28 outubro, 2006

Boatos

No jornal Público deste fim-de-semana apareceram sinais preocupantes sobre a evolução das negociações entre o Ministério da Educação e os Sindicatos de professores. No sábado constava isto: "a tutela quer cortar as interrupções da actividade docente na altura do Natal, Carnaval e Páscoa. Mais: quer pôr os professores a dar oito horas lectivas diárias".
A gente lia e tinha alguma dificuldade em digerir... Muita da credibilidade do que anteriormente se tinha proposto, era barbaramente comprometida por dois simples devaneios..
Todavia, no final do dia o memso jornal fazia eco da versão do Ministério: "O Ministério da Educação desmente que seja sua intenção acabar com as pausas lectivas do Natal, Carnaval e Páscoa para os professores. O Ministério desmente igualmente que tal tenha sido proposto em sede de revisão do Estatuto da Carreira Docente". Assim mesmo.
Se isto não foi proposto em sede de revisão...resta perguntar: como é que apareceu? A quem é que dava jeito que houvesse uma proposta deste género?
O procurador do jornal Público tem aqui matéria de trabalho: de onde veio a notícia? quem a fabricou?

A verdade

A verdade é filha do tempo, não da autoridade. Escreveu Bertolt Brecht, em Vida de Galileu.

Galileu. Uma peça escrita por Bertolt Brecht. Em cena no Teatro Aberto. Na Praça de Espanha. Em Lisboa.

Excepcional. A não perder...

Poema para Galileu de António Gedeão/Rómulo de Carvalho

26 outubro, 2006

Equívocos na avaliação dos professores

Segundo o Público de hoje "os sindicatos de professores aceitaram hoje o último modelo de avaliação de desempenho proposto pelo Ministério da Educação" (...)
A notícia acrescenta:
Na semana passada, o Ministério da Educação apresentou às 14 organizações sindicais uma quarta versão do ECD, na qual estipula que a apreciação dos pais no âmbito da avaliação do trabalho dos docentes é condicionada à concordância do professor.
A ponderação de critérios como os resultados escolares dos alunos e as taxas de abandono na avaliação de desempenho dos docentes também será revista pela tutela, nomeadamente para ter em conta o contexto sócio-educativo em que a escola está inserida.


Pelos vistos continuam a persistir diversos equívocos sobre esta matéria.
Ao aceitar-se que os pais só participem na avaliação do desempenho se houver a concordância do professor introduziu-se um preceito que só pode servir para proteger os professores incompetentes. Que não vão querer que os pais participem na sua avaliação, claro! Porque os bons não têm naturalmente medo de serem avaliados por quem quer que seja. Mesmo pelos pais.
Não deveria ser a escola a decidir em que circunstâncias, e em relação a que professores, é que os pais deveriam ser chamados a pronunciar-se?
Perdeu-se aqui uma boa oportunidade para se colherem outras informações que seriam importantes na triangulação dos dados sobre o desempenho de alguns professores.
É certo que os pais podem não saber muito sobre o real desempenho dos professores dos seus educandos. Mas sabem (todos nós sabemos!) - pelos relatos dos seus educandos - quando há alguns que são incompetentes. Seria, por isso, importante que lhes fosse dada a oportunidade de opinarem sobre as anomalias que conhecem.
Pelos vistos quer o Ministério da Educação quer os sindicatos não estão interessados em implementar mecanismos que permitam identificar os maus profissionais.

Por outro lado, a introdução de critérios relacionados com os resultados escolares dos alunos e as taxas de abandono, tendo em conta o contexto sócio-educativo em que a escola está inserida, é uma bela metáfora. Que, em última hipótese, pode ser um bom pretexto para enviesar os resultados escolares.
Esperemos para ver como é que isto se vai operacionalizar. Mas não parece que daqui possa resultar nada de substantivamente bom e diferente que venha a ser uma mais valia para melhorar a qualidade do ensino.

22 outubro, 2006

Os lados da barricada

Marçal Grilo, no Público de 17/10/06:
(...) não penso que os professores possam colocar-se do lado do problema (...)
No sistema sindical português há sindicalistas de muita qualidade, mas o problema é que os sindicatos em Portugal têm um papel excessivo no debate do sistema educativo. E têm-no por haver um vazio do lado das escolas. Ninguém fala em nome delas. Quem devia falar pelas escolas eram os seus directores.

António Barreto no Público de 22/10/2006:
O Ministério da Educação e os sindicatos de professores são os maiores obstáculos e os mais temíveis inimigos da educação. Coligam-se de vez em quando e daí vem prejuízo para os estudantes e seus pais. Guerreiam-se a maior parte do tempo e daí resultam danos para os estudantes e seus pais. Enquanto estes adversários não destroçarem, não conheceremos progresso educativo e cultural.

16 outubro, 2006

Gadgets e sexo

A notícia vem no SOL e reza assim:
Um em cada três homens, do Reino Unido, escolheria ter um novo gadget em detrimento de ter sexo ou beber cerveja, notícia o Manchester Evening News.
Pelos vistos a novidade continua a explicar muita coisa...

13 outubro, 2006

Skypecasts

Já há muito tempo que o SKYPE nos permite falar através da Internet com outros utilizadores que tenham também o programa instalado. Além disso, é possível telefonar para números fixos ou móveis por um preço mais módico...

Agora surgiu uma nova funcionalidade: o Skypecasts.
Com ele podemos anunciar, promover e participar em conferências/debates nas quais se podem inscrever até 100 utilizadores.
Para o efeito basta escolher um tema, divulgar o evento (num site, num blog, no skypecasts) e no dia e na hora combinada estar presente. O promotor tem privilégios de moderador.

