mas também o medo instrumental, estimulado pelos poderes para aumentarem a sua força e ampliarem o seu raio de acção, o medo que faz homens livres prescindir da liberdade em troca de uma ilusória segurança. O medo que faz pessoas normalmente justas e sensatas e sociedades tradicionalmente democráticas aceitar que em certos casos se deve pôr a liberdade, a justiça e a humanidade na gaveta para reduzir o perigo - como se isso reduzisse o perigo e como se pudesse haver um mundo, digno de ser salvo, sem liberdade, sem justiça e sem humanidade.

A década que passa foi também a década da Internet e da informação global, a década em que, mais do que em qualquer outra década da história do mundo, soubemos o que se passava do outro lado do planeta, soubemos quantos homens como nós morreram em guerras sem sentido e quantas crianças como os nossos filhos morreram de fome.

Esta foi a década da desigualdade social crescente, dos 200 milhões de trabalhadores desempregados, da deslocalização das empresas, do império da rentabilidade económica, da alienação dos direitos e da dignidade dos trabalhadores por medo do desemprego e da fome.

Esta foi a década em que vimos na televisão e na Internet mais caras de pessoas que sabíamos que iam morrer e foi a década em que não fizemos nada por elas. Esta foi a década em que nos comprometemos a acabar com a fome e com a pobreza e em que percebemos que não o íamos fazer - por comodismo e por cobardia. Esta foi a década em que nos comprometemos a proteger o globo para as gerações futuras e em que percebemos que não o iríamos sequer tentar fazer - a não ser quando já for tarde de mais. Esta foi a década em que percebemos que não é por não sabermos que não agimos. É porque não queremos. Esta foi a década em que percebemos que não é só dos outros que devemos ter medo. É de nós.

Homossexualidade



A Ordem dos Médicos recusa a possibilidade de tratamento para a homossexualidade
Porém, de acordo com um parecer ontem aprovado, a orientação sexual não é imutável e os psiquiatras podem ajudar na sua clarificação.

Dia D



O Governo e os sindicatos realizam hoje a última ronda negocial sobre carreira e avaliação docentes, com a participação da ministra da Educação.

29 dezembro, 2009

Recta final


Se as próximas horas, que se prevêem de negociação intensiva, não resultarem em cedências do Ministério da Educação (ME), o acordo com as maiores organizações sindicais em relação à última proposta para a revisão do estatuto da carreira docente e do modelo de avaliação dos professores será praticamente impossível.

25 dezembro, 2009

Magalhães só na Páscoa


O concurso público internacional para encontrar o substituto do 'Magalhães', no e-escolinhas, levará no mínimo quatro meses. Assim, o portátil será presente de... Páscoa.

Boas Festas








24 dezembro, 2009

Falsos antivírus rendem mais de 150 milhões


O FBI lançou um alerta contra o aumento exponencial de falsos antivírus que estão a circular na Internet, veiculados em janelas de pop-up. De acordo com o organismo estes falsos programas, que escondem malware, rendem mais de 150 milhões de dólares aos seus autores

No alerta emitido pelo FBI o organismo demonstra-se preocupado com o aumento deste tipo de ataques, que geralmente começam com avisos no computador do utilizador sobre uma suposta infecção do PC.

De acordo com o FBI estes alertas podem surgir em diversos sites, com recurso a janelas de pop-up que pedem ao utilizador para fazer uma análise ao disco rígido para identificar a existência de vírus no computador.

Esta análise acaba por indicar que o PC está infectado e aconselha o utilizador a instalar um software, pago, para se livrar do programa.

O FBI refere que o propósito destes ataques pode ser apenas obter o lucro com o pagamento na hora ou servir para instalar programas mais perigosos, destinados a roubar dados pessoais do utilizador.

Há cada vez mais jovens a trocarem mensagens sexuais


Um estudo apresentado nos EUA revela que há cada vez mais jovens a trocar mensagens escritas com conteúdos sexuais explícitos entre si.

Esta é uma das principais conclusões de um inquérito feito pelo Pew Research Center nos EUA, que envolveu 800 adolescentes com idades entre os 12 e os 17 anos, com o objectivo de analisar o fenómeno do sexting, termo utilizado para designar a partilha de mensagens de texto com conteúdos de cariz sexual.

De acordo com o estudo 4 por cento dos jovens inquiridos admitiu ter enviado este tipo de mensagens com imagens suas, enquanto 15 por cento responderam que tinham recebido mensagens sexuais.

A maldição da procuradoria


Pedro Lomba, Público

Estará o cargo de procurador-geral da República amaldiçoado? Tem sido dito que sim. Cada titular que por lá passa acaba a tropeçar nos seus fantasmas. Não interessa se chega pleno de confiança e boa vontade. As sombras do cargo encarregam-se de criar armadilhas escondidas, de o assustar de qualquer forma, de o pôr em rota de colisão com o poder político.