Google Docs & Spreadsheets

É mais uma aposta do Google: a oferta de um processador de texto e de uma folha de cálculo. Tudo on-line, a partir de qualquer PC com ligação à Internet.
O nome não é famoso: Google Docs & Spreadsheets.
Lê-se no site: "Por exemplo, é possível coordenar o trabalho de casa do seu grupo de estudo, ou aceder à lista de coisas que é necessário fazer em sua casa a partir do trabalho, ou colaborar com colegas que estão noutro local para fazer um novo plano de negócios".
Disponível aqui. Para usar ... e abusar...

08 outubro, 2006

Os atestados médicos

Agora já não basta um simples atestado médico para se provar que se está doente. É necessário que o Serviço Nacional de Saúde SNS) o confirme...Pelos vistos, há um olhar clínico dos médicos do SNS que escapa aos restantes colegas...
A este propósito, José Manuel Silva, Presidente da secção regional do centro da Ordem dos Médicos, escreveu no Público de 4/10/2006:
"(...)Vivemos num país esquizofrénico em que o atestado pode justificar tudo e que não aceita a palavra de honra de um cidadão para justificar uma simples gripe ou uma falta por motivo de força maior. Vivemos num país ridículo, em que para dar um mergulho de lazer numa piscina é necessário um atestado médico...
(...) Com esta iniciativa legislativa, o Governo vai atirar com 700 mil funcionários públicos para os centros de saúde, que já estão a rebentar pelas costuras com o actual nível de solicitações, e aumentar a sobrecarga de trabalho clínico e burocrático dos médicos de família....
(...) Se o argumento aduzido pelo Governo é equiparar as regras dos funcionários públicos às vigentes para o regime geral, porque não faz exactamente o inverso?...
(...) Lamentavelmente, o Governo nem se apercebe de que não resolve nada com esta medida (...) e que corre sérios riscos de incrementar o absentismo e complicar a burocracia. Quantos dias terá o utente de tentar o acesso ao médico de família para conseguir a tal declaração?! Quantos dias o funcionário público irá passar no centro de saúde até obter o milagroso papelinho da "baixa"?...
(...) Mesmo sem me terem perguntado nada, permitam-me uma sugestão:
1.º - Acabe-se com os atestados e demais impressos para justificar ausências de curta duração por motivo de doença;
2.º - Obrigue-se o doente a comunicar (pessoalmente ou por interposta pessoa) a justificação da ausência logo no período correspondente às primeiras horas de falta ao trabalho. De preferência por meio que possa constituir prova, como o e-mail, fax ou outro".
(...)

World Press Photo 2006


A fotografia foi tirada em Tahoua, no noroeste do Níger, em 1 de Agosto de 2005.
O presidente do júri, James Colton, descreve assim a imagem vencedora: Esta fotografia persegue-me desde que a vi pela primeira vez. Permaneceu na minha cabeça, constante, mesmo após ter visto os milhares de outras fotografias a concurso. Esta imagem tem tudo – beleza, horror e desespero. É simples, elegante e comovente.

Este ano, 4448 fotógrafos profissionais de 122 países submeteram 83 044 imagens a concurso.

O World Press Photo 2006 pode ser visto em Lisboa.
No Centro Cultural de Belém.
De 29 de Setembro a 22 de Outubro de 2006.

Perspectivas

Rui Tavares no Público de hoje:
"(...)o consenso é o de que o estado da educação em Portugal é catastrófico. Se Vasco Graça Moura diz mata, Vasco Pulido Valente diz esfola, Maria Filomena Mónica desmancha, Miguel Sousa Tavares incinera, António Barreto espalha as cinzas e recomeça o ciclo: os professores são ignorantes, os alunos são violentos, os ministros são dominados pelos sindicatos e os sindicatos sentem prazer em que na escola não se aprenda nada. Esta imagem absurda é de tal forma dominante que a ministra da Educação não hesita em tirar dela proveito para diminuir publicamente os professores. Só há um problema: não é verdade".

Saída de sendeiro

Souto Moura abandonou a PGR. Já não era sem tempo! Há mandatos que duram uma eternidade...
Sai, satisfeito com o trabalho realizado. Não admira. Já sabíamos que era pouco exigente...
Mas sai, afirmando que se pudesse voltar atrás mudaria alguma coisa: contratava umas centenas de assessores para se ocuparem da sua imagem e das relações com a imprensa.
Lapidar!

02 outubro, 2006

Perspectivar a utilização das tecnologias

Sob o título "Sistema de alarme põe telemóveis roubados a gritar", a edição de hoje do Diário Digital informa que foi lançado no mercado britânico um sistema de alarme para telemóveis que grava dados e põe o aparelho a gritar, caso seja perdido ou roubado.
Mais informação aqui.
Certamente que a aplicação desta tecnologia aos enlaces matrimoniais permitiria recuperar muitas relações perdidas e roubadas...

Sol na eira

Segundo o semanário SOL, o deputado do PSD António Preto recebeu, de diversos empresários, 150 mil euros em cash que serviram para financiar a sua própria campanha assim como para o pagamento de quotas de militantes.
O resto da notícia pode ser lida aqui.
Fica-nos desde já esta agradável sensação que o SOL começa a brilhar e a fazer sombra ao cizentismo do Expresso, cuja notícia de primeira página de ontem, relativa ao pacto para o aborto, foi rapidamente desmentida pelos visados (Zita Seabra, Marcelo Rebelo de Sous e Paulo Portas).
Jornalismo de investigação precisa-se. Que desmascare todos os Antónios Pretos que por aí grassam! Boa,Graça Rosendo!