Pode ser que o feitiço venha já de Cunha Rodrigues. Mas hoje cada caso mediático que aterra nas mãos do procurador actua como tremor de terra. O processo Casa Pia, que produziu um julgamento com cerca de 400 testemunhas e inconcebivelmente ainda não terminou, arrumou com Souto Moura. Agora, coube ao actual PGR, Pinto Monteiro, liderar o Ministério Público num tempo de grande exposição junto dos meios de comunicação social, de vários casos mediáticos em que o primeiro-ministro (com a enorme desconfiança que provoca) é personagem ou quase-personagem duma perturbadora berlusconização do regime.

Tenho a confessar-vos o meu agnosticismo. Não creio que existam cargos enguiçados. Há, isso sim, cargos especialmente difíceis e é verdade que poucos estarão à altura do seu exercício. Além disso, sabemos que, na Procuradoria, mesmo quem disponha das condições técnicas e intelectuais necessárias pode ver-se impedido de o exercer com sucesso, devido a pressões internas ou externas.

Depois do último ano e meio, a única conclusão que devemos retirar - e não o digo com leviandade - é a de que o PGR perdeu objectivamente condições para merecer a nossa confiança. Perdeu autoridade e o reconhecimento dos seus magistrados; não foi capaz, por sua culpa ou por motivos de organização institucional que o transcendem, de conter o peso do sindicato do Ministério Público; não reagiu à pressão dos media; não deu explicações convincentes sobre o comportamento da justiça nos processos em que José Sócrates se viu envolvido. Se os portugueses não encaram o Ministério Público com mais confiança da que distribuem pelos outros agentes da justiça, este PGR nada fez para o evitar. Pinto Monteiro tornou-se parte do problema, já não pode ser solução."Ninguém está acima da crítica", disse José Sócrates esta semana na Assembleia. De certeza que o nosso primeiro-ministro não estaria a falar dele próprio. Mas tem razão: não há mesmo ninguém acima da crítica. Por isso, que confiança nos pode continuar a merecer um PGR que no processo Face Oculta, no momento em que mais estava a ser acossado, ameaçou publicamente que divulgava as escutas entre Sócrates e Armando Vara "para ver se isto acalma"? Que confiança podemos ter num PGR que deixou as certidões extraídas das escutas quase todo o Verão na masmorra da Procuradoria, enquanto os cidadãos viam eventos suspeitos acontecerem diante dos seus olhos durante a campanha eleitoral? Que espécie de deferência teremos por um PGR que considerou não existirem indícios criminais nos factos contidos nas certidões - ao mesmo tempo que requeria ao presidente do Supremo Tribunal de Justiça que ajuizasse da validade das escutas?

Pergunto: qual é confiança que podemos ter num PGR que negou em Março a existência de quaisquer "pressões ou intimidações" sobre o processo Freeport, para em Maio (forçado pelas denúncias públicas do sindicato do Ministério Público) acabar desautorizado pela abertura de um inquérito que concluiu pela existência dessas pressões do procurador Lopes da Mota? Como podemos confiar num PGR que hesita tanto e se explica tão pouco?

Fenprof admite não assinar acordo com Ministério e regressar à contestação


A Federação Nacional dos Professores (FENPROF) admitiu hoje não assinar o acordo com o Ministério da Educação e regressar à contestação, no final de uma reunião com a tutela que, segundo os sindicalistas, não teve qualquer interesse.

23 dezembro, 2009

Facebook


De acordo com o jornal The Sun, o popular site social Facebook é culpado por um em cada cinco divórcios nos EUA.

21 dezembro, 2009

Um dia tramado no planeta


Rui Tavares, Público

Em Copenhaga, cinco grandes países proclamaram um acordo ineficaz com objectivos insuficientes que vai deixar países do Sul debaixo de água. O representante dos 77 países mais pobres protestou. Dizia Tucídides, no ano 400 e tal a.C.: "Os grandes fazem o que querem; os pequenos aguentam como podem".

Acto contínuo, Obama abandonou a cimeira e apanhou o avião por causa de uma tempestade de neve sobre Washington. Começo a ficar irritado com o provincianismo americano. Com as tempestades de neve também - fecharam o aeroporto e não consigo voltar para casa.

As alterações meteorológicas criarão "refugiados climáticos"; quando eles se começarem a mexer, aos milhões, em busca de lugar para viver, tudo o que conhecemos com as actuais migrações vai parecer uma brincadeira. Os mesmos tipos que negam as alterações climáticas vão fartar-se de resmungar.

Não ligo a TV, não me mostrem o jornal. As doenças novas têm nomes esquisitos; as velhas têm nomes assustadores. As primeiras chegaram e as segundas não desapareceram.

Os bancos rebentaram com a gente e deixaram-nos a recolher os nossos próprios restos. A Islândia já faliu, o Dubai não paga as dívidas, a Grécia está em apuros. Um em cada cinco espanhóis está desempregado.

Em Portugal, parece que o país está ingovernável (está sempre). Parece que a estabilidade governativa está em risco (como sempre) porque parece que Cavaco Silva disse qualquer coisa difícil de decifrar (e não diz sempre?). Numa visita aos "francisquinhos" (não perguntem), o Presidente da República gaguejou ao tentar dizer "inverno demográfico" e exprimiu, por causa de os portugueses não fazerem bebés, a preocupação que nunca lhe ouvi pelos portugueses que trabalham horários cada vez mais longos e desregulados. Neste Natal, vai haver gente a trabalhar 60 horas por semana e 14 no dia da consoada; não deixa muito tempo para os bebés.

Alguém roubou uma máquina multibanco com uma retroescavadora. O CDS fala de crime "cada vez mais sofisticado" e quer saber se foi "cometido por estrangeiros". Não consta dele o deputado Ricardo Rodrigues, voz do PS contra a corrupção, que um tribunal deu como envolvido com um "gangue internacional" que incluía off-shores e um cardeal ortodoxo. Noutras notícias, a conta do BPN vai em quatro mil milhões de euros.

Vasco Pulido Valente proclama que Portugal não tem homens; a Igreja exclama que os homens querem casar uns com os outros.

E assim por diante, semana após semana e mês após mês deste nosso ano quase no fim. É tentador perguntar se vale a pena tanto trabalho. Porque, sabem, se isto fosse tudo para o galheiro sempre poderíamos dizer que a culpa foi de todos. Se a culpa foi de todos, a culpa não foi de ninguém. E depois começávamos de novo.

Ou talvez não.

Há gente de quem eu gosto e que, apesar de tudo, lá vai gostando de mim. O meu sobrinho defende a tese hoje; é mais esperto do que eu (sim, não é difícil) e estuda plantas e sabe imensas coisas sobre regiões com pouca ou nenhuma água. Pode ser que ele e os colegas nos safem. Além disso, quero visitar os meus pais, velhinhos mas vivos. Vocês terão coisas parecidas para dizer. Boa sorte para esta semana. Cuidado na estrada. Se puderem, nem se metam no carro.

Negócios



A empresária angolana Isabel dos Santos vai comprar dez por cento do capital da ZON, por mais de 160 milhões de euros.

Isabel dos Santos vai comprar parte da posição da CGD (2,5 por cento) e da Cinveste (2,97 por cento) e ainda acções próprias da Zon (4,53 por cento).

O negócio está avaliado em mais de 160 milhões de euros, e pressupõe um prémio de cerca de 26 por cento face à última cotação dos títulos da Zon.

A pouco e pouco o novo riquismo angolano vai demandando outros continentes, em busca de grandes negociatas,

19 dezembro, 2009

Lopes da Mota fez pressões em nome de Sócrates


As conclusões do processo a Lopes da Mota confirmam que o magistrado usou o nome de Sócrates para ameaçar os investigadores do Freeport, dizendo-lhes que sofreriam represálias se o caso fosse por diante.

Não há homens


Vasco Pulido Valente, Público

No meio da barafunda e da irresponsabilidade em que o país caiu - quem se lembra à beira da falência de ocupar o Parlamento com o casamento homossexual? Ou de fazer um monumento de um milhão à bandeira republicana, que na época a esmagadora maioria dos portugueses não queria - no meio deste caos, desta loucura, desta doença, os primeiros parlamentos do regime, a começar pela Constituinte, parecem monumentos de inteligência e de civismo. E de certa maneira foram. Mesmo num ambiente de histeria revolucionária, com o PC armado, a extrema esquerda na rua e, como de costume, o MFA em delírio, a Assembleia, ou a parte dela, não perdeu a dignidade e a coragem, resistiu à demagogia e acabou com dificuldade por preservar o essencial.

Hoje, toda a gente diz que "Não há homens", como constantemente se disse durante o século XIX e o século XX: no fim da "Regeneração" de 1820, no fim das guerras civis de 1834-1851, no fim da Monarquia Constitucional, durante quase toda a República Jacobina. A nossa história alegadamente "moderna" tem sido uma desilusão perpétua, uma série de fracassos com pequenos períodos de alguma, muito vaga, prosperidade (quando vinha dinheiro de fora: de Inglaterra, por exemplo, do Brasil, ou depois da Europa). Mas dantes, nos piores momentos, sempre existiu uma esperança: a esperança da liberdade ou (para usar uma expressão do tempo) da "liberdade legal", da República, da ordem ou da social-democracia. Agora nem a esperança sobra e voltou a velha lamúria indígena: "Não há homens".

E porquê? Por que razão não há homens? Porque, tanto no PS como no PSD, e até, ocasionalmente, no próprio CDS, a oposição à ditadura (clandestina, aberta ou "colaborante") os criara. A maioria dos deputados de 1975, de 76, de 79, de 80, chegou a São Bento por convicção, com sacrifício, com risco (principalmente, em 75) e, ponto importante, com uma carreira respeitável. Poucos vieram por oportunismo. Quase nenhum para se promover, para ganhar influência, para entrar nos "negócios", para ar-ranjar um emprego. As coisas mudaram quando a política se profissionalizou e o interesse geral foi subordinado ao interesse particular do partido e, dentro do partido, ao de cada indivíduo. O país que se lixe. A obsessão da Assembleia (e do Governo) é meramente táctica: o voto, a vantagem imediata, o efeito na televisão ou na imprensa. É uma obsessão estéril e torpe. Não, de facto, não há homens.


18 dezembro, 2009

O regresso a casa



Após 32 dias de greve de fome, Aminetu Haidar regressa ao Sara Ocidental, graças à intervenção diplomática da França e dos EUA.

Uma boa prenda de Natal



Pedro Santana Lopes: "Se eu sair do PSD não volto".

17 dezembro, 2009

O que se leva desta vida



Foi esta a reacção dos idosos à peça do S. Luís "O que se leva desta vida"....



Alteração do plano de estudos no básico


A tutela quer mexer nas horas e nas disciplinas. A Ministra está preocupada com trabalho na sala de aula e a manutenção dos alunos nas escolas por mais tempo.


16 dezembro, 2009

A adjudicação do Magalhães


A Comissão Europeia já não tem dúvidas de que o processo de adjudicação directa dos computadores Magalhães à JP Sá Couto constitui uma infracção ao direito comunitário do mercado interno e já o fez saber ao Governo.

15 dezembro, 2009

Barbárie


Uma mulher de 75 anos foi condenada a 40 chicotadas e a quatro meses de prisão na Arábia Saudita, por se ter encontrado com homens que não eram da sua família. A denúncia é da Amnistia Internacional.

Recolha de Pilhas e Baterias Usadas ajuda IPO de Lisboa


Tendo como lema "Renove esta Energia e ajude o IPO", encontra-se em curso até dia 31 de Dezembro a primeira campanha nacional de recolha de pilhas e baterias usadas. Os resultados desta iniciativa revertem a favor do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa.

Além da dor


Rui Tavares, Público

A eficácia da greve de fome não tem uma explicação fácil. Ela é paradoxal na medida em que, num dado conflito, oferece ao adversário aquilo que ele mais deseja - o nosso enfraquecimento. Mais ainda: nesse conflito, a greve de fome oferece o enfraquecimento da parte que já é a mais fraca. Quem está a ganhar não faz greve de fome. Mas para quem está a perder ela pode ser a última opção. Quanto mais debilitado fica o perdedor, mais desumano e inflexível parece o ganhador. O perdedor ganha com a sua fraqueza; o ganhador perde com a sua força. As questões morais conseguem assim inverter, momentaneamente, a polaridade política.

A greve de fome precisa de tempo. Ela dá a todos ocasião de ponderar posições, temperar atitudes, saber de que lado se deseja estar. Mas, à medida que se prolonga, a sua urgência ruge. Ninguém mais sabe quanto tempo aguentará aquela vida e cada momento de teimosia (por parte dos responsáveis) ou de inacção (por parte de todos nós) se torna intolerável. Amanhã fará um mês desde que Aminatu Haidar, activista da causa da autodeterminação sarauí e mulher de saúde débil, iniciou uma greve de fome. Não sei se ela estará viva quando esta crónica for publicada - o que quer dizer que eu já deveria tê-la escrito antes.

É importante para a eficácia da greve de fome que as reivindicações em causa sejam razoáveis, além de justas. Independentemente do que acharmos sobre a causa que Aminatu Haidar defende (já lá vamos), reconheça-se que a sua reivindicação é das mais razoáveis: que a deixem voltar para a sua cidade e a sua família.

Ao fazê-lo, ela não mata nem força ninguém, a não ser a si mesma. As armas que ela usa não são suas, mas nossas: as do nosso desconforto, da nossa vergonha, do nosso sentimento de culpa. Se aquela pessoa morrer será porque alguém não fez algo - e porque todos não fizeram tudo o que deveriam ter feito. A greve de fome faz de nós co-responsáveis. Os motivos que levam às greves de fome são por vezes brutais e desumanos; mas as razões pelas quais elas às vezes funcionam são daquelas que nos fazem acreditar que afinal sempre há uma humanidade com emoções e sentimentos comuns (oxalá).

O cabo Bojador é talvez o ponto mais conhecido da terra de Aminatu Haidar, a uns duzentos quilómetros para sul da cidade onde vive, a capital El Aaiún. Para os portugueses é-o certamente, por causa dos Descobrimentos e de dois versos de Fernando Pessoa: "Quem quer passar além do Bojador/ Tem que passar além da dor."

O Reino de Marrocos passou além do Bojador em 1976, invadindo o território do Sara Ocidental ao aproveitar uma descolonização mal-amanhada por parte de Espanha, que o administrava. Dessa vez foi fácil. Manter o país do cabo Bojador foi mais difícil; centenas de milhares de tropas e um conflito prolongadíssimo com os sarauís que teimosamente pretendem a autodeterminação. Mais difícil ainda será sair de lá. (Sim - é uma história quase igual à de Timor-Leste, que conhecemos tão bem.)

Tal como no poema de Pessoa, nunca é o Bojador físico o cabo mais importante, mas o Bojador metafórico e mental. O Bojador das nossas limitações, o mais difícil de todos. Para nós, é o Bojador da indiferença, da vontade de não ligar. Para Marrocos (tal como para a Indonésia antes da independência de Timor), o Bojador da teimosia, do medo de perder a face, do temor de aparecer fraco.

Enquanto Aminatu passa além da dor, todos temos os nossos cabos por dobrar.


Change learning



13 dezembro, 2009

A minha rua



Exercer a cidadania. Aqui

12 dezembro, 2009

Um "novo" modelo


O líder parlamentar do PSD, José Pedro Aguiar-Branco, disse hoje que o Governo “tem condições” para acordar até ao fim de Dezembro com os sindicatos um novo modelo de avaliação dos professores.
“Nem que trabalhe dia e noite, é possível que a senhora ministra da Educação encontre com os sindicatos uma plataforma de entendimento” nesse sentido, declarou Aguiar-Branco

Recauchutar e "martelar" é muito fácil. Fazer de novo, e com qualidade, nem por isso. Há domínios onde os ventos não são favoráveis a pressas e a acordos tácitos. Esperemos que o bom-senso (pre)domine.

11 dezembro, 2009

Conselho Executivo de Escola de Coimbra resiste até Julho


Os elementos do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas de Coimbra Inês de Castro, que há meses travam uma batalha jurídica com o Ministério da Educação, conheceram ontem a sentença da acção principal proferida pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra, que lhes foi favorável.

Contra aquele que foi o parecer da ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues, deverão manter-se nos cargos e cumprir os mandatos de três anos para que foram eleitos.

Em causa, neste processo, o novo modelo de gestão das escolas que, de acordo com o gabinete da ex-ministra da Educação, Maria Lurdes Rodrigues, determinava que até 31 de Maio de 2009 deviam estar escolhidos os directores em todos os estabelecimentos de ensino, sem excepção. Na generalidade das escolas do país, a decisão não encontrou resistência, porque os elementos dos CE já tinham terminado os respectivos mandatos ou abdicaram de o fazer.


07 dezembro, 2009

Please, help the world






Os novos anti-semitas


Rui Tavares, Público

Mohammed Atta, o terrorista que espetou o primeiro avião contra as Torres Gémeas de Nova Iorque, era diplomado em urbanismo, com uma tese de mestrado sobre uma das cidades mais antigas do mundo - Aleppo, na Síria - e discretamente detestava os arranha-céus "ocidentais" que ali eram construídos. Quando decidiu passar à acção, assassinando milhares de pessoas num dos edifícios mais conhecidos do mundo, Mohammed Atta sabia muito bem o que estava a destruir.

Minoru Yamasaki, o arquitecto que projectou as torres gémeas, era um apaixonado pela arquitectura islâmica. O seu edifício preferido era a Mesquita do Xá em Ispaão (ou Isfahan) no Irão. Um dos países onde trabalhou mais foi na Arábia Saudita, ao serviço da família real (talvez tenha mesmo chegado a usar os serviços de Muhamad bin Laden, o pai de um certo adolescente chamado Osama, futuro estudante de engenharia). E em diversas ocasiões escreveu sobre o seu interesse pela arquitectura islâmica.

Na sua autobiografia, o arquitecto descrevia as Torres Gémeas como "uma Meca de tranquilidade na Baixa de Manhattan". Aposto o meu diploma em História da Arte em como o complexo do World Trade Center era todo ele influenciado pela arquitectura islâmica, a começar pela Grande Mesquita de Meca. Desde a escultura central, evocando a pedra sagrada da Caaba, aos delicados pilares de alumínio cujas nervuras se unem em arcos mouriscos, até ao pavimento do pátio interior desenhado radialmente como as filas dos peregrinos na hajj. (Escrevi sobre isso uma peça de teatro e ensaio chamado O Arquitecto, para quem estiver interessado).

E a maior pista de todas estava, naturalmente, nas duas Torres Gémeas - os maiores minaretes do mundo.

Um dos melhores cronistas do mundo é um israelita chamado Uri Avnery. Ele sabe bem o que é o anti-semitismo. Quando nasceu na Alemanha o seu nome era Helmut Ostermann, mas a sua família teve de fugir do nazismo em 1933, estabelecendo-se na Palestina.

Ao saber do resultado do referendo na Suiça que proibiu a construção de minaretes nas mesquitas, Uri Avnery escreveu o seguinte:

"Parece que o anti-semitismo se deslocou de um povo semita para o outro. Na Europa do pós-Holocausto é difícil ser antijudeu, e por isso os anti-semitas se tornaram antimuçulmanos. É como dizemos em hebraico: a mesma senhora num vestido diferente."

Uri poderia ter acrescentado que até as manhas do velho anti-semitismo antijudeu e do novo anti-semitismo antiárabe se assemelham. Nos anos 30, os suíços tentaram afugentar os judeus proibindo alguns rituais de preparação de alimentos prescritos pela religião judaica.

Os novos anti-semitas podem até usar alguns dos argumentos que o Mohammad Atta usava antes de se tornar terrorista - que lutam contra a "descaracterização" das suas culturas, etc. Mas por detrás esconde-se a raiva a uma cultura em particular: Mohammed odiava os ocidentais, os novos anti-semitas odeiam árabes e muçulmanos. Nem o tentaram disfarçar proibindo outros edifícios, outras torres, outros templos de outras religiões.

Mas se quiserem ver a marca da arquitectura islâmica no seu país, basta olhar para as muitas igrejas góticas: foi apenas depois de verem as mesquitas de Jerusalém que os cristãos começaram a fazer edifícios altos, esguios, com os seus pilares nervurados, arcobotantes e torres pontiagudas. Os novos anti-semitas não conhecem sequer a sua própria cultura.


Maria correu a maratona para levar água a 85 mil pessoas


Uma das milhares de participantes na corrida de Lisboa tinha ontem uma meta diferente: angariar dinheiro para 54 poços em África

Quando Maria Buinen, 45 anos, chegou, na passada quinta-feira, a Lisboa, vinda de uma pequena terra na Guiné-Bissau, viu algo que os seus conterrâneos nunca viram: água a jorrar da torneira.

Maria conta que ficou parada a assistir a esse "espectáculo". ?"A primeira vez que vi, não queria sair dali", confessa. Para ter água em casa, Maria faz pelo menos dez quilómetros, duas a três vezes por dia. Uma maratona diária. Não admira, por isso, que ontem tenha encarado a participação na maratona de Lisboa como uma "brincadeira".

Chegou a Lisboa com fôlego, disposta a percorrer os 42 quilómetros da prova, para apresentar aos portugueses o projecto da organização não-governamental VIDA (Voluntariado Internacional para o Desenvolvimento Africano). Rosa Mota, antiga campeã portuguesa, europeia, do mundo e olímpica da maratona, apadrinha esta iniciativa, que pretende fundos para construir 54 poços de água com bomba em São Domingos, região do Norte da Guiné, junto ao Senegal, onde fica a aldeia de Suzana.

A organização da maratona decidiu, porém, dar descanso a Maria e inscreveu-a na corrida da família (minimaratona). Percorrendo 6,5 quilómetros ao lado de Rosa Mota, Maria chegou ao fim como se tivesse apenas contornado a esquina. "Aqui é só marchar, lá é trabalhar", atira, com a ajuda do intérprete.

Planeta





Hoje, 56 jornais em 44 países dão o passo inédito de falar a uma só voz através de um editorial comum sobre Copenhaga.
A Humanidade enfrenta uma terrível emergência!

05 dezembro, 2009

Lisboa à frente de Londres... pelas piores razões


A capital portuguesa já é mais cara do que a britânica no que toca à compra dos bens de consumo mais comuns, revela um estudo internacional.
Pode ter sido por causa da diferença de preços de um litro de leite, de um café ou de um simples Big Mac. A verdade é que, este ano, Lisboa já é mais cara do que Londres para comprar os bens de consumo mais comuns. Segundo um estudo da PriceRunner International, empresa que compara preços a nível mundial, a capital portuguesa está no 14.º lugar, um acima de Londres, que este ano deslizou uma posição.
Comparando os preços dos 26 produtos de consumo mais populares em 33 países, a PriceRunner International elegeu Oslo (Noruega), Copenhaga (Dinamarca) e São Paulo (Brasil) como as cidades mais caras do mundo. Acima de Lisboa ficaram ainda diversas cidades da Europa Central e do Norte, mas também outras como Sydney (Austrália), Tóquio (Japão), Cidade do Cabo (África do Sul), Moscovo (Rússia) e Istambul (Turquia). Apesar de ser actualmente mais cara do que Londres, a capital portuguesa está, contudo, 1,6 por cento abaixo da média global dos 33 países. A líder da tabela - Oslo - está 35,4 por cento acima da média.

04 dezembro, 2009

Mundial 2010: a ver vamos!





Grupo A: África do Sul, México, Uruguai e França
Grupo B: Argentina, Nigéria, Coreia do Sul e Grécia
Grupo C: Inglaterra, Estados Unidos, Argélia e Eslovénia
Grupo D: Alemanha, Austrália, Sérvia e Gana
Grupo E: Holanda, Dinamarca, Japão e Camarões
Grupo F: Itália, Paraguai, Nova Zelândia e Eslováquia
Grupo G: Brasil, Coreia do Norte, Costa do Marfim e Portugal
Grupo H: Espanha, Suíça, Honduras e Chile


Usos "pedagógicos" do magalhães


Notícia do Jornal de Notícias:
Crianças apanhadas a ver pornografia no Magalhães

Um grupo de crianças de uma escola do concelho da Maia foi apanhado por professores e auxiliares de educação a aceder a sites com conteúdos pornográficos em pleno recinto escolar, noticia o Jornal de Noticias de hoje.

Esperavam o quê? Que usassem o Magalhães para ver o pai natal?

Ainda a lavagem de cestos


Lima de Carvalho, arguido no caso da Universidade Independente (UNI), revelou hoje em tribunal que o dinheiro da UNI serviu para financiar uma campanha política do PSD, a eleição de um bastonário dos advogados e pagar viagens de deputados.

02 dezembro, 2009

Missão impossível


Barack Obama anunciou ontem à noite o envio de mais 30 mil soldados para o Afeganistão. Após meses de especulação, a América ouviu o Presidente explicar porque é que o reforço é a solução para vencer os talibãs e pôr fim à guerra.

O envio de 30.000 soldados suplementares para o Afeganistão é "de um interesse nacional vital" para os Estados Unidos, declarou o presidente norte-americano, revelando que os reforços vão custar 30 mil milhões de dólares a Washington.

01 dezembro, 2009

A falta de classe


Santana Castilho, Público

Perdoem hoje o estilo. A prosa sairá desarticulada, quais dardos soltos. Este artigo é, conscientemente, feito de frases curtas. Cada leitor, se quiser, desenvolverá as que escolher. Meu objectivo? Manter a sanidade mental. Escorar a coluna vertebral. Resistir. Este artigo é também uma reconfirmação de alistamento na ala dos que não trocam os princípios de uma luta pelo pragmatismo de um lance. Porque amo a verdade e a dignidade profissional como os recém-chegados ao mundo amam o bater do coração das mães. Porque não esqueço os que nenhum lance poderá já compensar. Porque com a partida prematura deles perderam-se pedaços da Escola que defendo. Porque pensar em todos é a melhor forma de pensar em cada um.

A avaliação do desempenho é algo distinto da classificação do desempenho. A avaliação do desempenho visa melhorar o desempenho. A classificação do desempenho visa seriar os profissionais. Burocratas que morreram aos 30 mas só serão enterrados aos 70 tornaram maior uma coisa menor. Quiseram reduzir realidades díspares à unicidade de fichas imbecis. Tiveram a veleidade kafkiana de particularizar em 150.000 interpretações individuais os objectivos de uma organização comum a todos. Convenceram a populaça de que se mede o intangível da mesma forma que se pesam caras de bacalhau. Chefiou-os uma ministra carrancuda, que teve o mérito de unir a classe. Chefia-os agora uma ministra sorridente, que já se pode orgulhar de dividir a classe. Porque, afinal, custa, mas não há classe. Há jogos! De cintura. De bastidores. De vários interesses. Parlamentares, sindicalistas, carreiristas e pragmatistas ajudaram à Babel. Da sua verve jorra a água morna de Laudicéia, a que dá vómitos.

Alçada derreteu o implacável Mário Nogueira que, em socorro da inexperiência da ministra, veio, magnânime, desculpar-lhe as gafes. E, cristãmente, entendeu agora, de jeito caridoso, que não seja suspenso o primeiro ciclo avaliativo. Esqueceu duas coisas: o que reclamou antes e que ciclos avaliativos são falácias de anterior ministra. Ciclos avaliativos, Simplex I, Simplex II e o último expediente (no caso, um comunicado à imprensa, pasme-se) para dizer às escolas que não prossigam com o que a lei estabelece são curiosos comandos administrativos. Uma lei má, iníqua, de resultados pedagogicamente criminosos, devia ter morrido às mãos do Parlamento. Por imperativo da decência, por precaução dos lesados, por imposição das promessas de todos. Quanto à remoção das mágoas, meu caro Mário Nogueira, absolutamente de acordo. Depois de responsabilizar os que magoaram. Depois de perguntar aos magoados se perdoam. Por mim, cuja lei foi sempre estar contra leis injustas, a simples caridade cristã não remove mágoas. Não sei perdoai' assim, certamente por falta de céu.

Agora, porque sou amigo de Platão mas mais amigo da verdade, duas linhas para Aguiar- Branco. Gostei de o ouvir dizer, a meu lado e a seu convite, que a avaliação do desempenho era para suspender. Mas não justifique a capitulação com a semântica. Poupe-me à semântica, porque a semântica não o salva. Enterra-o. Suspender é interromper algo, temporária ou definitivamente. É proibir algo durante algum tempo ou indefinidamente. Substituir é colocar algo em lugar de. Não só não tinha como não terá seja o que for, em 30 dias, para colocar em lugar de. Sabe disso. Bem diferente, semanticamente. Mas ainda mais importante nos resultados. O Bloco Central reanimou-se nas catacumbas e o PS agradeceu ao PSD o salvar da face. Mas os professores voltaram a afastar-se do PSD, apesar do arrependimento patético de Pedro Duarte. E, assim, o PSD falha a vida!

Um olhar aos despojos. Reverbera-se a falta de capacidade de muitos avaliadores para avaliar, mas homologam-se os "Muito Bom" e "Excelente", que significam mais 1 ou 2 pontos em concurso. Os direitos mal adquiridos de alguns valeram mais que os direitos bem adquiridos de muitos (como resolverão, a propósito, os direitos adquiridos dos "titulares" que, dizem, vão extinguir?). Porque toca a todos, muitos "titulares" que não tinham vagas de "titulares" em escolas que preferiam, foram ultrapassados em concurso por outros de menor graduação profissional, que agora lá estão, em almejados lugares de quadro. Ao mérito, há muito cilindrado, junta-se uma palhaçada final, em nome do pragmatismo. Muitos dos que foram calcados recordam agora que negociar é ceder. Mas esquecem que os princípios e a dignidade são inegociáveis, sendo isso que está em jogo. Um modelo de avaliação iníquo, tecnicamente execrável e humanamente desprezível, que não lhes foi aplicado ao longo de um processo, é agora aceite, em nome do pragmatismo, para não humilhar, uma vez, quem os humilhou anos seguidos.

Sócrates, que se disse animal feroz, vai despindo a pele. Mas não nos esqueçamos da resposta de um dos sete sábios da Grécia, quando interrogado sobre o mais perigoso dos animais ferozes. Respondeu assim: dos bravos, o tirano. Dos mansos, o adulador.

Vão seguir-se meses de negociações sobre o estatuto. O défice, que levou à divisão da carreira e às quotas, agravou-se. Se a desilusão for do tamanho da ilusão, tranquilizem-se porque a Fenprof ficará de fora, como convém, e a Fne poderá assinar um acordo com o Ministério da Educação, como não seria a primeira vez. Voltaremos então ao princípio. O que é importante continuará à espera. Mas guardaremos boas recordações de duas marchas nunca vistas.


Sete gestores públicos ganham mais que primeiro-ministro


O caso "Face Oculta" voltou a pôr os gestores das empresas públicas sobre escrutínio popular. Porém, enquanto o presidente da REN, José Penedos, nunca entregou uma declaração no Tribunal Constitucional (TC) nessa condição, são muitos os presidentes de empresas com capitais públicos que o fazem com regularidade. Conclusão: há pelo menos sete gestores públicos que ganham mais que o primeiro-ministro, que os nomeia. No topo salarial está Fernando Pinto, presidente do Conselho de Administração da TAP, que aterrou no primeiro lugar com um rendimento oito vezes superior ao de José Sócrates e cerca de 140 vezes maior de quem ganha o salário mínimo. No total são 816 330 euros por ano, segundo a declaração entregue em Junho no TC.

A lição de 1 de Dezembro de 1640



Quando algo não vai bem no Reino da Dinamarca, há que "meter mãos à obra" e alterar o status quo.

Com a assinatura dos 27 nasce hoje uma UE diferente



Uma União Europeia (UE) diferente da actual vai emergir a partir de hoje com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, que vai reger a vida das instituições comunitárias por longos anos ou mesmo décadas.